Krak dos Cavaleiros

segunda-feira, 21 de março de 2011

Pedi e obtereis

Pedi e obtereis

Qualidades da prece
1. Quando orardes, não vos assemelheis aos hipócritas, que, afetadamente, oram de pé nas sinagogas e nos cantos das ruas para serem vistos pelos homens. - Digo-vos, em verdade, que eles já receberam sua recompensa. - Quando quiserdes orar, entrai para o vosso quarto e, fechada a porta, orai a vosso Pai em secreto; e vosso Pai, que vê o que se passa em secreto, vos dará a recompensa.
Não cuideis de pedir muito nas vossas preces, como fazem os pagãos, os quais imaginam que pela multiplicidade das palavras é que serão atendidos. Não vos torneis semelhantes a eles, porque vosso Pai sabe do que é que tendes necessidade, antes que lho peçais. (S. MATEUS, cap. VI, vv., 5 a 8.)
2. Quando vos aprestardes para orar, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, a fim de que vosso Pai, que está nos céus, também vos perdoe os vossos pecados. - Se não perdoardes, vosso Pai, que está nos céus, também não vos perdoará os pecados. (S. MARCOS, cap. XI, vv. 25 e 26.)
3. Também disse esta parábola a alguns que punham a sua confiança em si mesmos, como sendo justos, e desprezavam os outros:
Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu, publicano o outro. -O fariseu, conservando-se de pé, orava assim, consigo mesmo: Meu Deus, rendo-vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem mesmo como esse publicano. Jejuo duas vezes na semana; dou o dízimo de tudo o que possuo.
O publicano, ao contrário, conservando-se afastado, não ousava, sequer, erguer os olhos ao céu; mas, batia no peito, dizendo: Meu Deus, tem piedade de mim, que sou um pecador.
Declaro-vos que este voltou para a sua casa, justificado, e o outro não; porquanto, aquele que se eleva será rebaixado e aquele que se humilha será elevado. (S. LUCAS, cap. XVIII, vv. 9 a 14.)
4. Jesus definiu claramente as qualidades da prece. Quando orardes, diz ele, não vos ponhais em evidência; antes, orai em secreto. Não afeteis orar muito, pois não é pela multiplicidade das palavras que sereis escutados, mas pela sinceridade delas. Antes de orardes, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, visto que a prece não pode ser agradável a Deus, se não parte de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade. Oral, enfim, com humildade, como o publicano, e não com orgulho, como o fariseu. Examinai os vossos defeitos, não as vossas qualidades e, se vos comparardes aos outros, procurai o que há em vós de mau. (Cap. X, nº 7 e nº 8.)
Eficácia da prece
5. Seja o que for que peçais na prece, crede que o obtereis e concedido vos será o que pedirdes. (S. MARCOS, cap. XI, v. 24.)
6. Há quem conteste a eficácia da prece, com fundamento no princípio de que, conhecendo Deus as nossas necessidades, inútil se torna expor-lhas. E acrescentam os que assim pensam que, achando-se tudo no Universo encadeado por leis eternas, não podem as nossas súplicas mudar os decretos de Deus.
Sem dúvida alguma, há leis naturais e imutáveis que não podem ser ab-rogadas ao capricho de cada um; mas, daí a crer-se que todas as circunstâncias da vida estão submetidas à fatalidade, vai grande distância. Se assim fosse, nada mais seria o homem do que instrumento passivo, sem livre-arbítrio e sem iniciativa. Nessa hipótese, só lhe caberia curvar a cabeça ao jugo dos acontecimentos, sem cogitar de evitá-los; não devera ter procurado desviar o raio. Deus não lhe outorgou a razão e a inteligência, para que ele as deixasse sem serventia; a vontade, para não querer; a atividade, para ficar inativo. Sendo livre o homem de agir num sentido ou noutro, seus atos lhe acarretam, e aos demais, conseqüências subordinadas ao que ele faz ou não. Há, pois, devidos à sua iniciativa, sucessos que forçosamente escapam à fatalidade e que não quebram a harmonia das leis universais, do mesmo modo que o avanço ou o atraso do ponteiro de um relógio não anula a lei do movimento sobre a qual se funda o mecanismo. Possível é, portanto, que Deus aceda a certos pedidos, sem perturbar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, subordinada sempre essa anuência à sua vontade.
7. Desta máxima: "Concedido vos será o que quer que pedirdes pela prece", fora ilógico deduzir que basta pedir para obter e fora injusto acusar a Providência se não acede a toda súplica que se lhe faça, uma vez que ela sabe, melhor do que nós, o que é para nosso bem. É como procede um pai criterioso que recusa ao filho o que seja contrário aos seus interesses. Em geral, o homem apenas vê o presente; ora, se o sofrimento é de utilidade para a sua felicidade futura, Deus o deixará sofrer, como o cirurgião deixa que o doente sofra as dores de uma operação que lhe trará a cura.
O que Deus lhe concederá sempre, se ele o pedir com confiança, é a coragem, a paciência, a resignação. Também lhe concederá os meios de se tirar por si mesmo das dificuldades, mediante idéias que fará lhe sugiram os bons Espíritos, deixando-lhe dessa forma o mérito da ação. Ele assiste os que se ajudam a si mesmos, de conformidade com esta máxima: "Ajuda-te, que o Céu te ajudará"; não assiste, porém, os que tudo esperam de um socorro estranho, sem fazer uso das faculdades que possui. Entretanto, as mais das vezes, o que o homem quer é ser socorrido por milagre, sem despender o mínimo esforço. (Cap. XXV, nº 1 e seguintes.)
8. Tomemos um exemplo. Um homem se acha perdido no deserto. A sede o martiriza horrivelmente. Desfalecido, cai por terra. Pede a Deus que o assista, e espera. Nenhum anjo lhe virá dar de beber. Contudo, um bom Espírito lhe sugere a idéia de levantar-se e tomar um dos caminhos que tem diante de si Por um movimento maquinal, reunindo todas as forças que lhe restam, ele se ergue, caminha e descobre ao longe um regato. Ao divisá-lo, ganha coragem. Se tem fé, exclamará: "Obrigado, meu Deus, pela idéia que me inspiraste e pela força que me deste." Se lhe falta a fé, exclamará: "Que boa idéia tive! Que sorte a minha de tomar o caminho da direita, em vez do da esquerda; o acaso, às vezes, nos serve admiravelmente! Quanto me felicito pela minha coragem e por não me ter deixado abater!"
Mas, dirão, por que o bom Espírito não lhe disse claramente: "Segue este caminho, que encontrarás o de que necessitas"? Por que não se lhe mostrou para o guiar e sustentar no seu desfalecimento? Dessa maneira tê-lo-ia convencido da intervenção da Providência. Primeiramente, para lhe ensinar que cada um deve ajudar-se a si mesmo e fazer uso das suas forças. Depois, pela incerteza, Deus põe a prova a confiança que nele deposita a criatura e a submissão desta à sua vontade. Aquele homem estava na situação de uma criança que cai e que, dando com alguém, se põe a gritar e fica à espera de que a venham levantar; se não vê pessoa alguma, faz esforços e se ergue sozinha.
Se o anjo que acompanhou a Tobias lhe houvera dito: "Sou enviado por Deus para te guiar na tua viagem e te preservar de todo perigo", nenhum mérito teria tido Tobias. Fiando-se no seu companheiro, nem sequer de pensar teria precisado. Essa a razão por que o anjo só se deu a conhecer ao regressarem.
Ação da prece. - Transmissão do pensamento
9. A prece é uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige. Pode ter por objeto um pedido, um agradecimento, ou uma glorificação. Podemos orar por nós mesmos ou por outrem, pelos vivos ou pelos mortos. As preces feitas a Deus escutam-nas os Espíritos incumbidos da execução de suas vontades; as que se dirigem aos bons Espíritos são reportadas a Deus. Quando alguém ora a outros seres que não a Deus, fá-lo recorrendo a intermediários, a intercessores, porquanto nada sucede sem a vontade de Deus.
10. O Espiritismo torna compreensível a ação da prece, explicando o modo de transmissão do pensamento, quer no caso em que o ser a quem oramos acuda ao nosso apelo, quer no em que apenas lhe chegue o nosso pensamento. Para apreendermos o que ocorre em tal circunstância, precisamos conceber mergulhados no fluido universal, que ocupa o espaço, todos os seres, encarnados e desencarnados, tal qual nos achamos, neste mundo, dentro da atmosfera. Esse fluido recebe da vontade uma impulsão; ele é o veículo do pensamento, como o ar o é do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, ao passo que as do fluido universal se estendem ao infinito. Dirigido, pois, o pensamento para um ser qualquer, na Terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece entre um e outro, transmitindo de um ao outro o pensamento, como o ar transmite o som.
A energia da corrente guarda proporção com a do pensamento e da vontade. E assimque os Espíritos ouvem a prece que lhes é dirigida, qualquer que seja o lugar onde se encontrem; é assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem suas inspirações, que relações se estabelecem a distância entre encarnados.
Essa explicação vai, sobretudo, com vistas aos que não compreendem a utilidade da prece puramente mística. Não tem por fim materializar a prece, mas tornar-lhe inteligíveis os efeitos, mostrando que pode exercer ação direta e efetiva. Nem por isso deixa essa ação de estar subordinada à vontade de Deus, juiz supremo em todas as coisas, único apto a torná-la eficaz.
11. Pela prece, obtém o homem o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções e a inspirar-lhe idéias sãs. Ele adquire, desse modo, a força moral necessária a vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se deste se afastou. Por esse meio, pode também desviar de si os males que atrairia pelas suas próprias faltas. Um homem, por exemplo, vê arruinada a sua saúde, em consequência de excessos a que se entregou, e arrasta, até o termo de seus dias, uma vida de sofrimento: terá ele o direito de queixar-se, se não obtiver a cura que deseja? Não, pois que houvera podido encontrar na prece a força de resistir às tentações.
12. Se em duas partes se dividirem os males da vida, uma constituída dos que o homem não pode evitar e a outra das tribulações de que ele se constituiu a causa primária, pela sua incúria ou por seus excessos (cap. V, n~ 4), ver-se-á que a segunda, em quantidade, excede de muito à primeira. Faz-se, portanto, evidente que o homem é o autor da maior parte das suas aflições, às quais se pouparia, se sempre obrasse com sabedoria e prudência.
Não menos certo é que todas essas misérias resultam das nossas infrações às leis de Deus e que, se as observássemos pontualmente, seríamos inteiramente ditosos. Se não ultrapassássemos o limite do necessário, na satisfação das nossas necessidades, não apanharíamos as enfermidades que resultam dos excessos, nem experimentaríamos as vicissitudes que as doenças acarretam. Se puséssemos freio à nossa ambição, não teríamos de temer a ruína; se não quiséssemos subir mais alto do que podemos, não teríamos de recear a queda; se fôssemos humildes, não sofreríamos as decepções do orgulho abatido; se praticássemos a lei de caridade, não seríamos maldizentes, nem invejosos, nem ciosos, e evitaríamos as disputas e dissensões; se mal a ninguém fizéssemos, não houvéramos de temer as vinganças, etc.
Admitamos que o homem nada possa com relação aos outros males; que toda prece lhe seja inútil para livrar-se deles; já não seria muito o ter a possibilidade de ficar isento de todos os que decorrem da sua maneira de proceder? Ora, aqui, facilmente se concebe a ação da prece, visto ter por efeito atrair a salutar inspiração dos Espíritos bons, granjear deles força para resistir aos maus pensamentos, cuja realização nos pode ser funesta. Nesse caso, o que eles fazem não é afastar de nós o mal, porém, sim, desviar-nos a nós do mau pensamento que nos pode causar dano; eles em nada obstam ao cumprimento dos decretos de Deus, nem suspendem o curso das leis da Natureza; apenas evitam que as infrinjamos, dirigindo o nosso livre-arbítrio. Agem, contudo, à nossa revelia, de maneira imperceptível, para nos não subjugar a vontade. O homem se acha então na posição de um que solicita bons conselhos e os põe em prática, mas conservando a liberdade de segui-los, ou não. Quer Deus que seja assim, para que aquele tenha a responsabilidade dos seus atos e o mérito da escolha entre o bem e o mal. E isso o que o homem pode estar sempre certo de receber, se o pedir com fervor, sendo, pois, a isso que se podem sobretudo aplicar estas palavras: "Pedi e obtereis."
Mesmo com sua eficácia reduzida a essas proporções, já não traria a prece resultados imensos? Ao Espiritismo fora reservado provar-nos a sua ação, com o nos revelar as relações existentes entre o mundo corpóreo e o mundo espiritual. Os efeitos da prece, porém, não se limitam aos que vimos de apontar.
Recomendam-na todos os Espíritos. Renunciar alguém à prece é negar a bondade de Deus; é recusar, para si, a sua assistência e, para com os outros, abrir mão do bem que lhes pode fazer.
13. Acedendo ao pedido que se lhe faz, Deus muitas vezes objetiva recompensar a intenção, o devotamento e a fé daquele que ora. Daí decorre que a prece do homem de bem tem mais merecimento aos olhos de Deus e sempre mais eficácia, porquanto o homem vicioso e mau não pode orar com o fervor e a confiança que somente nascem do sentimento da verdadeira piedade. Do coração do egoísta, do daquele que apenas de lábios ora, unicamente saem palavras, nunca os ímpetos de caridade que dão à prece todo o seu poder. Tão claramente isso se compreende que, por um movimento instintivo, quem se quer recomendar às preces de outrem fá-lo de preferência às daqueles cujo proceder, sente-se, há de ser mais agradável a Deus, pois que são mais prontamente ouvidos.
14. Por exercer a prece uma como ação magnética, poder-se-ia supor que o seu efeito depende da força fluídica. Assim, entretanto, não é. Exercendo sobre os homens essa ação, os Espíritos, em sendo preciso, suprem a insuficiência daquele que ora, ou agindo diretamente em seu nome, ou dando-lhe momentaneamente uma força excepcional, quando o julgam digno dessa graça, ou que ela lhe pode ser proveitosa.
O homem que não se considere suficientemente bom para exercer salutar influencia, não deve por isso abster-se de orar a bem de outrem, com a idéia de que não é digno de ser escutado. A consciência da sua inferioridade constitui uma prova de humildade, grata sempre a Deus, que leva em conta a intenção caridosa que o anima. Seu fervor e sua confiança são um primeiro passo para a sua conversão ao bem, conversão que os Espíritos bons se sentem ditosos em incentivar. Repelida só o é a prece do orgulhoso que deposita fé no seu poder e nos seus merecimentos e acredita ser-lhe possível sobrepor-se à vontade do Eterno.
15. Está no pensamento o poder da prece, que por nada depende nem das palavras, nem do lugar, nem do momento em que seja feita. Pode-se, portanto, orar em toda parte e a qualquer hora, a sós ou em comum. A influência do lugar ou do tempo só se faz sentir nas circunstâncias que favoreçam o recolhimento. A prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que oram se associam de coração a um mesmo pensamento e colimam o mesmo objetivo, porquanto é como se muitos clamassem juntos e em uníssono. Mas, que importa seja grande o número de pessoas reunidas para orar, se cada uma atua isoladamente e por conta própria?! Cem pessoas juntas podem orar como egoístas, enquanto duas ou três, ligadas por uma mesma aspiração, orarão quais verdadeiros irmãos em Deus, e mais força terá a prece que lhe dirijam do que a das cem outras. (Cap. XXVIII, nº 4 e nº 5.)
Preces inteligíveis
16. Se eu não entender o que significam as palavras, serei um bárbaro para aquele a quem falo e aquele que me fala será para mim um bárbaro. - Se oro numa língua que não entendo, meu coração ora, mas a minha inteligência não colhe fruto. - Se louvais a Deus apenas de coração, como é que um homem do número daqueles que só entendem a sua própria língua responderá amém no fim da vossa ação de graças, uma vez que ele não entende o que dizeis? - Não é que a vossa ação não seja boa, mas os outros não se edificam com ela. (S. PAULO, 1ª aos Coríntios, cap. XIV, vv. 11, 14, 16 e 17.)
17. A prece só tem valor pelo pensamento que lhe está conjugado. Ora, é impossível conjugar um pensamento qualquer ao que se não compreende, porquanto o que não se compreende não pode tocar o coração. Para a imensa maioria das criaturas, as preces feitas numa língua que elas não entendem não passam de amálgamas de palavras. que nada dizem ao espírito. Para que a prece toque, preciso se torna que cada palavra desperte uma idéia e, desde que não seja entendida, nenhuma idéia poderá despertar. Será dita como simples fórmula, cuja virtude dependerá do maior ou menor número de vezes que a repitam. Muitos oram por dever; alguns, mesmos, por obediência aos usos, pelo que se julgam quites, desde que tenham dito uma oração determinado número de vezes e em tal ou tal ordem. Deus vê o que se passa no fundo dos corações; lê o pensamento e percebe a sinceridade. Julgá-lo, pois, mais sensível à forma do que ao fundo é rebaixá-lo. (Cap. XXVIII, nº 2.)
Da prece pelos mortos e pelos Espíritos sofredores
18. Os Espíritos sofredores reclamam preces e estas lhes são proveitosas, porque, verificando que há quem neles pense, menos abandonados se sentem, menos infelizes. Entretanto, a prece tem sobre eles ação mais direta: reanima-os, incute-lhes o desejo de se elevarem pelo arrependimento e pela reparação e, possivelmente, desvia-lhes do mal o pensamento. E nesse sentido que lhes pode não só aliviar, como abreviar os sofrimentos. (Veja-se: O Céu e o Inferno, 2ª Parte - "Exemplos".)
19. Pessoas há que não admitem a prece pelos mortos, porque, segundo acreditam, a alma só tem duas alternativas: ser salva ou ser condenada às penas eternas, resultando, pois, em ambos os casos, inútil a prece. Sem discutir o valor dessa crença, admitamos, por instantes, a realidade das penas eternas e irremissíveis e que as nossas preces sejam impotentes para lhes pôr termo. Perguntamos se, nessa hipótese, será lógico, será caridoso, será cristão recusar a prece pelos réprobos? Tais preces, por mais impotentes que fossem para os liberar, não lhes seriam uma demonstração de piedade capaz de abrandar-lhes os sofrimentos? Na Terra, quando um homem é condenado a galés perpétuas, quando mesmo não haja a mínima esperança de obter-se para ele perdão, será defeso a uma pessoa caridosa ir carregar-lhe os grilhões, para aliviá-lo do peso destes? Em sendo alguém atacado de mal incurável, dever-se-á, por não haver para o doente esperança nenhuma de cura, abandoná-lo, sem lhe proporcionar qualquer alivio? Lembrai-vos de que, entre os réprobos, pode achar-se uma pessoa que vos foi cara, um amigo, talvez um pai, uma mãe, ou um filho, e dizei se, não havendo, segundo credes, possibilidade de ser perdoado esse ente, lhe recusaríeis um copo dágua para mitigar-lhe a sede? um bálsamo que lhe seque as chagas? Não faríeis por ele o que faríeis por um galé? Não lhe daríeis uma prova de amor, uma consolação? Não, isso cristão não seria. Uma crença que petrifica o coração é incompatível com a crença em um Deus que põe na primeira categoria dos deveres o amor ao próximo.
A não eternidade das penas não implica a negação de uma penalidade temporária, dado não ser possível que Deus, em sua justiça, confunda o bem e o mal. Ora, negar, neste caso, a eficácia da prece, fora negar a eficácia da consolação, dos encorajamentos, dos bons conselhos; fora negar a força que haurimos da assistência moral dos que nos querem bem.
20. Outros se fundam numa razão mais especiosa: a imutabilidade dos decretos divinos. Deus, dizem esses, não pode mudar as suas decisões a pedido das criaturas; a não ser assim, careceria de estabilidade o mundo. O homem, pois, nada tem de pedir a Deus, só lhe cabendo submeter-se e adorá-lo.
Há, nesse modo de raciocinar, uma aplicação falsa do princípio da imutabilidade da lei divina, ou melhor, ignorância da lei, no que concerne à penalidade futura. Essa lei revelam-na hoje os Espíritos do Senhor, quando o homem se tornou suficientemente maduro para compreender o que, na fé, é conforme ou contrário aos atributos divinos.
Segundo o dogma da eternidade absoluta das penas, não se levam em conta ao culpado os remorsos, nem o arrependimento. É-lhe inútil todo desejo de melhorar-se: está condenado a conservar-se perpetuamente no mal. Se a sua condenação foi por determinado tempo, a pena cessará, uma vez expirado esse tempo. Mas, quem poderá afirmar que ele então possua melhores sentimentos? Quem poderá dizer que, a exemplo de muitos condenados da Terra, ao sair da prisão, ele não seja tão mau quanto antes? No primeiro caso, seria manter na dor do castigo um homem que volveu ao bem; no segundo, seria agraciar a um que continua culpado. A lei de Deus é mais previdente. Sempre justa, eqüitativa e misericordiosa, não estabelece para a pena, qualquer que esta seja, duração alguma. Ela se resume assim:
21. "O homem sofre sempre a conseqüência de suas faltas; não há uma só infração à lei de Deus que fique sem a correspondente punição.
"A severidade do castigo é proporcionada à gravidade da falta.
"Indeterminada é a duração do castigo, para qualquer falta; fica subordinada ao arrependimento do culpado e ao seu retorno a senda do bem; a pena dura tanto quanto a obstinação no mal; seria perpétua, se perpétua fosse a obstinação; dura pouco, se pronto é o arrependimento.
"Desde que o culpado clame por misericórdia, Deus o ouve e lhe concede a esperança. Mas, não basta o simples pesar do mal causado; é necessária a reparação, pelo que o culpado se vê submetido a novas provas em que pode, sempre por sua livre vontade, praticar o bem, reparando o mal que haja feito.
"O homem é, assim, constantemente, o árbitro de sua própria sorte; pertence-lhe abreviar ou prolongar indefinidamente o seu suplício; a sua felicidade ou a sua desgraça dependem da vontade que tenha de praticar o bem."
Tal a lei, lei imutável e em conformidade com a bondade e a justiça de Deus.
Assim, o Espírito culpado e infeliz pode sempre salvar-se a si mesmo: a lei de Deus estabelece a condição em que se lhe toma possível fazê-lo. O que as mais das vezes lhe falta é a vontade, a força, a coragem. Se, por nossas preces, lhe inspiramos essa vontade, se o amparamos e animamos; se, pelos nossos conselhos, lhe damos as luzes de que carece, em lugar de pedirmos a Deus que derrogue a sua lei, tornamo-nos instrumentos da execução de outra lei, também sua, a de amor e de caridade, execução em que, desse modo, ele nos permite participar, dando nós mesmos, com isso, uma prova de caridade. (Veja-se O Céu e o Inferno, lª Parte, caps. IV, VII, VIII.)
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
Maneira de orar
22. O dever primordial de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar a sua volta à vida ativa de cada dia, é a prece. Quase todos vós orais, mas quão poucos são os que sabem orar! Que importam ao Senhor as frases que maquinalmente articulais umas às outras, fazendo disso um hábito, um dever que cumpris e que vos pesa como qualquer dever?
A prece do cristão, do espírita, seja qual for o seu culto, deve ele dizê-la logo que o Espírito haja retomado o jugo da carne; deve elevar-se aos pés da Majestade Divina com humildade, com profundeza, num ímpeto de reconhecimento por todos os benefícios recebidos até àquele dia; pela noite transcorrida e durante a qual lhe foi permitido, ainda que sem consciência disso, ir ter com os seus amigos, com os seus guias, para haurir, no contacto com eles, mais força e perseverança. Deve ela subir humilde aos pés do Senhor, para lhe recomendar a vossa fraqueza, para lhe suplicar amparo, indulgência e misericórdia. Deve ser profunda, porquanto é a vossa alma que tem de elevar-se para o Criador, de transfigurar-se, como Jesus no Tabor, a fim de lá chegar nívea e radiosa de esperança e de amor.
A vossa prece deve conter o pedido das graças de que necessitais, mas de que necessitais em realidade. Inútil, portanto, pedir ao Senhor que vos abrevie as provas, que vos dê alegrias e riquezas. Rogai-lhe que vos conceda os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé. Não digais, como o fazem muitos: "Não vale a pena orar, porquanto Deus não me atende." Que é o que, na maioria dos casos, pedis a Deus? Já vos tendes lembrado de pedir-lhe a vossa melhoria moral? Oh! não; bem poucas vezes o tendes feito. O que preferentemente vos lembrais de pedir é o bom êxito para os vossos empreendimentos terrenos e haveis com freqüência exclamado: "Deus não se ocupa conosco; se se ocupasse, não se verificariam tantas injustiças." Insensatos! Ingratos! Se descêsseis ao fundo da vossa consciência, quase sempre depararíeis, em vós mesmos, com o ponto de partida dos males de que vos queixais. Pedi, pois, antes de tudo, que vos possais melhorar e vereis que torrente de graças e de consolações se derramará sobre vós. (Cap. V, nº 4.)
Deveis orar incessantemente, sem que, para isso, se faça mister vos recolhais ao vosso oratório, ou vos lanceis de joelhos nas praças públicas. A prece do dia é o cumprimento dos vossos deveres, sem exceção de nenhum, qualquer que seja a natureza deles. Não é ato de amor a Deus assistirdes os vossos irmãos numa necessidade, moral ou física? Não é ato de reconhecimento o elevardes a ele o vosso pensamento, quando uma felicidade vos advém, quando evitais um acidente, quando mesmo uma simples contrariedade apenas vos roça a alma, desde que vos não esqueçais de exclamar: Sede bendito, meu Pai?! Não é ato de contrição o vos humilhardes diante do supremo Juiz, quando sentis que falistes, ainda que somente por um pensamento fugaz, para lhe dizerdes: Perdoai-me, meu Deus, pois pequei (por orgulho, por egoísmo, ou por falta de caridade); dai-me forças para não falir de novo e coragem para a reparação da minha falta?!
Isso independe das preces regulares da manhã e da noite e dos dias consagrados. Como o vedes, a prece pode ser de todos os instantes, sem nenhuma interrupção acarretar aos vossos trabalhos. Dita assim, ela, ao contrário, os santifica. Tende como certo que um só desses pensamentos, se partir do coração, é mais ouvido pelo vosso Pai celestial do que as longas orações ditas por hábito, muitas vezes sem causa determinante e às quais apenas maquinalmente vos chama a hora convencional. - V. Monod. (Bordéus, 1862.)
Felicidade que a prece proporciona
23. Vinde, vós que desejais crer. Os Espíritos celestes acorrem a vos anunciar grandes coisas. Deus, meus filhos, abre os seus tesouros, para vos outorgar todos os beneficios. Homens incrédulos! Se soubésseis quão grande bem faz a fé ao coração e como induz a alma ao arrependimento e à prece! A prece! ah! como são tocantes as palavras que saem da boca daquele que ora! A prece é o orvalho divino que aplaca o calor excessivo das paixões. Filha primogênita da fé, ela nos encaminha para a senda que conduz a Deus. No recolhimento e na solidão, estais com Deus. Para vós, já não há mistérios; eles se vos desvendam. Apóstolos do pensamento, é para vós a vida. Vossa alma se desprende da matéria e rola por esses mundos infinitos e etéreos, que os pobres humanos desconhecem.
Avançai, avançai pelas veredas da prece e ouvireis as vozes dos anjos. Que harmonia! Já não são o ruído confuso e os sons estrídulos da Terra; são as liras dos arcanjos; são as vozes brandas e suaves dos serafins, mais delicadas do que as brisas matinais, quando brincam na folhagem dos vossos bosques. Por entre que delícias não caminhareis! A vossa linguagem não poderá exprimir essa ventura, tão rápida entra ela por todos os vossos poros, tão vivo e refrigerante é o manancial em que, orando, se bebe. Dulçurosas vozes, inebriantes perfumes, que a alma ouve e aspira, quando se lança a essas esferas desconhecidas e habitadas pela prece! Sem mescla de desejos carnais, são divinas todas as aspirações. Também vós, orai como o Cristo, levando a sua cruz ao Gólgota, ao Calvário. Carregai a vossa cruz e sentireis as doces emoções que lhe perpassavam nalma, se bem que vergado ao peso de um madeiro infamante. Ele ia morrer, mas para viver a vida celestial na morada de seu Pai. - Santo Agostinho. (Paris, 1861.)

sábado, 12 de março de 2011

Ciência busca relação entre corpo, mente e doenças



Os médicos recorrem à ciência para explicar quais atitudes e sentimentos desestressam o organismo e que efeitos trazem ao corpo
Giovana Girardi - Free lance
Folhapress - Em seus 84 anos de vida, Maria José Vasconcelos mal se lembra das poucas vezes em que ficou doente. O mérito pela boa saúde ela entrega a Deus, mas suspeita de que a forma como encara o mundo deve ajudar. "Estou sempre assim, rindo, feliz. Comigo não tem tempo ruim", diz, entre uma gargalhada e outra. "Acho que por isso também estou sempre saudável".
Essa filosofia de vida, dona Cotinha, como é conhecida pelos amigos da periferia de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, onde mora, transmite às pessoas que atende como benzedeira. Para ela, a melhor bênção é aprender a encarar as dificuldades do mundo com serenidade: "Ficar choramingando não adianta nada". Encarada com algum grau de ceticismo, a receita de vida saudável de dona Cotinha desandaria em algo próximo da crendice ou do misticismo não fosse a ciência ter enfiado a colher nesse caldo.
"Há pouco tempo deparávamos com situações clínicas que não compreendíamos, como pacientes obtendo resultados fantásticos apenas por acreditarem firmemente que iriam melhorar. Hoje compreendemos que existe uma interação clara entre as células do sistema imunológico e o cérebro, e que o estado de humor interfere em tudo isso", afirma José Roberto Leite, professor da Unidade de Medicina Comportamental da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e um dos pioneiros no estudo da relação mente-corpo no Brasil.
Câncer a Aids
Estresse, ansiedade e depressão já receberam seus certificados de vilões da vida moderna. No lado oposto na escala do humor, a felicidade ocupa agora o posto de mistério a ser desvendado.
Uma série de estudos recentes associa otimismo, esperança, bom humor e fé a uma melhor resposta do sistema imunológico a diversas doenças, que vão de uma simples gripe ao câncer e Aids. Pesquisadores têm posto à prova práticas que até então viam com maus olhos, como meditação e relaxamento.
"Se me perguntassem há alguns anos, eu diria que meditação era uma besteira, mas pus o preconceito de lado e fui testar. Hoje posso dizer que ela tem eficácia", afirma Leite, que liderou uma das pesquisas na área.
Ele submeteu 33 voluntários, selecionados após divulgação em jornais, a práticas de meditação e técnicas respiratórias de relaxamento por três meses. Ao final do estudo, constatou a diminuição dos níveis de ansiedade, depressão e da pressão arterial. "Hoje eu defendo que o comportamento e as emoções deveriam ser a preocupação central da medicina".
Reação fisiológica
A premissa que dá a partida a todas essas pesquisas não diz respeito só à modalidade escolhida para encontrar equilíbrio, e sim à forma como a pessoa interpreta uma determinada situação. É isso que determinaria sua reação fisiológica. Indivíduos diferentes podem passar pelos mesmos traumas, mas alguns desenvolverão problemas psicológicos e de saúde e outros não. Assim como o estresse crônico pode debilitar o sistema imunológico, pressupõe-se que, ao reagir a situações estressantes de um modo mais equilibrado, é possível impedir tais efeitos maléficos.
"A partir do momento em que uma doença é causada ou agravada pelo estresse, a resposta de relaxamento pode ser considerada um tratamento efetivo", explica Herbert Benson, diretor do Mind and Body Medical Institute, departamento da Escola Médica da Universidade Harvard.
Um grupo da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, nos EUA, constatou que pessoas felizes apresentam três vezes menos possibilidade de contrair resfriados. Eles utilizaram 300 voluntários que, após entrevistas, foram divididos, de acordo com traços de personalidade, em categorias positivas (felicidade, satisfação e relaxamento) e negativas (angústia, hostilidade e depressão). Em seguida, receberam uma borrifada de um vírus que causa resfriados. Os que se encaixaram nas primeiras categorias ficaram menos doentes.
Outro exemplo é uma série de estudos feita na Universidade da Califórnia com indivíduos HIV positivo. A psicóloga Shelley Taylor e Geoffrey Reed, um dos diretores da Associação Americana de Psicologia, avaliaram o impacto de diferentes situações no bem-estar dos pacientes.
Notaram que acontecimentos como a morte de um amigo ou do parceiro por Aids, o preconceito enfrentado por gays e ainda um pensamento negativo em relação à doença aceleravam o aparecimento de sintomas em pacientes até então assintomáticos, em comparação com aqueles que mantinham uma visão otimista sobre seu prognóstico. Em contrapartida, aqueles que, mesmo tendo perdido um parceiro, se mantiveram dispostos e otimistas, conseguiram fortalecer seu sistema imunológico.
Felicidade e tristeza
Mas, apesar de todos esses resultados apontarem para uma relação entre as emoções e o sistema imunológico, a comunidade científica ainda não tinha conseguido testemunhar essa comunicação. Foi só em 2003 que surgiu a primeira evidência.
O pesquisador Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin, observou a atividade cerebral de 52 pessoas enquanto elas escreviam sua experiência de vida mais feliz e a mais intensa tristeza que já haviam sentido.
Os voluntários que tinham apresentado maior atividade no lado direito do córtex pré-frontal enquanto descreviam o momento infeliz tiveram uma baixa resposta imunológica após tomarem uma vacina contra gripe. De modo inverso, aqueles que tiveram uma atividade excepcional enquanto se lembravam de momentos felizes apresentaram altos níveis de anticorpos.
O pesquisador não conseguiu explicar fisiologicamente de que modo a atitude positiva impulsionou a atividade do sistema imune, mas obteve uma pista: os indivíduos que tiveram maior atividade no lado esquerdo do córtex pré-frontal apresentaram também baixos níveis de cortisol, um dos principais hormônios liberados em situações de estresse e que inibem o sistema imunológico.
O mantra da fé
Apesar de as informações parecerem promissoras, os pesquisadores alertam para o risco de tais estudos levarem as pessoas que tendem ao pessimismo a crer que tudo está perdido.
No caso de pacientes com câncer, a psicóloga Margaret Kemeny, da Universidade da Califórnia, é enfática: "Não acredite em tudo o que você lê sobre atitudes positivas e sua relação com o câncer. É uma doença difícil e culpar-se por isso só vai piorar. Tente reconhecer e aceitar seus sentimentos e trabalhar com eles em um caminho construtivo".
O alerta também vale para os que se consideram felizes. É uma armadilha comum imaginar que ser otimista, rezar ou fazer meditação são os atalhos necessários para uma boa saúde, afirma o médico Régis Cavini Ferreira, que se especializou em psiconeuroendocrinoimunologia. "O que provavelmente acontece é que, com essas práticas, o indivíduo consegue equilibrar o seu sistema hormonal e deixar seu corpo no ponto certo para responder a futuras situações de estresse, reduzindo as conseqüências negativas". É preciso lembrar, porém, que as doenças têm outras causas que precisam ser levadas em conta.
Benson, do Mind and Body Medical Institute, acredita que o organismo de toda pessoa seja munido de propriedades de cura que podem ser despertadas pelo relaxamento. "Funcionamos como um banquinho de três pernas: medicamentos, cirurgia e resposta de relaxamento".
O psicólogo americano vai além e, contrariando a idéia de que ciência e religião não combinam, propõe também a oração para quem não se interessa por métodos alternativos. "Para conseguir uma resposta de relaxamento levamos em conta a força da repetição. E a reza é uma maneira de obter isso". Ou seja, a oração é também uma forma de relaxamento.
Independentemente da religião ou da falta dela, o que os cientistas têm percebido é que as crenças vistas aqui com o sentido de acreditar que algo de bom vá acontecer, têm um efeito muito significativo na melhora da saúde. É o que ficou conhecido como efeito placebo, situação em que o paciente toma um remédio inócuo ou faz uma cirurgia de mentira acreditando que está sendo tratado de verdade e apresenta melhora.
Do mesmo modo, acreditar demais em algo negativo pode ser fatal. O psicólogo da Unifesp José Roberto Leite lembra as histórias de haitianos que, de tanto acreditarem que tinham sido vítimas de uma ação de vodu, morreram de causas não explicadas.
"A fé como forma de pensamento tem um poder de mobilização enorme, tanto para o bem como para o mal", defende o psicólogo Esdras Guerreiro Vasconcellos, do Instituto Paulista de Estresse e Psiconeuroimunologia. "O antropólogo franco-belga Claude Lévi-Strauss já falava há 50 anos que uma pessoa condenada socialmente pela sua tribo morre, sem que seja preciso fazer nada. Ele dizia que o sistema imunológico não resiste à condenação moral. É disso que estamos falando".


O antropólogo
Claude Lévi-Strauss já dizia que o sistema imunológico não resiste à condenação moral
"Costumava ser cético. Quando comecei a praticar ioga e me alimentar melhor, notei que não ficava mais resfriado nem precisava da quantidade de remédios que costumava tomar. Também tinha muita dor nas costas e no corpo, por isso vivia no massagista. Nem tinha me dado conta de que não sentia mais as dores até que o massagista me ligou perguntando por que eu não tinha mais aparecido".
Silvan Rodiney Pereira, 51, delegado
de polícia em Curitiba (PR)

"Eu tinha muita insônia. Por não dormir direito, sentia muitas dores de cabeça e no corpo e tinha a impressão de que não sobravam forças para tocar nenhum projeto. A meditação me desestressou, me ajudou a dormir bem e colocou minha vida nos eixos."
Flávia Vicente Galbiatti, 35, médica, São Paulo

"Venho de uma família de cardiopatas. Meu pai morreu com 36 anos, meus irmãos são hipertensos. Sempre fui preocupada com minha saúde, apesar de não apresentar nenhum problema, além de intestino preso. Até que tive um pico de pressão alta e me assustei. Na mesma época fui conhecer um curso de biopsicologia para aplicar as técnicas em meus pacientes.
Ali percebi que estava estressada. Com meditação e relaxamento, senti uma melhora nos problemas."
Carmelina Maria Moreira, 47, psicóloga, São Paulo
O caminho das emoções no corpo
A linha da medicina que busca compreender as interações mente-corpo trabalha com base na descoberta de que os sistemas límbico (área no cérebro responsável pelo controle das emoções) e imunológico trocam sinais químicos o tempo todo. Ou seja, as emoções atuam no corpo, e o corpo, nas emoções.
Resposta ao estresse
Em uma situação interpretada como ameaça uma discussão, um imprevisto no carro, um ato de violência, o corpo automaticamente se prepara para fugir ou lutar. Ao registrar o alerta, o cérebro libera o hormônio adenocorticotrópico (ACTH) por meio da hipófise, que ativa as glândulas supra-renais e faz com que produzam outros dois hormônios, o cortisol e a adrenalina. Essa descarga hormonal provoca o aumento dos batimentos cardíacos e do teor de açúcar no sangue (caso o corpo precise de combustível para se defender, por exemplo).
Dano à saúde
Passada a situação estressante, os níveis hormonais tendem a voltar ao normal. O problema é quando o estresse se torna crônico. O excesso de adrenalina pode causar doenças cardíacas; o cortisol, que no momento de emergência age como antiinflamatório, passa a prejudicar o funcionamento do sistema imunológico (principalmente do timo, glândula responsável pela produção de algumas células imunes).
Antídoto
Pesquisas têm mostrado que algumas técnicas de relaxamento estabilizam os níveis de cortisol. Especula-se que algumas substâncias podem estar envolvidas nesse processo, caso da ocitocina, que vem sendo chamada de hormônio do amor por ser liberada durante o orgasmo, e, nas mulheres, também na hora do parto e da amamentação, e do óxido nítrico, um neurotransmissor que atua na memória e no aprendizado.

domingo, 6 de março de 2011

SONO E SONHO

Durante o estado de vigília, os quatro membros da entidade humana fazem-se presentes: Podemos também dizer que o indivíduo, para constituir o seu ser, reúne, durante a sua vida, "substâncias" de quatro planos.Essa aglomeração está longe de ser harmoniosa. Sabemos, por experiência própria, que nem o nosso corpo, nem a nossa alma, nem o nosso eu como ser moral, são perfeitos. Ao contrário, a nossa vida traz um desgaste constante dos vários membros da nossa entidade.A própria consciência, os impulsos nocivos, as impressões feias, os alimentos impróprios, etc., prejudicam o organismo, ou seja, a parte constituída pelos corpos físico e etérico, produzindo perturbações dos sistemas digestivo, circulatório, etc., as quais podem até chegar à doença.Mas também a parte anímico-espiritual pode sofrer efeitos nocivos: em contato com o mundo surgem desejos irracionais e impulsos negativos (ódio, inveja, cobiça) que prejudicam a própria "substancialidade" da alma e do espírito. Uma ação má deteriora o ego, uma cobiça excessiva afeta o corpo astral.Para se regenerarem desse desgaste, os vários componentes do ser humano devem periodicamente afrouxar os laços que os unem, permitindo a cada um haurir forças renovadoras em seu próprio meio. Esse fenômeno constitui o sono. A inconsciência do sono é, pois, uma necessidade imperiosa para todo ser dotado de uma consciência desenvolvida.Com efeito, durante o sono ocorre uma separação da parte anímico espiritual da parte físico-etérica. Aliviado da consciência, das sensações da vida anímica, o corpo descansa na cama, reduzido ao nível de uma planta, pois aparenta apenas funções vegetativas. Não se manifestam a consciência, a personalidade, os sentimentos e os pensamentos. Nesse estado inconsciente, forças e seres superiores penetram no organismo e o corpo etérico se regenera pela entrada de impulsos e forças provenientes do plano etérico universal.O corpo astral e o eu se desligam do organismo durante o sono e voltam para as regiões das quais originalmente emanaram. Não devemos imaginar essa separação como simplesmente espacial. Durante essa sua permanência nos mundos superiores, o corpo astral e o eu recebem impulsos dos seres superiores que vivem nessas regiões. Ambos têm experiências notáveis, mas sem pensamento próprio porque o cérebro, instrumento do pensar ficou na cama e sem a possibilidade de se lembrar mais tarde dessas experiências (porque o corpo etérico, instrumento da memória, tampouco os acompanhou nessa viagem). Enquanto o homem aparentemente dorme, o seu eu está na realidade em plena atividade; mas só o clarividente pode observar esse fato.Falei em seres superiores. Teremos ainda ensejo de ocupar-nos detalhadamente desses seres. Aqui bastará dizer que existem seres "bons" e "maus" - que a crença popular identifica como os anjos e demônios. Dos impulsos recebidos desses entes durante o sono dependerá o comportamento do indivíduo depois de despertar. Uma sabedoria antiga conhecia essas influências: os homens se deixavam inspirar durante o sono pelos deuses, pelas musas. Nos contos de fada autênticos encontramos a cada passo alusões à inspiração recebida nessas ocasiões.Antes do adormecer e do acordar existe um estado de pouca duração, durante o qual o eu e o corpo astral estão "separados" do corpo físico, enquanto existe a ligação com o corpo etérico. O homem está, pois, em presença da sua "memória" (ligada ao corpo etérico) e pode exercer certas funções mentais (igualmente ligadas ao corpo etérico), mas faltam-lhe as percepções sensoriais claras, a plena consciência e o pensar racional que não podem prescindir do instrumento do corpo físico.Certas experiências do eu durante esse estado, combinadas com reminiscências da memória, fazem surgir então os sonhos. O sonho constitui, pois, um estado intermediário entre o sono e a vigília. Ele é caracterizado por uma consciência reduzida, por imagens e formas do mundo exterior, porém sem lógica e clareza. O eu traduz suas vivências e recordações e em imagens simbólicas.Desde tempos imemoriais o homem conhecia a natureza desse estado que possibilitava uma experiência velada de certas realidades espirituais. Daí a importância atribuída à arte de analisar os sonhos para conhecer a realidade espiritual ou para chegar à verdadeira personalidade do homem que se revela durante o sonho quando inexistem os tabus sociais e as barreiras que fazem com que o caráter se dissimule durante a vida normal.Sem pretender sermos completos, podemos indicar alguns tipos relevantes de sonhos:Em muitos sonhos, o homem é perseguido pelas reminiscências do dia. Preocupações e angústias o acompanham, problemas não resolvidos martelam seu espírito de maneira incoerente, certos impulsos (vingança, ódio, amor, cobiça) manifestam-se de modo irrefreado. Um sono repleto de sonhos dessa espécie não é regenerador, pois impede uma separação suficiente e benéfica entre o eu e a parte orgânica.Muitos sonhos são determinados, no seu enredo, por influências do ambiente. Assim, podemos sonhar uma estória, que termina no tilintar agudo de uma flauta tocada por um dos personagens do drama onírico. Acordados, verificamos que o despertador provocou o tilintar no sono: eu recordo toda uma estória que o precede; e cujo final lógico é o tilintar. Isso prova que os sonhos não se desenrolam no tempo, mas são imagens instantâneas que somente ao recordar são mentalmente decompostas em várias fases sucessivas. Da mesma maneira, um incêndio no sonho pode ter por causa o calor excessivo provocado por um cobertor.Há sonhos causados pelo próprio corpo. Uma refeição um pouco pesada, tomada antes de dormir, pode provocar pesadelos, e muitas vezes o próprio órgão pode aparecer sob uma forma simbólica (intestinos = serpente, dente = torre, sangue = água). Vemos mais uma vez que o sonho é simbolizador. A arte de interpretar os sonhos consiste, justamente, em descobrir a "realidade" que se traduz em símbolos.Como já foi dito, os desejos mais íntimos do eu, reprimidos durante a vigília e sem possibilidades de subir à consciência, podem ter livre curso no sonho embora sob forma simbólica. Esse fenômeno figura nos fundamentos de muitas análises psicoterapêuticas.Um tipo de sonho ainda mais significativo é aquele onde o indivíduo encontra pessoas vivas ou mortas, delas recebendo uma mensagem que amiúde se confirma, mais tarde, na realidade: uma pessoa ausente pode nos dizer no sonho que está doente ou morta; a notícia confirmatória chega poucos dias mais tarde. O que se torna patente, aqui, é uma experiência feita pelo eu, de uma realidade no mundo espiritual. Com efeito, a morte de qualquer pessoa é um acontecimento que se reflete naquele domínio. Transcendendo os limites do espaço, o eu vivencia esse fato e o sonho o transforma em imagem.Finalmente, há pessoas que ao despertar sabem que no sonho lhes apareceu um ser espiritual superior com uma mensagem ou uma revelação, ou que elas "assistiram" a acontecimentos do futuro. São os chamados sonhos proféticos, que tamanho papel tiveram em tempos passados, desde os sonhos interpretados por José na Corte do Faraó (as vacas gordas e as vacas magras) até visões dos profetas (aparições de Serafins, Querubins, Anjos. etc.). Esses sonhos também têm papel importante na psicologia moderna (especialmente em C.G.Jung).Não há adormecer ou despertar sem sonho; na maioria dos casos, porém, não o lembramos. Muitas vezes também, sem poder recordar um sonho concreto, acordamos com a certeza de ter passado um tempo num outro mundo.Ao despertar, sonhamos muitas vezes com a volta ao corpo sob forma simbólica. Sonhamos, por exemplo, que voamos e nos aproximamos cada vez mais do chão, até bater nele. Nesse instante despertamos. Ou queremos entrar num edifício ou, por exemplo, numa torre. Não o conseguimos durante algum tempo, até que finalmente quase irrompemos nela à força e acordamos. Aqui o corpo é representado pelo símbolo da torre.O sono, com a fase transitória do sonho, é, pois, um fenômeno que decorre de uma necessidade rítmica de todo o nosso ser. Compreende-se facilmente que sonos ou sonhos provocados artificialmente (narcóticos, hipnose, anestesia) não são, nesse sentido, "naturais", e perturbam o equilíbrio forças físicas e psico-espirituais.Os três estados: vigília, sonho e sono correspondem a três graus diferentes de consciência.Podemos dizer que o homem é homem somente quando, no estado de vigília, é plenamente consciente e lúcido.A Antroposofia ensina que a consciência do animal é semelhante (embora não idêntica) à nossa consciência de sonho, enquanto a planta vive numa inconsciência total correspondendo ao nosso estado de sono. A consciência dos minerais - se é que podemos ainda falar em consciência - seria ainda mais apagada do que a do nosso sono mais profundo.Existem também no próprio homem zonas ou sistemas diferenciados por vários graus de consciência; Rudolf Steiner teve a intuição genial da trimembração do organismo humano, cuja essência pode ser resumida da seguinte forma:O homem é plenamente consciente em seu pensar e em suas observações sensoriais. A esse sistema, Rudolf Steiner chama de sistema neuro-sensorial, ensinando que ele está centrado na cabeça, muito embora o corpo todo possua percepções sensoriais. O pólo oposto é constituído pelas funções completamente inconscientes do metabolismo e da vontade traduzida em movimentos (o homem tem a representação clara dos motivos e do resultado almejado de um ato de vontade; mas o "funcionamento" e a realização do impulso volitivo lhe são completamente ocultos). Esse outro pólo constitui o sistema do metabolismo e dos membros. Ele atua em todo o corpo, mas seu centro está no abdome e nos membros.Entre esses dois pólos, e com o grau de consciência intermediário entre a lucidez completa do sistema neuro-sensorial e a inconsciência do sistema metabólico-motor, acha-se o sistema circulatório (respiração, circulação), que tem por sede a parte torácica e que liga, por assim dizer, os dois extremos. A esse sistema corresponde a vida sentimental e um grau de consciência que equivale ao sonho.Já que se falou, neste capítulo, de seres superiores, parece indicado dizer mais algumas palavras sobre esse assunto. O leitor desejoso de conhecer detalhes mais amplos deve consultar a obra de Rudolf Steiner.Não existe religião que não fale de seres elevados possuidores de inteligência, conhecimentos e poderes superiores aos do homem. As divindades da mitologia hindu, grega e germânica são alguns desses seres; também nas religiões chamadas "monoteístas" (judaísmo, cristianismo e islamismo) existem arcanjos, anjos, demônios e diabos. Que são eles, uma vez serem nitidamente superiores aos seres humanos? O cristianismo, mantendo o dogma israelita "Deus é um", fala ao mesmo tempo de Anjos, Querubins, Serafins e outros seres respeitabilíssimos. Como explicar essa multidão de "deuses"?Admitindo-se um caráter evolucionista do cosmo (voltaremos a esse assunto mais adiante) nada impede de imaginar, acima do homem, seres que possuam faculdades superiores, sem precisar, para sua existência, de um corpo físico. A experiência supra-sensível revela de fato, ao vidente, a existência de tais seres, e a Antroposofia contém descrições detalhadas dessas "hierarquias superiores". Com efeito, esses entes pertencem a vários níveis de evolução, cada um caracterizado por um novo grau de consciência, de faculdades e funções.O nosso espírito humano é naturalmente incapaz de captar totalmente os estados de consciência desses seres. Apesar disso, é possível descrever-lhes certos aspectos. Mas em épocas passadas, certos indivíduos mais evoluídos tinham a capacidade de "perceber" esses seres e de ter contato com eles. A Antroposofia não pretende inovar nesse campo. O esoterismo cristão de um Dionísio Aeropagita já continha uma descrição pormenorizada dos "coros dos anjos", e o próprio São Tomás de Aquino repetiu essa doutrina com pleno endosso da sua própria sabedoria.Rudolf Steiner soube completar os conhecimentos tradicionais a esse respeito, pela sua própria experiência. Ele mostrou a ligação íntima desses seres e da sua atuação no nosso mundo e sobre o homem. A "imanência" dessas entidades é total. Tudo o que se passa em nosso mundo resulta da ação e da influência de tais seres. Isso não impede que o homem, em determinado grau do seu desenvolvimento, consiga libertar-se de tal influência criando as condições para seu próprio livre arbítrio.Imediatamente "acima" do ser humano encontram-se entidades que as várias religiões chamam de Anjos (em grego, Aggeloi). São entes cujo "corpo" mais baixo é o corpo etérico. Entre as suas múltiplas funções há aquela de constituírem elementos de ligação entre o homem e os mundos superiores. Cada homem tem, portanto, o seu "anjo", fato que se traduz no conceito popular de "anjo da guarda".Os chamados Arcanjos (Archaggeloi) já não são dedicados a indivíduos, mas a povos e outros agrupamentos. Cada povo tem o "seu" arcanjo que lhe determina as características étnicas. Quando um povo se forma como tal (por exemplo, o povo suíço ou belga), o fato espiritual correspondente é que um arcanjo começa a atuar pouco a pouco sobre um certo número de indivíduos, fazendo nascer neles um espírito de comunidade e a sua diferenciação étnica e histórica dos outros povos.Os Arqueus, ou "Espíritos de Época", são os líderes espirituais de toda uma época. Quando novos impulsos aparecem na história da humanidade, ao mesmo tempo, em todos os povos evoluídos, isso se deve à influência desses Arqueus.Acima dos Arqueus existem os "Espíritos da Forma", ou Exusiai. São idênticos aos Elohim da Bíblia. Veremos. mais tarde. que o nosso "eu" nos foi originalmente "dado" pelos Exusiai.Os "Espíritos do Movimento" ou Dynameis constituem a próxima hierarquia. São os regentes cósmicos de todos os ritmos e movimentos.Os "Espíritos da Sabedoria" ou Kyriotetes permeiam de suas emanações tudo o que nos aparece como repleto de sabedoria, desde as formas harmoniosas da natureza até os grandes princípios da sabedoria cósmica que filósofos como Aristóteles ou astrônomos como Kepler ainda vislumbravam como que por intuição.Os "Espíritos da Vontade" ou Tronos representam a vontade divina como impulso básico de todo o Universo.Os dois grupos supremos, os Serafins (8) e os Querubins (9), fogem a qualquer análise humana. São os seres mais elevados ainda acessíveis ao ser humano e constituem a parte dos impulsos mais puros do amor, caridade e elevação da alma. O próprio Velho Testamento fala repetidamente desses seres por ocasião das visões dos grandes profetas.Onde está "Deus" nesta hierarquia? Em que consiste a Trindade? O conhecimento humano não pode aspirar a abranger essas alturas da existência cósmica. Seria temerário fazer afirmações a esse respeito. Tentar descrever "Deus" já seria uma blasfêmia, e mesmo os maiores iniciados, como por exemplo, Rudolf Steiner, somente puderam aproximar-se dele com um balbuciar de humildade. Qualquer outra atitude seria de presunção e de prepotência. Aliás, a Antroposofia não promete revelar "tudo". Ela tem os seus limites e procura apenas alargar o nosso campo de observação. A Antroposofia é ciência, mas não onisciência. Se soubéssemos tudo, seríamos... Deus!Mesmo assim, a obra de Steiner contém profundas revelações sobre o Mistério de Deus e da Trindade.

sábado, 5 de março de 2011

AGHARTA É O MUNDO DOS JUSTOS E PERFEITOS


Paulo Andrade escreve: " Vivemos tempos em que a proliferação de obras sobre temáticas esotéricas tornou-se moda. Isso tem no seu aspecto positivo o despertar de muitas das consciências adormecidas para a " verdadeiro caminho da iniciação ", mas também tem muito de negativo por fomentar as mais diversas formas de psiquismo, com todas as suas mais nefastas influencias.A temática dos mundos subterrâneos ou intraterrenos não tem sido (felizmente) dos temas mais populares pelos "escritores de hipermercado" que proliferam hoje em dia, pois a esses interessa-lhes mais o lucro fácil a qualquer preço, e este assunto não é dos mais vendáveis. E também porque não é fácil ter conhecimento directo ou indirecto sobre tão nobre tema, pois as " portas " estão abertas para poucos ……No entanto ao longo da história pôde-se registar uma plêiade de personalidades de excelsa sapiência (esses sim conseguiram "ter as portas abertas " …) que de forma mais ou menos velada explanaram este assunto de forma a que " quem tivesse olhos para ver, ouvidos para ouvir e coração para sentir " pudesse abrir as portas dos mundos internos tanto do próprio como da própria Terra, pois " o que está em baixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está em baixo ".Temos assim de forma mais romancista ou filosófica:Francis Bacon que na " Nova Atlântida " fala-nos da ilha branca, morada dos bem aventurados, que não se alcança senão pelo mar ou pelo ar, simbolizando a existência dum centro espiritual primordial.
Thomas Moore que na " Utopia " faz menção a uma região desconhecida que denomina Utopia altamente organizada e liderada pelo Rei Utopos onde as instituições e as leis eram sábias e justas, diferentes das existentes na face da Terra.Tommas o Campanella que na " Cidade do Sol " aborda temas muito semelhantes ao referido na " Utopia ", falando duma cidade desconhecida existente no alto dum cume onde existe uma sociedade altamente desenvolvida alicerçada na harmonia e na ordem.Júlio Verne que em " Viagem ao centro da Terra " fala-nos duma aventura em que proliferam animais pré-históricos, criaturas desconhecidas, natureza exuberante e uma rede de túneis no centro da terra com entrada através dum vulcão.Bulwer Lytton que em " A raça futura " fala-nos dum romance entre um homem da superfície com uma entidade feminina dos mundos subterrâneos que lhe mostra como está organizada a sociedade em que vive e a sua extrema evolução a nível tecnológico e espiritual.James Hilton que em " Horizonte Perdido " fala-nos duma região inóspita nos Himalaias que denomina Shangri-La onde impera a harmonia e evolução interior e exterior, e em que seus habitantes descobriram o elixir da longa vida e no seu livro pode-se ler que " Perder Shangri –La uma vez é procurá-la toda a vida "……Duma forma mais esotérica e directa temos:Helena Blavatsky, que nas suas inúmeras obras mas mais concretamente em " Isis sem véu " e " Doutrina Secreta " fala-nos dum colégio de sábios que denomina como Fraternidade Branca responsável pelo governo oculto do mundo, assim como de vários túneis que proliferam no interior da terra ligando locais tão díspares como os Andes na América do Sul ao Himalaias, onde no deserto do Gobi identifica a existência de Shamballah Saint Yves D´Alveydre onde essencialmente na sua obra " Missão da Índia " fala-nos minuciosamente de Agartha em todos os seus aspectos tanto hierárquicos, filosóficos e sociológicos, como políticos e tecnológicos.Ferdinand Ossendowski que em " Animais, homens e deuses " fala-nos das suas viagens pelo Oriente e dos relatos que referem lendas de tempos ancestrais relacionadas com os mundos subterrâneos e o enigma do Rei do mundo e das suas profecias.Alice Bailey que através de Djwahl Khul, o mestre tibetano fala-nos de Shamballah como local sagrado e sol central do planeta donde irradia a luz que ilumina as consciências e evolução dos habitantes da Terra, além de outras inúmeras referencias.René Guénon que em " o Rei do Mundo " fala-nos das inúmeras tradições em todo o planeta que falam da existência de Agharta e de Shamballah, assim como das cavernas e túneis subterrâneos que se perdem nos confins da Terra.E finalmente (os últimos são os primeiros) Henrique José de Souza (JHS) , aquele que para nós desenvolveu de forma mais sublime esta temática,
não deixando de falar claramente sobre os mundos internos. No seu livro " O verdadeiro caminho da iniciação " fala-nos que o país para onde Noé se dirigia, segundo a tradição, era um local subterrâneo, cujo nome até mesmo se parecia com o de "barca", ou seja, Agartha. "Como se vê, `arca' ou `barca' teve um sentido muito mais profundo que a Lei ainda não permitiu totalmente desvendar."Falando sobre esta região transcendente de Agartha, reforça a tónica dada por outros insignes adeptos da Boa Lei:
"Este país de Agartha é por muitos denominado Shamballah e as escrituras o descrevem como uma ilha imperecível que nenhum cataclismo pode destruir.""Agartha, Arca ou Barca é o lugar para onde o Manu Noé conduziu seu Povo ou Família, e os casais de animais a que se refere a Bíblia, porém com a interpretação errónea de que o termo `família' fosse apenas dos seus parentes"."Agartha é o celeiro das civilizações passadas". Em suma estes são alguns nomes a que podemos juntar outros como Raymond Bernard, Nicholas Roerich, Mário Roso de Luna ou Timothy Patterson que melhor até hoje deram o seu contributo em prol da divulgação dos mundos subterrâneos.Devemos então indagar, será que todos tiveram uma imaginação fértil ou realmente há algo mais do que aquilo que usualmente conhecemos da Terra e dos seus habitantes?Pensamos que sim, como se costuma dizer " não há fumo sem fogo " senão vejamos:Ao nível científico devemos perguntar que tendo a superfície da Terra cerca de 508 milhões de quilómetros quadrados, se esta correspondesse ao que é unanimemente aceite como poderá pesar apenas seis sextilhiões de toneladas. Segundo cálculos perfeitamente comprováveis o seu peso teria que ser muito maior!Mas não ficamos só por aqui, à luz da ciência voltamos a perguntar o que origina as auroras boreais? Como se formam os icebergues uma vez que são constituídos de água doce?, O que produz as marés no Àrtico assim como a existência de rocha e areias? Para onde vão as raposas, lebres e ursos durante o Inverno glaciar, que são observados ao Norte da Gronelândia?
Porque o vento norte no Àrtico, fica mais quente, quando se navega para o norte, além dos 70 graus de latitude? Porque se encontram sementes tropicais, plantas e árvores flutuando nas águas doces dos icebergues? Porque pássaros tropicais e outros animais emigram mais para o Norte no Inverno, onde não existe alimento possível?Pensamos que só à luz da Teurgia e da Sabedoria iniciática das idades tais perguntas que a ciência ainda não pôde ou não quis responder poderão ser respondidas admitindo a tese da Terra oca com orifícios nos pólos, tese esta que faz parte dum conhecimento ministrado no silêncio dos santuários secretos.Sendo assim facilmente conclui-se que a Terra constituiu originalmente uma bola de matéria incandescente sendo que uma parte dessa matéria ficou em suspensão no centro, mais tarde dando origem a um Sol interior, enquanto a força centrifuga, criada pela rotação sobre o seu eixo, empurrou os materiais sólidos para periferia formando a crosta compacta.A concavidade interior comunica-se com o exterior através das embocaduras polares, sendo aquecida e iluminada pelo Sol central do planeta, justificando assim as auroras boreais ao " chocar-se" com pólo magnético exterior. Nessa concavidade interior situa-se, encaminhando-se para o centro o mundo de Badagas , seguindo-se o mundo de Duat e finalmente o mundo de Agharta , cada uma com 7 cidades principais, sendo a 22º Shamballah (o Sol central).Curioso no Tarot existirem 22 arcanos maiores !.. . Este é um assunto que explanaremos detalhadamente mais é frente neste trabalho. Não custa então admitir que no interior do planeta resida uma civilização extremamente avançada assim como a existência duma flora e fauna muito própria que justificam as migrações de animais referidas anteriormente.Uma prova da tecnologia avançadíssima dos povos intraterrenos são a existência dos OVNIS ou que na tradição oriental são designados por Vimanas, muitos investigadores acham que provem de outros planetas, mas à luz do aqui exposto parece-nos errado, pois a probabilidade de seres com aparência antropomórfica de " cabelos louros " provirem de outros planetas é ínfima, sendo muito mais fácil admitir a sua origem no nosso planeta.Vamos ainda referir a existência de lendas e tradições de todos os povos e culturas diferentes que apresentam pontos comuns, apesar da enorme distancia que os separa como a referencia a 1 lugar misterioso, morada dos Deuses situado numa ilha ou montanha, ou a memória de um local donde provieram os seus antepassados, que se mantém oculto, onde permanecem ainda esses seres espirituais e de poderes sobre-humanos.Também é referido que quando as nações da Terra necessitassem o conhecimento desses Seres ou Guias adviria para sua utilização, além de que a sua localização é referida em locais no interior de montanhas, grutas ou em castelos. Respigando alguns desses " mitos " podemos referir na Grécia o Monte Olimpo, na Ìndia o Monte Meru, na Palestina Canaã, no Tibete Shamballah, em Portugal a ilha de São Brandão, na América do Sul o Eldorado, na Escandinávia Asgard, e Avalon, a ilha das maçãs para onde partiu o Rei Artur, onde a morte não existe, além de inúmeras outras referencias.De certa forma estabeleceu-se no inconsciente colectivo da humanidade a existência dum paraíso perdido para nós, terra da felicidade e da eterna luz onde o sofrimento e a velhice não são conhecidos .Como podemos observar as referencias são universais, o que leva-nos a concluir que é real a existência desse " centro da Terra ", Paraíso, ou Sol interior que é na verdade Shamballah, a " mansão dos Deuses ", morada do Rei do Mundo que controla e dirige toda a evolução de vida quer no interior como no exterior da Terra, sendo também aí que se encontram as hierarquias criadoras, os arquétipos da humanidade.Sendo que nesses mundos a evolução está muito mais avançada que a nossa, estando os seus habitantes socialmente organizados de um modo sinárquico , sendo o Rei do Mundo o cume da pirâmide hierárquica. A Sinarquia impede a existência de votações, ou partidos políticos ou religiosos, porque tal não é necessário, visto haver uma regulação pela lei trina das funções da natureza e pelo primado orgânico da hierarquização natural.Tudo e todos em justiça e honestidade ocupam os seus lugares em ordem ao equilíbrio espiritual, individual e colectivo, ou seja social e planetário, logo numa abrangência universal, por isso AGHARTA É O MUNDO DOS JUSTOS E PERFEITOS, O REINO DAS ALMAS SUPERADAS.É interessante que uma das chaves dos alquimistas na elaboração da Grande Obra era a obtenção do elemento VITRIOL (visita interiora terrae rectificando inveries ocultum lapidem – visita ao interior da terra, rectificando encontrarás a pedra oculta), não existe uma evidente analogia com aquilo que temos referido? E realmente existe pois há uma similitude de relações entre o microcosmos e o macrocosmos, quando alguém pretende realizar uma prática espiritual recolhe-se em meditação no seu Sactum- Sanctorum , no imo do seu próprio Ser que é a parte mais pura de cada um , logo o melhor do nosso Ser está no interior ! Então analogamente o melhor do planeta (que é o corpo de manifestação de um Ser extremamente mais evoluído) está no seu interior, podendo então relacionar-se os estados de consciência alcançáveis na prática de meditação com os estados de consciência existentes nos " mundos subterrâneos ", consoante a sua maior interiorização. Assim temos: plano físico – face da terra , plano vital Badagas , plano astral- Duat , plano mental – Agharta e a Mónada – Shamballah . Assim como possuímos 7 centros energéticos ou chakras principais e um oitavo oculto, assim também pela lei da analogia existem 7 centros mais 1 principais no planeta. Podemos então referir que no período Atlante quando se deu o julgamento planetário, a humanidade mais avançada que sobreviveu ao cataclismo, a Sedote, recolheu-se no interior do planeta, onde constituiu a sua evolução, tendo a restante, Jiva, permanecido na superfície, dando origem aos homens actuais (os tais que a ciência oficial fala como existentes na pré-historia).Os Grandes Iniciados da Atlântida seleccionaram os seres humanos mais avançados espiritualmente na altura, e os conduziram para o interior da Terra através duma abertura polar no hemisfério Norte, então muitíssimo mais acessível. Numa primeira fase ao interiorizarem-se estabeleceram -se no mundo de Badagas, que encontra-se a cerca de 60 km de profundidade. Este mundo já de elevada espiritualidade, civilização e cultura caracteriza-se pela tónica do desenvolvimento tecnológico, como referencia podemos falar dos OVNIS.É neste mundo que residem as Fraternidades Jinas, bem físicas dos Adeptos Independentes que no seio da humanidade em evolução na face da Terra se distinguiram dela e passaram a ser os seus paradigmas de eleição. A este mundo são recolhidos fisicamente todos aqueles que terminaram a sua missão antes da morte natural, ou excepcionalmente aqueles que tenham uma não menos excepcional missão na face da Terra relacionada com os Mundos Aghartinos .
Para este mundo são encaminhados, após a morte física, os discípulos que em vida terrena não se conscientizaram plenamente das suas missões ligadas à Obra Divina. Aí recapitulam toda a sua actividade física passada antes de serem transferidos para o Duat, onde irão recapitular o que deverão fazer na próxima vida terrena, ficando aí a aguardar o momento da próxima reencarnação. È também em Badagas que são resgatados os corpos físicos densos de Grandes Adeptos e Iniciados, para servirem em trabalhos específicos secretos só conhecidos dos Mestres ocultos, explicando assim a razão porque ninguém sabe até hoje onde estão os despojos físicos dos Grandes Mestres da Humanidade. Badagas exterioriza então o duplo etérico da Terra, tendo um ciclo semelhante ao da Terra, metade dia, metade noite.Desse mundo tem-se acesso ao mundo de Duat onde se encontram seres ainda mais evoluídos, os quais tem uma fisiologia semelhante à do homem da superfície, sendo que o que mais impressiona são as bibliotecas e museus onde se encontram todas a produção literárias e artísticas significativas criadas pelo homem, é assim como uma memória viva da Terra.
Funciona como o plano mental da Terra encontrando-se aí os " duplos " psicomentais de todos os Adeptos e Iniciados, sendo que muitas dessas Almas Viventes aguardam o momento de voltarem a manifestar-se na Terra, isto se a Lei os obrigar a tanto, pois em contrário após esse perido de transição e assimilação descerão para Agharta. È no Duat que se encontram os Senhores Lipikas (escribas) Manu – Yama – Karuna – Astaroth, que registam todos os actos, pensamentos e palavras da humanidade no " livro do Kamapa ", são os chamados Senhores do Karma. Possui um ciclo de actividade de dois terços de dia e um terço de noite. Mais interiorizado ainda encontra-se o reino de Agharta relacionado o com o plano espiritual da Terra, com as suas sete cidades, que podem-se relacionar com os chakras, governadas pelos Reis de Èdon ou do Èden, sendo que aí reina a sinarquia universal e a paz estabelecida. Agharta é o " celeiro das civilizações humanas ", pois é aí que estão guardadas as sementes monádicas que irão compor as Raças, de ciclos em ciclos.

Cada cidade Aghartina representa e corresponde a um continente, globo etc., preservando ainda o padrão ou estado de consciência de cada uma das Raças.Agharta possui um ciclo diurno permanente, pois não existe noite, sendo que os Seres que aí habitam não necessitam de descanso porque superaram há muito o conceito vulgar de espaço e tempo por terem obtido uma metástase permanente com o Eterno Logos. Como um oitavo chakra, a oitava cidade de Agharta e sua capital é Shamballah, a " mansão dos Deuses", governada pelo Rei do Mundo, o soberano supremo, o eterno jovem das dezasseis primaveras.Esse é o mundo do silêncio móvel, onde só aquele que por direito próprio tem assento no conselho do rei dos reis, pode morar. Daí dizer-se que é a morada dos Deuses, a cidade dos Imortais. Em Shamballah existe sempre sombra ou trevas, isto porque contém toda a luz ao ponto de a tornar ausente (Agharta é o diafragma reflector das 7 luzes provenientes da única do Sol negro), e por ser o núcleo central da Terra, tem a designação de " Laboratório do Espírito Santo "De uma forma análoga pode-se dizer que o homem vive num mundo tridimensional, no entanto existem outras dimensões 4º, 5º, 6º e 7º que constituem os " mundos superiores ". Assim sendo a 4º dimensão corresponde ao plano astral, a 5º ao plano mental, a 6º ao plano espiritual e a 7º que está ligada a uma 8º que podemos caracterizar como a Unidade Perfeita ou " o espaço sem limites ".Pois cada cidade de Agharta corresponde a cada um dos chakras da Terra que constituem os sistemas geográficos em evolução ( 7 que são Machu Pichu , Chizen Itza , El Moro , Sidney , Sintra , Cairo , Srinagar , mais 1 São Lourenço que corresponde a Shamballah ), assim como as cidades de Duat tem a ver com os plexos da Terra e os locais referidos na superficie com as glândulas do mesmo globo ou Logos Planetário reflectindo no homem , este o microcosmo daquele , o macrocosmo. Explicando melhor, no homem temos as glândulas no corpo físico que comunicam com os chakras no corpo etérico que também comunicam com os seus correspondentes no corpo astral e estes com os correspondentes no corpo mental . Analogamente concluímos que pelos sistemas geográficos flúem as energias espirituais do centro da Terra para a face da mesma , fluindo e impregnando a humanidade e fixando a espiritualidade sobre a Terra.O homem comum só percebe o mundo através das 3 dimensões da matéria, para perceber a 4º dimensão necessita utilizar a abstracção dos sentidos, a concentração. A questão que se põe é que os mundos subterrâneos, mesmo que na sua camada mais próxima da superfície abarquem as 3 dimensões conhecidas, não deixam de encontrar-se em dimensão diferente do 3º, e é por isso que cada um de nós não os consegue perceber ou acede-los. Razão porque faz-se necessária a " verdadeira iniciação ", o tornar-se Real ou verdadeiramente iniciado, acedendo assim ao nosso verdadeiro Ser em todas os seus planos de evolução, tornando-nos seres conscientes de nós mesmos tanto interiormente como exteriormente, possibilitando assim que as " portas " dos mundos subterrâneos se abram de forma a podermos retornar ao " paraíso " outrora perdido….Em suma nesse vasto mundo subterrâneo encontram-se as cidades das estátuas vivas, estátuas essas que correspondem a cada homem e mulher que "desperte " e serão vivificadas no instante preciso em que, estabelecida a ligação aos seus princípios superiores, possam despertar simultaneamente os inferiores (ou interiores) ….

Sem deixar para amanhã



A vida sempre surpreende. Ou talvez se deva dizer que a morte surpreende a vida? Afinal, ela sempre aparece em momento inoportuno.Quando estamos para nos aposentar e gozar do que consideramos um merecido descanso. Ou quando estamos nos preparando para o casamento.Ou, ainda, quando acabamos de passar por um concurso que nos garantiria uma carreira de sucesso.Por isso mesmo, nunca devemos deixar para amanhã as declarações de afeto.Por vezes, tivemos um professor que nos influenciou muito e realmente deu sentido, propósito e direção à nossa vida. Entretanto, nunca reservamos um tempo para lhe agradecer.De repente, ele morre e ficamos a pensar: “meu Deus, ao menos eu deveria lhe ter escrito uma carta.”De outras, brigamos com alguém e punimos a pessoa com nosso silêncio. Passam-se os dias, os meses, os anos.E continuamos com a punição. Aí a pessoa morre.O que acontece? Quase sempre o remorso nos alcança e começamos a cogitar: “eu devia ter falado com ela.”Para compensar a nossa culpa, vamos à floricultura e compramos muitas flores, para enfeitar o caixão, a sala mortuária, o túmulo.Teria sido muito mais compensador ter comprado algumas flores antes, um pequeno ramalhete e ter tentado fazer as pazes. Reatar a afeição.É até possível que a pessoa rejeitasse as flores, as jogasse no chão. E nos desse as costas. Mas, então, o problema não seria mais nosso, mas exclusivamente dela.Um dos exemplos mais comoventes a respeito do arrependimento por deixar para depois, nos vem de uma carta escrita por uma jovem americana ao namorado.É mais ou menos assim: “lembra-se do dia em que eu pedi emprestado seu carro novo e o amassei?Achei que você ia me matar, mas você não me matou.Lembra-se de quando eu o arrastei para ir à praia, e você disse que ia chover, e choveu?Pensei que você fosse dizer: ‘eu não a avisei?’, mas você não falou.Lembra-se da época em que eu paquerava todos os rapazes para lhe fazer ciúmes, e você ficava com ciúmes?Achei que você fosse me deixar, mas você não me deixou.E quando deixei cair torta de amora nas suas calças novas?Pensei que você nunca mais fosse olhar para mim, mas isso não aconteceu.E quando me esqueci de lhe dizer que o baile era a rigor, e você apareceu de jeans?Achei que você fosse me bater, mas você não me bateu.Havia tantas coisas que eu queria fazer para você quando você voltasse do Vietnã...Mas você não voltou...”***Não permitamos que a morte arrebate a chance de dizermos o quanto amamos as pessoas.O quanto elas são importantes para nós. Pode ser uma avó, um irmão, um amigo.Não necessariamente somente pessoas do círculo familiar. Aprendamos a esboçar gestos de amor e a dizer palavras que alimentam a alma do outro.Mesmo que um dia alguém nos tenha dito que não é bom o outro saber que o amamos, porque se aproveitará de nós.Mesmo que outro alguém tenha insinuado que parecemos tolos quando ficamos afirmando a intensidade do nosso amor, da nossa amizade e da nossa ternura.O ser mais perfeito que andou pela Terra, o Mestre Galileu, não temeu demonstrar amor e dizer: “amai-vos como eu vos amei.”

terça-feira, 1 de março de 2011

Brasil – A terra de Ophir



(Trechos extraídos de Arthur Franco em "A Idade das Luzes".)
Se parece estranho o conhecimento de terras a Ocidente antes de Colombo, é por pura desinformação histórica. O historiador brasileiro Cândido Costa escreveu em 1900:
"Diodoro de Sicília (90-21 ac) , 45 anos antes da Era Cristã, escreveu grande número de livros sobre os diversos povos do mundo; em seus escritos , designa claramente a América com o nome de ilha, porque ignorava sua extensão e configuração. Essa expressão de ilha é muitas vezes empregada por escritores da antigüidade para designarem um território qualquer. Assim vimos que Sileno chama ilhas a Europa, Ásia e África. Na narração de Diodoro, não é possível o engano quando descreve a ilha de que falamos: "Está distante da Líbia (ou seja, da África) muitos dias de navegação , e situada no Ocidente.
Seu solo é fértil, de grande beleza e regado de rios navegáveis". Esta circunstância de rios navegáveis não se pode aplicar senão a um continente, pois nenhuma ilha do oceano tem rios navegáveis.
Diodoro continua dizendo:
"Ali, vêem –se casas suntuosamente construídas"; sabemos que a América possui belos edifícios em ruínas e da mais alta antigüidade. "A região montanhosa é coberta de arvoredos espessos e de árvores frutíferas de toda espécie. A caça fornece aos habitantes grande número de vários animais; enfim, o ar é de tal modo temperado que os frutos da árvores e outros produtos ali brotam em abundância durante quase todo o ano."
Esta pintura do país e do clima por Diodoro se refere de todo o ponto à América equatorial. Este historiador conta depois como os Fenícios descobriram aquela região:
"Os Fenícios tinham-se feito à vela para explorarem o litoral situado além das colunas de Hércules; e, enquanto costeavam a margem da Líbia (África) foram lançados por ventos violentos mui longe do oceano. Batidos pela tempestade por muitos dias, abordaram enfim na ilha de que falamos. Tendo conhecido a riqueza do solo, comunicaram sua descoberta a todo o mundo. Portanto os Tyrrhenios (outra tradução chamam aos Fenícios de Tyrios)
Nota: os Fenícios são oriundos da Síria , poderosos no mar, quiseram também mandar uma colônia ; porém foram impedidos pelos Cartagineses, que receavam que um demasiado número de seus concidadãos , atraídos pelas belezas desta ilha, desertasse da praia."
("Cândido Costa , As Duas Américas, 1900 (pp.108 – 109, citado em Arthur Franco, A Idade das Luzes, Wodan, 1997, p. 113").
Esta descrição coincide com os relatos do que ocorreu com a frota de Cabral 2500 anos depois, desviada pelas mesmas correntes até o continente do Brasil. Na descrição mais completa do texto do historiador romano vemos com exatidão a descrição do continente americano há 2000 anos atrás:
"No mais profundo da Líbia, há uma ilha de considerável tamanho que, situada como está no oceano, se acha a vários dias de viagem a oeste da Líbia. Seu solo é fértil pois, ainda que montanhosa, conta com uma grande planície. Percorrem-na rios navegáveis que se utilizam para a irrigação , e possui muitas plantações de árvores de todos os tipos e jardins em abundância, atravessados por correntes de água doce e também há mansões de dispendiosa construção, e nos jardins construíram-se refeitórios entre as flores.
Ali passam o tempo seus habitantes durante o verão, já que a terra proporciona uma abundância de tudo quanto contribui para a felicidade e o luxo. A parte montanhosa da ilha está coberta de densos matagais de grande extensão e de árvores frutíferas de todas as classes, e para convidar os homens a viverem entre as montanhas. Há grande número de acolhedores , vales e fontes. Em poucas palavras, esta ilha está bem provida de poços de água doce que não só se convertem num deleite para quem ali reside senão também para a saúde e vigor de seu corpo. Há igualmente excelente caça de animais ferozes e selvagens de todo o tipo e os habitantes, com toda essa caça para as suas festas, não carecem de nenhum luxo nem extravagancia. Pois o mar que banha as costas da ilha contém uma multidão de peixes , e o caráter do oceano é tal que tem em toda sua extensão peixes em abundância, de todas as classes.
Falando em geral, o clima desta ilha é tão benigno que produz grande quantidade de frutos nas árvores e todos os demais frutos da estação durante a maior parte do ano, de modo que parece que a ilha, dada sua condição excepcional , é um lugar para uma raça divina , não humana.
Na antigüidade , esta ilha estava descoberta devido à sua distância do mundo habitado, mas foi descoberta mais tarde pela seguinte razão:
"Os fenícios comerciavam desde muito tempo com toda Líbia, , e muito o fizeram também com a parte Ocidental da Europa. E como suas aventuras resultaram exatamente de acordo com suas esperanças , acumularam uma grande fortuna e planejaram viajar além da coluna de Hércules, para o mar que os homens chamam oceano. E, em primeiro lugar , à saída do estreito, junto às colunas , fundaram uma cidade nas costas da Europa, e como a terra formava uma península chamaram à cidade Gadeira (Cádiz). Nelas construíram muitas obras adequadas à natureza da região , entre as quais se destacava um rico templo de Hércules (Melkarth), e ofereceram magníficos sacrifícios que eram conduzidos segundo o ritual fenício..."(p.114).
Quanto ao porte dos navios para semelhantes viagens nessa época , as trirremes fenícias em nada deviam às caravelas de vinte cinco séculos mais tarde. Seu comprimento podia atingir de sessenta a setenta metros , comportando até cento e oitenta remadores e uma tripulação de duzentos a trezentos soldados. Pouco se comenta do esplendor das naus gregas ou romanas , mas não se pode negar que Erik, o vermelho , e seu filho, Leif Erikson, seguiram estes antigos passos até mesmo no estilo de seus Knerrir (transatlânticos) e Knorr (navios menores que comportavam as colônias ), no século X d.C. , vencendo mares tão perigosos como os do Atlântico norte para at6ingir a Vinland, na América.
Segundo Cândido Costa, em sua obra de 1900:
"Num escrito de Aristóteles (De Mirab. Auscult. Cap. 84) diz-se que foi o receio de ver os colonos sacudirem o jugo da metrópole cartaginesa e prejudicarem o comércio da mãe pátria que levou o senado de Cartago a decretar pena de morte contra quem tentasse navegar para esta ilha. Aristóteles descreve também uma região fértil, abundantemente regada e coberta de floresta, que fora descoberta pelos cartagineses além do Atlântico (p. 115)
A participação ampla dos fenícios no conhecimento das terras ocidentais explica a grande participação dos judeus nas grandes navegações. Desde o tempo de Salomão, as casas de Hiram e do grande soberano judeu se uniu de tal forma que a construção do Templo de Jerusalém foi feita por arquitetos e pedreiros fenícios, e as misteriosas viagens para descobrir ouro e madeiras para a construção do templo foram feitos conjuntamente.
Este vasto conhecimento dos judeus sobre a ciência da navegação não passou desapercebido por alguns soberanos à época da diaspora, especialmente D. Manuel.
Em 1412 foi fundada a escola de Sagres, primeira academia portuguesa da navegação. Portugal, nesta época, tonara-se o último reduto dos judeus na Europa. A proteção concedida pelos soberanos portugueses aos judeus visava declaradamente atrair os largos conhecimentos hebreus nas matemáticas, na geografia e na astronomia, para calcar os grandes desenvolvimentos levados a cabo nas pesquisas náuticas para lançar Portugal como potência mundial.
O conhecimento das terras do Brasil por Salomão e por Hiram (rei da Fenícia) , conforme a explanação feita por Cândido Costa , é difícil de ser refutada.
Inscrições Fenícias na Bahia e Paraíba.
Entre 1000 aC a 700 aC, período da colonização fenícia no Ocidente, na direção de Cartago, Malta, Sardenha e Espanha. Vários documentos em pedra encontradas no Brasil e EUA, por exemplo, atestam a expansão Fenícia no Ocidente.
No Brasil há registros como os feitos numa memória, do ano de 1753. Seu autor dá notícia de uma cidade abandonada no interior da Bahia, na qual constatou a existência de um palácio, inscrições, templo, colunas, aquedutos, ruas, arcos etc. As inscrições foram encontradas na cidade abandonada no interior da Bahia, de que trata o manuscrito existente
na biblioteca pública do Rio de Janeiro.
Em várias localizações da Américas encontram-se as mesmas inscrições.
As inscrições no Estado da Paraíba, são constantes, de pedra lavrada, segundo Cândido Costa, foi submetida ao juízo do sábio orientalista francês Ernesto Renam, sendo por ele considerada de origem fenícia.
Outros detalhes sobre a vinda dos semitas para o Ocidente no ano 2000 aC a 970 aC.
Assume Hiram, o grande rei de Tiro (970 – 936) , aliado de Davi e Salomão.
Em 965 aC, Salomão assume o trono de Israel. No seu reinado um fato extraordinário originou concretamente a ligação perene que teria o Ocidente com os mistérios Bíblicos; a construção do Templo de Jerusalém. Salomão começou oficialmente , na linhagem bíblica, a arte da construção como grande arquiteto do templo. Sua ligação com a casa de Hiram , da Fenícia, abriu os caminhos para a vinda dos mistérios, séculos mais tarde, através da Ordem dos Construtores e da Franco Maçonaria.
Curiosamente , tudo indica ter ido da América do Sul que saíram os materiais exóticos, necessários à construção do templo. Como se não bastasse o acesso físico dos materiais – ouro, pedras, madeiras, além de animais exóticos. Os fenícios foram os próprios construtores do templo, contratado por Salomão. Quanto ao conhecimento do continente americano, os antigos já davam notícias há muito tempo da existência desse continente , para o qual ocorreriam se lhes fosse facilitada a navegação. Tal como ocorreu no início do século XX com as grandes migrações de italianos e alemães para a América, a população que tinha notícia da existência deste paraíso terrestre facilmente se via tentada a emigrar das desoladas e assoladas regiões em que viviam.
"David, quando morreu , deixou a Salomão para a construção do templo 7000 talentos de prata e 3000 de ouro de Ophir. O velho rei não possuía nenhum navio que navegasse nos mares exteriores. Recebia, pois , o ouro de Ophir pelo tráfico com os fenícios, os quais , segundo a Bíblia, conheciam todos os mares. Salomão, para por em execução seus grandes projetos, recorreu a Hiram. Chegou a interessá-lo nas suas empresas e a contratar com ele aliança sólida.
O receio de excitar a susceptibilidade dos povos do Mediterrâneo foi sem dúvida o motivo que decidiu Salomão a construir em Esion-Gaber, no Mar Vermelho, os navios que destinava às viagens de Ophir (pois as colunas de Hércules estavam fechadas aos gregos pelos Cartagineses e o comércio para o Atlântico era muito vigiado". (Cândido Costa , op., cit., p. 113)
Cândido Costa Prossegue sua explanação lembrando que Hiram enviou a Salomão Marinheiros experimentados.
Como se verá mais tarde, a frota de Ophir nunca voltaria ao Mar Vermelho. Passando pelo Cabo africano, ela se reunira no oceano Atlântico com a frota de Hiram , que saíra do Mediterrâneo. Entre os trabalhos que tentam retirar o véu sobre a verdadeira identidade das ricas localidades bíblicas de Ophir, Parvaim e Tarschisch destacamos este do senhor Cândido Costa , publicado em 1900. Ele baseou-se no estudo filológico das antigas línguas européias e asiáticas , bem como a língua quichua ou dos Antis, do Peru , a qual ainda se falava, pelo menos em 1900, na Bacia superior do Rio Amazonas.
"Nos Paralípomenos, liv. 2, cap. 3, v.6, conta-se que Salomão adornou sua casa com belas pedras preciosas, e que o ouro era de Parvaim (...) Parvaim é pronuncia alterada de Paruim. A terminação im nos dá o plural em hebráico; vem acrescentado a Paru porque efetivamente existem, na bacia superior de Amazonas, no território Oriental do Peru, dois rios auríferos, um com o nome de Paru, outro com o de Apu-Paru, o rico Paru, e que unem suas águas para se confundirem no Ucuayli. Os dois rios Paru e Apu-Paru fazem , no plural Paru-im.
Outro nome hebraico é o de um antigo império de nome Inin (crente ou de fé) , também no Peru.
O rio Amazonas, desde a embocadura do Ucaially até a foz do Rio Negro, se chama ainda Solimões: não é nem mais nem menos que o nome viciado de Salomão, dado ao rio Amazonas pela frota do grande rei, que dela tomou posse, em hebraico Solima e em árabe Soliman.
Os cronistas da conquista do rio das Amazonas contam que a oeste da província do Pará existia uma grande tribo como nome de Soliman, que era o do rio ; pois na América as correntes d’água tiram seus nomes das tribos que as habitam. Daí também os portugueses fizeram solimão por hábito de lingüística.
Essa colônia fenícia teve uma duração temporária assaz longa, pois as viagens trienais dos navios de Salomão e de Hiram se renovaram várias vezes. Provavelmente não foi abandonada à própria sorte senão no reinado de Josaphat, rei de Judá , no tempo em que os cartagineses todo-poderosos não permitiam a nação alguma sair do mediterrâneo. Eis porque Josaphat quis mandar sair do Mar Vermelho para essas mesmas regiões uma frota equipada, conjuntamente com Ochozias, rei de Israel. Porém um temporal hediondo a destruiu completamente (p.116).
"Passamos a Ophir, lugar tão celebrado por suas riquezas.
Devemos lembrar aqui que filólogos acreditaram poder fazer que prevalecesse o nome de Abiria, por ter sido a Ophir da Bíblia. Todavia, levaremos em consideração os seguintes fatos : Primeiro, o nome da Abiria é a tradução latina do vocábulo grego sabeiria, tomado da geografia de Ptolomeu, livro 7, cap. 1. A licença do tradutor é tão grande quanto censurável. Em segundo lugar, sabeiria achava-se localizada na parte ocidental da Índia, Que chamavam Indo-Scitia. Porém é reconhecido que a Índia , mormente na parte Ocidental, nunca produziu ouro para o comércio; pelo contrário , os egípcios e os árabes ali o traziam , para o trocar por tecidos de lã e de algodão. Assim a hipótese de que sabeiria fosse o Ophir da Bíblia cai por si. Estevão Quatremere também não admite que Ophir tenha sido colocado no Golfo Arábico, na Arábia feliz, nem em parte alguma da Índia, Ceilão, Sumatra, Borneo ou ponto algum do extremo oriente, pela razão muito simples de que os navios de salomão e de Hiram gastavam 3 anos em cada viagem dessas. Porém Quatremere cai no próprio erro dos que combate, pois que coloca Ophir em Soplah , na costa oriental da África. Para fortalecer sua hipótese, Quatremere não hesita na escolha dos meios: assim é que, por não achar pavões na África, quer que os pássaros chamados Tulens na Bíblia sejam periquitos ou picotas". (Cândido Costa, op. Cit. p. 117)
No cap I do livro I dos Reis , v.11, acha-se escrito Ophir em língua hebraica de dois modos Apir e Aypir, e no cap. 9 , v. 28 lê-se Aypira da Bíblia. Em resumo, nada se opõe que o Aypira da Bíblia tenha vindo do nome do rio Yapur: onde o Y significa água, ou seja, "água ou rio de Apir ou Ophir". Eis porque a região de Ophir é essa que atravessa o rio Yapurá.
"A desaparição das frotas de Salomão e Hiram por 3 anos, a cada viagem que faziam, se acha agora explicada, pois elas estacionavam no rio que tinha o nome do Grande Rei. Se estas compridas estações, várias vezes repetidas, houvera sido feitas em qualquer ponto do antigo continente, a tradição ou a história não teriam deixado de no-la transmitir. As várias viagens trienais com exceção de uma só, não se referem a Ophir, pois todas se fizeram para Tarschisch. David recebia pelos fenícios o ouro de Ophir, e a frota construída no tempo de Salomão para o mesmo destino saiu do Mar Vermelho, onde nunca mais entrou. Fez sua junção no oceano Atlântico com a de Hiram, a qual saiu do Mediterrâneo; e ambas tomaram depois, da única viagem em que foram juntamente a Ophir, o nome da frota de Tarschisch (Alta Amazônia), segundo o texto hebraico, e o da frota da África, segundo o texto caldáico"
(Cândido Costa p.120 a 124)
(I Reis 9,10,11,22, Paralipomenos liv2, cap.9 v.21 v. 10,11.
Segundo a Bíblia, "Salomão conhecia todas as sabedorias do Egito. Em 960 a.C., Salomão constrói o templo.
Patrocinados por Salomão, os fenícios se tornaram os primeiros dominantes do mar, abrindo agências comerciais por toda parte: Creta, Malta, Sicília, Cartago, Cádiz, Marselha, Inglaterra e Países Nórdicos.
Salomão tornou-se o homem mais rico do mundo. Tinha 700 mulheres e 300 concubinas.
Em 930 a.C. ocorreu a cisão dos reinos Judá e Israel. Foi um período de constantes lutas internas entre Judá e as tribos do Norte. A situação chegou a tal ponto que Jeroboam, Ben-Nebat, seu filho, tentou um Golpe de Estado.
Em 928 a.C. morre Salomão e assume Rehoboam, seu filho, que, por falta de tato político, fracassa o acordo com as tribos de Israel.
Jeroboan refugia-se no Egito (Delta do Nilo), onde Sesonki o recebe na corte dando como esposa uma de suas filhas.
O ambiente torna-se propício para o retorna de Jeroboam, apoiado pelo Faraó que retorna e é aclamado Rei de Israel. A Rehoboam fica as tribos de Judá e Benjamim, com as quais Rehoboam funda o Reino de Judá, tomando por capital, Jerusalém.