Krak dos Cavaleiros

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os Druidas e sua Doutrina da Imortalidade da Alma



Os Druidas e sua Doutrina da Imortalidade da Alma
Os Druidas eram sacerdotes e sarcedotisas dedicados ao aspecto feminino da
divindade: a Deusa. Mas eles sabiam que todas as nossas idéias a respeito da
divindade eram apenas parciais e imperfeitas percepções do divino. Assim,
todos os deuses e deusas do mundo nada mais seriam que aspectos de um só Ser
supremo - qualquer que fosse a sua denominação - vistos sob a ótica humana.
Eles não admitiam que a Divindade pudesse ser cultuada dentro de templos
construídos por mãos humanas, assim, faziam dos campos e das florestas mais
suaves - principalmente onde houvessem antigos carvalhos - os locais de suas
cerimônias. Os druidas eram parte da antiga civilização Celta, povo que se
espalhava da Irlanda até vastas áreas no norte da Europa ocidental,
incluindo a Bretanha Maior e Menor (Inglaterra e norte da França) e parte do
extremo norte da península ibérica (Portugal e Espanha). Dominavam muito bem
todas as áreas do conhecimento humano, cultivavam a música, a poesia, tinham
notáveis conhecimentos de medicina natural, de fitoterapia, de agricultura e
astronomia, e possuíam um avançado sistema filosófico muito semelhante ao
dos neoplatônicos. A mulher tinha um papel preponderante na cultura
druídica, pois era vista como a imagem da Deusa, detentora do poder de unir
o céu (o Deus, o eterno aspecto masculino) à terra (a Deusa, o eterno
aspecto feminino). Assim, o mais alto posto na hierarquia sacerdotal
druídica era exclusividade das mulheres. O mais alto posto masculino seria o
de conselheiro e "mensageiro" dos deuses, e, entre outras denominações,
recebiam o nome de Merlin.
Desde a dominação romana, a cultura druídica foi alvo de severa repressão,
por isso hoje sabemos muito pouco sobre deles, apesar de o próprio Júlio
César reconhecer a coragem que os druidas tinham em enfrentar a morte em
defesa de sua cultura. Sabemos que eles possuíam suficiente sabedoria para
marcar profundamente a literatura da época, criando uma espécie de aura de
mistério e misticismo (e eles, de fato, eram místicos), sendo reverenciados
e respeitados como legítimos representantes dos deuses.
O Povo Celta, como um todo, construira-se dentro de uma tradição
eminentemente oral, ou seja, não usavam a escrita para transferir seus
conhecimentos fundamentais – embora conhecessem uma forma de escrita chamada
rúnica. Por isso após o domínio do cristianismo - que no início foi bem
recebida pelos próprios druidas, quando o poder da Igreja de Roma ainda não
era suficientemente forte e corrompido ao ponto de distorcer a mensagem
básica de Jesus de tolerância e amor – perdemos muito desta maravilhosa
civilização, e, juntamente, perdemos muito da história dos Druidas, e até
hoje muita coisa permanece envolta em mistério: sabemos que realmente eles
existiram entre o povo Celta, porém eles não eram propriamente originários
desta civilização, então de onde vieram os Druidas? Seriam eles os tão
terríveis Bruxos avidamente perseguidos pelo fanatismo cego e ambiciosa da
Igreja Católica Romana? Foram eles quem ajudaram o bretões a se livrarem dos
saxões? Teria realmente José de Arimatéia (discípulo de Jesus) encontrado
abrigo entre eles? A história dos Druidas se esconde freqüentemente entre
diversas lendas, como a do Rei Arthur, onde Merlin e a meia-irmã de Arthur,
Morgana, eram Druidas.
Na verdade quando estudamos sobre os Druidas, temos diante de nós apenas
fragmentos de narrações, algumas lendas e muita oposição eclesiástica, cujo
ódio aos Druidas e a todos os outros povos pagãos é forte demais para que
seus textos nos sejam uma fonte confiável de informação. A sensação que
temos é a de embarcar num Mundo totalmente diferente, mágico, fantástico,
como se tomássemos a lendária barca que nos leva à ilha sagrada de Avalon,
cercada de brumas, onde vive um povo incrível e misterioso.
Das poucas coisas que sabemos sobre eles, temos a certeza de que os Druidas
acreditavam na Imortalidade da Alma, que buscaria seu aperfeiçoamento
através das vidas sucessivas (reencarnação). Eles acreditavam que o homem
era o responsável pelo seu destino de acordo com os atos que livremente
praticasse. Toda a ação era livre, mas traria sempre uma conseqüência, boa
ou má, segundo as obras praticadas. Quanto mais cedo o homem despertasse
para a responsabilidade que tinha nas mãos por seu próprio destino, melhor.
Ele teria ainda a ajuda dos espíritos protetores e sua liberação dos ciclos
reencarnatórios seria mais rápida. Ele também teria a magna responsabilidade
de passar seus conhecimentos adiante, para as pessoas que estivessem
igualmente aptas a entender essa lei, conhecida hoje por lei do carma (que é
uma denominação hindu, não druídica).
Os Druidas desapareceram paulatinamente da história à medida que crescia o
domínio da Igreja de Roma. Os grandes sacerdotes druidas eram conhecidos
como as serpentes da sabedoria, e, numa paródia sem graça, São Patrício
ficou conhecido por ter expulso "as serpentes da Bretanha". Mas o fascínio
destas pessoas não poderia desaparecer de repente. Eles se perpetuaram nos
romances dos menestréis e trovadores medievais, e sua influência se fez
sentir nos vários movimentos místicos e contestatórios da Idade Média,
especialmente entre os Cátaros e na Ordem dos Templários.

Léon Denis




Léon Denis (lê-se: dení) nasceu numa aldeia chamada Foug, situada nos arredores de Tours, na França, em 1o. de janeiro, de 1846, numa família humilde. Cedo conheceu, por necessidade, os trabalhos manuais e os pesados encargos da família. Desde os seus primeiros passos neste mundo, sentiu que os amigos invisíveis o auxiliavam. No lugar de participar em brincadeiras próprias da juventude, procurava instruir-se o mais possível. Lia obras sérias, conseguindo assim, com esforço próprio, desenvolver sua inteligência. Tomou-se um autodidata sério e competente.
Aos 18 anos, tomou-se representante comercial da empresa onde trabalhava, fato que o obrigava a viagens constantes, situação que se manteve até à sua reforma e manteve ainda depois por mais algum tempo. Adorava a música e sempre que podia assistia a uma ópera ou concerto. Gostava de dedilhar, ao piano, árias conhecidas e de tirar acordes para seu próprio devaneio. Não fumava, era quase exclusivamente vegetariano e não fazia uso de bebidas fermentadas. Encontrava na água a sua bebida ideal.
Era seu hábito olhar, com interesse, para os livros expostos nas livrarias. Um dia, ainda com 18 anos, o chamado acaso fez com que a sua atenção fosse despertada para uma obra de título inusitado. Esse livro era O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. Dispondo do dinheiro necessário, comprou-o e, recolhendo-se imediatamente ao lar, entregou-se com avidez à leitura. O próprio Denis disse:
Nele encontrei a solução clara, completa e lógica, acerca do problema universal. A minha convicção tornou-se firme. A teoria espírita dissipou a minha indiferença e as minhas dúvidas.
O ano de 1882 marca, em realidade, o início do seu apostolado, durante o qual teve que enfrentar sucessivos obstáculos: o materialismo e o positivismo que olham para o Espiritismo com ironia e risadas e os crentes das demais correntes religiosas, que não hesitam em aliar-se aos ateus, para o ridicularizar e enfraquecer. Léon Denis, porém, como bom paladino, enfrenta a tempestade. Os companheiros invisíveis colocam-se ao seu lado para o encorajar e exortá-lo à luta. Coragem, amigo − diz-lhe o Espírito de Jeanne − estaremos sempre contigo para te sustentar e inspirar. Jamais estarás só. Meios ser-te-ão dados, em tempo, para bem cumprires a tua obra.
A 2 de novembro, de 1882, dia de Finados, um evento de capital importância produziu-se na sua vida: a manifestação, pela primeira vez, daquele Espírito que, durante meio século, havia de ser o seu guia, o seu melhor amigo, o seu pai espiritual − Jerônimo de Praga −, que lhe disse: Vai meu filho. Pela estrada aberta diante de ti. Caminharei atrás de ti para te sustentar.
A partir de 1910, a visão de Léon Denis foi, dia após dia, enfraquecendo. A operação a que se submetera, dois anos antes, não lhe proporcionara nenhuma melhora, mas suportava, com calma e resignação, a marcha implacável desse mal que o castigava desde a juventude. Aceitava tudo com estoicismo e resignação. Jamais o viram queixar-se. Todavia, é possível supor quão grande devia ser o seu sofrimento. Apesar disso, mantinha volumosa correspondência. Jamais se aborrecia; amava a juventude e possuía a alegria da alma. Era inimigo da tristeza. O mal físico, para ele, devia ser bem menor do que a angústia que experimentava pelo fato de não mais poder manejar a pena. Secretárias ocasionais substituíam-no nesse ofício. No entanto, a grande dificuldade para Denis, consistia em rever e corrigir as novas edições dos seus livros e dos seus escritos. Graças, porém, ao seu espírito de ordem e à sua incomparável memória, superava todos esses contratempos, sem molestar ou importunar os amigos.
Após a I Grande Guerra, aprendeu braille, o que lhe permitiu fixar no papel os elementos de capítulos ou artigos que lhe vinham ao Espírito, pois, nesta época da sua vida, estava, por assim dizer, quase cego.
Em março de 1927, com 81 anos de idade, terminara o manuscrito que intitulou de O Gênio Céltico e o Mundo Invisível. Neste mesmo mês, a Revue Spirite publicava o seu derradeiro artigo.
Terça-feira, 12 de março, de 1927, pelas 13 horas, respirava Denis com grande dificuldade. A pneumonia atacava-o novamente. A vida parecia abandoná-lo, mas o seu estado de lucidez era perfeito. As suas últimas palavras, pronunciadas com extraordinária calma, apesar da muita dificuldade, foram dirigidas à sua empregada Georgette: É preciso terminar, resumir e... concluir. Fazia alusão ao prefácio da nova edição biográfica de Kardec. Neste preciso momento, faltaram-lhe completamente as forças, para que pudesse articular outras palavras. Às 21h o seu Espírito alou-se. O seu semblante parecia ainda em êxtase.
As cerimônias fúnebres realizaram-se a 16 de abril. A seu pedido, o enterro foi modesto e sem o ofício de qualquer Igreja confessional. Está sepultado no cemitério de La Salle, em Tours.
Dentre os grandes apóstolos do Espiritismo, a figura exponencial de Léon Denis merece referência toda especial, principalmente em vista de ter sido o continuador lógico da obra de Allan Kardec. É possível afiançar mesmo que constitui tarefa sumamente difícil tentar biografar essa grande vida, dada a magnitude de sua missão terrena, na qual muito há para salientar: a sua personalidade contagiante, o bom senso de que era dotado, a operosidade no trabalho, a dedicação ímpar aos seus semelhantes e o depurado amor que devotava aos ideais que esposava.
Léon Denis foi o consolidador do Espiritismo. Não foi apenas o substituto e continuador de Allan Kardec, como geralmente se pensa. Denis tinha uma missão quase tão grandiosa quanto à do Codificador. Cabia-lhe desenvolver os estudos doutrinários, dar continuidade às pesquisas mediúnicas, impulsionar o movimento espírita na França e no Mundo, aprofundar o aspecto moral da Doutrina e, sobretudo, consolidá-la nas primeiras décadas do século. Nessa nova Bíblia ( o Espiritismo), o papel de Kardec é o sábio e o papel de Denis é o de filósofo. Léon Denis foi cognominado o Apóstolo do Espiritismo pela magnífica atuação desenvolvida, pela palavra escrita e falada, em favor da nova Doutrina. Ainda, foi o seu consolidador e, por isso, conhecido como o filósofo do Espiritismo. De acentuadas qualidades morais, dedicou toda uma longa vida à defesa dos postulados que Kardec transmitira nos livros do pentateuco espírita. O aspecto moral (religioso) da Doutrina, os princípios superiores da Vida, a instrução, a família, mereceram dele cuidados extremos e, por isso mesmo, sua vida de provações. Seu exemplo de trabalho, perseverança e fé, é um roteiro de luz para os espíritas, e mais, para os homens de bem de todos os tempos. Em palavras de confiança e fé, ele mesmo resumiu assim a missão que viera desempenharem favor de uma nobre causa: Consagrei esta existência ao serviço de uma grande causa, o Espiritismo ou Espiritualismo moderno, que será certamente a crença universal, a religião do futuro.
A sua bibliografia é bastante vasta e composta de obras monumentais que enriquecem as bibliotecas espíritas. Deve-se a ele a oportunidade ímpar que os espíritas tiveram de ver ampliados novos ângulos do aspecto filosófico da Doutrina Espírita, pois, as suas obras de um modo geral focalizam numerosos problemas que assolam os homens e também a sempre momentosa questão da sobrevivência da alma humana em seu laborioso processo evolutivo. Léon Denis imortalizou-se na gigantesca tarefa de dissecar problemas atinentes às aflições que acometem os seres encarnados, fornecendo valiosos subsídios no sentido de lançar novas luzes sobre a problemática das tribulações terrenas, deixou de lado os conceitos até então prevalecentes para apresentá-la aureolada de ensinamentos altamente consoladores, hauridos nas fontes inesgotáveis da Doutrina dos Espíritos.
Dedicando-se ao estudo aprofundado do Espiritismo, em seu tríplice aspecto de ciência, filosofia e religião, demorou-se com maior persistência na abordagem do seu aspecto filosófico. Concomitantemente com os seus profundos estudos nesse campo, também deu a sua contribuição, valiosa na abordagem e no estudo de assuntos históricos, fornecendo importantes subsídios no sentido de esclarecer as origens celtas da França e no tocante ao dramático episódio do martírio de Joana D'Arc, a grande médium francesa. Seus estudos não pararam aí; ele preocupou-se sobremaneira com as origens do Cristianismo e o seu processo evolutivo através dos tempos.
Dentre as suas múltiplas ocupações, foi presidente de honra da União Espírita Francesa, membro honorário da Federação Espírita Internacional, presidente do Congresso Espírita Internacional, realizado em Paris, no ano de 1925. Teve também a oportunidade de dirigir, durante longos anos, um grupo experimental de Espiritismo, na cidade francesa de Tours.
A sua atuação no seio do Espiritismo foi bastante diversa daquela desenvolvida por Allan Kardec. Enquanto o Codificador exerceu suas nobilitantes atividades na própria capital francesa, Léon Denis desempenhou a sua dignificante tarefa na província. A sua inusitada capacidade intelectual e o descortino que tinha das coisas transcendentais, fizeram com que o movimento espírita francês, e mesmo mundial, gravitasse em torno da cidade de Tours. Após a desencarnação de Allan Kardec, essa cidade tornou-se o ponto de convergência de todos os que desejavam tomar contato com o Espiritismo, recebendo as luzes do conhecimento, pois, inegavelmente, a plêiade de Espíritos que tinha por incumbência o êxito de processo de revelação do Espiritismo, levou ao grande apóstolo toda a sustentação necessária a fim de que a nova doutrina se firmasse de forma ampla e irrestrita.
Enquanto Kardec se destacou como uma personalidade de formação universitária, que firmou seu nome nas letras e nas ciências, antes de se dedicar às pesquisas espíritas e codificar o Espiritismo, Léon Denis foi um autodidata que se preparou em silêncio, na obscuridade e na pobreza material, para surgir subitamente no cenário intelectual e impor-se com conferencista o escritor de renome, tornando-se figura exponencial no campo da divulgação doutrinária do Espiritismo. Denis possuía uma inteligência robusta, era um Espírito ilustre, grande orador e escritor, desfrutando de apreciável grau de intuição. Referindo-se a ele, escreveu o seu contemporâneo Gabriel Gobron: Ele conheceu verdadeiros triunfos e aqueles que tiveram a rara felicidade de ouvi-lo falar a uma assistência de duas ou três mil pessoas, sabem perfeitamente quão encantadora e convincente era a sua oratória.
Denis jamais cursou uma academia oficial, entretanto, formou-se na escola prática da vida, na qual a dor própria e alheia, o trabalho mal retribuído, as privações heróicas ensinam a verdadeira sabedoria, por isso dizia sempre: Os que não conhecem dessas lições, ignoram sempre um dos mais comovedores lados da vida. Com o concurso de sua inteligência invulgar furtar-se-ia à pobreza, mas ele preferiu viver nela, pois em sua opinião era difícil acumular egoisticamente para si, aquilo que ele recebia para repartir com os seus semelhantes.
Com idade bastante avançada, cego e com uma constituição física relativamente fraca, vivia ainda cheio de tribulações. Nada disso, entretanto, mudava o seu modo de proceder. Apesar de todas essas condições adversas, a todos ele recebia obsequioso. Desde as primeiras horas da manhã ditava volumosa correspondência, respondendo aos apelos das inúmeras sociedades que fundara ou de que era presidente honorário. Onde quer que comparecesse, ali davam-lhe sempre o lugar de maior destaque, lugar conquistado ao preço de profunda dedicação, perseverança e incansável operosidade no bem.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

ASTROLOGIA





ARTE régia é ela chamada, e não sem acerto. Não, porém, por ser a soberana de todas as artes, tampouco por ser reservada aos reis terrenos, mas quem conseguisse praticá-la realmente, estaria apto a assumir espiritualmente uma situação régia, tornando-se assim dirigente de muitas coisas que acontecem e que deixam de acontecer.

Mas não existe um único ser humano terreno a quem sejam confiadas essas faculdades. Por isso todos os trabalhos nesse sentido permanecerão meras tentativas sem valia, duvidosas quando levadas a sério pelos que as praticam, criminosas quando a presunção e a fantasia doentia cooperam, substituindo a profunda seriedade.

O mero cálculo astrológico pouco pode, aliás, adiantar, porque às irradiações dos astros pertencem também as respectivas irradiações do solo da Terra, assim como também incondicionalmente a matéria fina viva, com todas as suas atividades, como, por exemplo, o mundo das formas de pensamentos, do carma, as correntes das trevas e da Luz na matéria, bem como outras coisas mais. Qual o ser humano que pode vangloriar-se de haver abrangido de modo nítido e claro tudo isso, desde os abismos mais profundos até as alturas mais elevadas da matéria?

As irradiações dos astros formam somente os caminhos e os canais através dos quais tudo o que é vivo na matéria fina pode chegar mais concentradamente a uma alma humana, a fim de ali se efetivar. Falando figuradamente, pode-se dizer: os astros assinalam as épocas em que os efeitos retroativos e outras influências através da condução das irradiações podem fluir sobre o ser humano mais concentrada e cerradamente. Às irradiações dos astros desfavoráveis ou hostis congregam-se na matéria fina as correntezas más pendentes destinadas ao respectivo ser humano; às irradiações favoráveis, por sua vez, apenas as boas, de acordo com a igual espécie.

Eis por que os cálculos em si não são de todo destituídos de valor. Mas é condição indispensável que para um determinado ser humano haja, na ocasião das irradiações desfavoráveis, também efeitos retroativos desfavoráveis ou, por ocasião das irradiações benéficas, efeitos retroativos também benéficos. Do contrário, impossível será qualquer efeito. Por outro lado, também, as irradiações dos astros não são por acaso fantasmagóricas, por si só ineficazes, sem ligação com outras forças, mas possuem também efeitos automáticos, dentro de certas restrições.

Se para determinada pessoa só houver no mundo de matéria fina ações de retorno maléficas, prontas para atuar, tais atividades, todavia, ficarão bloqueadas, reprimidas ou pelo menos bastante represadas nos dias ou horas de irradiações astrais benéficas, segundo a espécie das irradiações. De idêntico modo, evidentemente, também ocorre com o inverso, de maneira que, por ocasião dos efeitos retroativos benéficos em atividade, o favorável será paralisado pela irradiação desfavorável, durante a época correspondente a essa irradiação.

Mesmo que, por conseguinte, os canais das irradiações siderais corram vazios pela falta de efeitos de igual espécie, funcionam ao menos como bloqueio temporário contra os eventuais efeitos recíprocos de espécie diferente em atividade, de modo que nunca permanecem de todo sem influência. Apenas não podem, justamente as irradiações de todo benéficas, conduzir sempre algo de bom ou as irradiações más sempre algo de mau, se para a respectiva pessoa tal coisa não existir.

A esse respeito os astrólogos não podem dizer: “Então, portanto, temos razão”. Pois esse ter razão é apenas condicional e muito restrito. Não justifica as afirmações muitas vezes arrogantes e os apregoamentos comerciais. Os canais vazios das irradiações dos astros podem muito bem acarretar interrupções, porém nada mais, nem de bem nem de mal.

Deve-se admitir, por sua vez, que em certo sentido a interrupção temporária de maus efeitos retroativos já é em si algo de bom. Pois proporciona, a quem se encontra fortemente acuado pelo mal, um tempo para tomar alento e com isso forças para prosseguir suportando.

Além disso, devem justamente as irradiações frenadoras ocasionar ao espírito humano motivo para maior esforço, o que por sua vez acorda o espírito, fortalece-o e deixa-o inflamar-se cada vez mais nos esforços para vencer esses obstáculos.

Os cálculos dos astrólogos, apesar de tudo, poderiam ser bem recebidos, se não se desse atenção às inúmeras fanfarronices e à propaganda de tantos. Contribui, porém, uma série de outros fatores importantes que tornam tais cálculos muito duvidosos, de modo que na realidade geralmente eles produzem mais danos do que proveitos.

Não entram em cogitação apenas os poucos astros que hoje estão à disposição dos astrólogos para os cálculos. Inúmeros outros astros, nem sequer conhecidos pelos astrólogos, diminuindo os efeitos, fortalecendo, cruzando ou deslocando-os, têm um papel tão grande, que o resultado final do cálculo muitas vezes pode ser totalmente oposto àquilo que ao melhor astrólogo é possível dizer hoje em dia.

Finalmente, existe mais um ponto decisivo, o maior e o mais difícil: é a alma de cada ser humano! Apenas aquele que, além de todas as outras exigências, é capaz de pesar com exatidão cada uma dessas almas, até o último grau, com todas as suas capacidades, características, complicações cármicas e em todos os seus esforços, isto é, em sua verdadeira maturidade ou imaturidade no Além, poderia talvez ousar fazer cálculos!

Por mais que as irradiações astrais possam ser benéficas para um ser humano, nada poderá atingi-lo de luminoso, isto é, de bom, se ele tiver em volta de si muito de trevas, devido ao estado de sua alma. No caso oposto, porém, a pessoa cujo estado anímico só permite em volta de si a limpidez e o que é luminoso, a mais desfavorável de todas as correntezas astrais não poderá oprimir tanto que ela sofra sérios danos; por fim, tudo terá de se voltar sempre para o bem.

A onipotência e a sabedoria de Deus não são tão unilaterais como cuidam em seus cálculos os adeptos da astrologia. Ele não sincroniza o destino dos seres humanos, isto é, o seu bem e o seu mal somente com as irradiações astrais.

Estas, sim, cooperam vigorosamente não apenas em relação a cada ser humano isoladamente, mas em relação a todos os fenômenos mundiais. Contudo, também nisso elas são meros instrumentos, cuja atuação não só está em conexão com muitas outras, mas também com isso permanecem dependentes, em suas possibilidades, de todos os efeitos. Mesmo quando tantos astrólogos supõem trabalhar intuitivamente, sob inspiração, então isso não pode contribuir tanto para um aprofundamento, que se permita depositar muito maior confiança na aproximação de uma realidade dos cálculos.

Os cálculos permanecem fragmentos unilaterais, insuficientes, lacunosos, em suma: imperfeitos. Trazem inquietação entre os seres humanos. A inquietação, no entanto, é a inimiga mais perigosa da alma, pois abala a muralha de proteção natural, deixando entrar muitas vezes, justamente assim, o que é do mal, que do contrário não teria encontrado qualquer entrada.

Inquietos se tornam muitos seres humanos ao dizer para si que estão expostos a irradiações maléficas, mas muitas vezes demasiadamente confiantes e com isso imprudentes, quando estão convictos de estarem justamente sujeitos a irradiações benéficas. Pela insuficiência de todos os cálculos, sobrecarregam-se eles com preocupações desnecessárias, ao invés de manter sempre o espírito livre e alegre, que reúne mais forças para a defesa, do que conseguem as mais fortes correntezas más para oprimir.

Os astrólogos deviam, se não conseguem proceder diferentemente, continuar calmamente seus trabalhos, procurando se aperfeiçoar nisso, mas somente em silêncio e para si próprios, conforme fazem os que entre eles realmente devem ser tomados a sério! Deveriam poupar aos demais seres humanos tais imperfeições, visto que estas apenas atuam maleficamente, trazendo como fruto abalo da autoconfiança, atamento nocivo dos espíritos livres que, incondicionalmente, tem de ser evitado.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

DESPERTAI!

DESPERTAI!


DESPERTAI, ó seres humanos, desse sono de chumbo! Reconhecei o fardo indigno que carregais e que pesa com uma indizível e tenaz pressão sobre milhões de criaturas. Atirai-o fora! Acaso merece ser carregado? Nem sequer um único segundo!

Que encerra ele? Debulho vazio que se desvanece temeroso ao sopro da Verdade. Desperdiçastes tempo e força em vão. Arrebentai, portanto, as cadeias que vos prendem embaixo, tornai-vos livres, afinal!

O ser humano que permanece acorrentado interiormente será um eterno escravo, mesmo que seja um rei.

Vós vos atais com tudo o que vos esforçais por aprender. Ponderai: com a aprendizagem vos comprimis em formas alheias que outros conceberam, associando-vos de bom grado a convicções alheias, assimilando somente aquilo que outros vivenciaram em si, para si.

Considerai: uma coisa não é para todos! O que é útil para um pode prejudicar a outrem. Cada qual tem de percorrer por si seu próprio caminho para o aperfeiçoamento. Seu equipamento para isso são as faculdades que traz em si. De acordo com elas é que tem de se orientar, e sobre elas edificar! Se não o fizer, permanecerá um estranho dentro de si mesmo, e se encontrará sempre ao lado daquilo que estudou, e que nunca pode tornar-se vivo dentro dele. Assim, cada proveito para ele está fora de cogitação. Vegeta, e se torna impossível um progresso.

Notai bem, ó vós que vos esforçais com sinceridade pela Luz e a Verdade:

O caminho para a Luz deve cada qual vivenciar dentro de si, descobri-lo pessoalmente, se desejar percorrê-lo com segurança. Somente aquilo que o ser humano vivencia e sente intuitivamente com todas as mutações é que compreendeu plenamente!

A dor e também a alegria batem continuamente à porta, estimulando, sacudindo para um despertar espiritual. Durante segundos fica então o ser humano muitas vezes libertado das futilidades da vida cotidiana e pressente, tanto na felicidade como na dor, ligação com o espírito que perpassa tudo o que é vivo.

E tudo é, pois, vida; nada está morto! Feliz daquele que compreende e retém tais momentos de ligação, erguendo-se nisso para cima. Não deve aí ater-se a formas rígidas, mas sim cada um deve desenvolver-se por si mesmo, partindo de seu íntimo.

Não vos preocupeis com zombadores que ainda desconhecem a vida espiritual. Como bêbados e como doentes se encontram perante a imponente obra da Criação, que tanto nos oferece. Como cegos que tateiam através da existência terrena, e não vêem todo o esplendor que os rodeia!

Estão confusos, dormem, pois como pode um ser humano, por exemplo, ainda afirmar que só existe aquilo que ele vê? Que acolá, onde ele com seus olhos nada consegue distinguir, não haja vida nenhuma? Que, com a morte de seu corpo, também ele deixa de existir, somente porque até agora, em sua cegueira, não se pôde convencer com seus olhos do contrário? Não sabe ele agora, já por muitas coisas, como é restrita a capacidade do olho? Não sabe ele ainda que ela está ligada às capacidades de seu cérebro, as quais, por sua vez, são adstritas ao tempo e ao espaço? E que, por essa razão, tudo quanto está acima do espaço e do tempo ele não pode reconhecer com seus olhos? Nenhum desses zombadores compreendeu ainda tal fundamentação lógica do raciocínio? A vida espiritual, chamemo-la também o Além, é, contudo, somente algo que se acha inteiramente acima do conceito terreno de espaço e de tempo, e que necessita, portanto, de um caminho idêntico para ser reconhecido.

Contudo, nosso olho nem vê mesmo aquilo que se deixa classificar no tempo e no espaço. Considere-se a gota d’água, cuja incondicional pureza cada olho testemunha e que, observada através dum microscópio, encerra milhares de seres vivos, que dentro dela, sem piedade, lutam e se destroem. Não há, às vezes, bacilos na água, no ar, que possuem força para destruir corpos humanos, e que não são percebidos pelos olhos? Todavia se tornam visíveis através de instrumentos aperfeiçoados.

Quem ousará ainda depois disso afirmar que não encontrareis coisas novas até agora desconhecidas, tão logo aperfeiçoardes melhor tais instrumentos? Aperfeiçoai-os mil vezes, milhões de vezes, mesmo assim a visão não terá fim; pelo contrário, diante de vós se desvendarão sempre de novo mundos que antes não podíeis ver nem sentir e que, todavia, aí já existiam.

O pensamento lógico leva a idênticas conclusões sobre tudo o mais que as ciências até agora conseguiram colecionar. Dá-se a expectativa de permanente desenvolvimento e nunca, porém, de um fim.

Que é então o Além? Muitos se confundem com essa palavra. O Além é simplesmente tudo aquilo que não se deixa reconhecer com meios terrenos. Meios terrenos, contudo, são os olhos, o cérebro, e tudo o mais do corpo, bem como os instrumentos que ajudam essas partes a exercer melhor e com mais nitidez suas atividades, ampliando-as.

Poder-se-ia dizer, portanto: o Além é o que se encontra além das faculdades de reconhecimento dos nossos olhos corpóreos. Uma separação, porém, entre este mundo e o Além não existe! E também nenhum abismo! Tudo é uno, como a Criação toda. Uma força percorre tanto o Aquém como o Além e tudo vive e atua a partir dessa única corrente da vida e por isso é completa e indissoluvelmente ligado. Disso se torna compreensível o seguinte:

Quando uma parte desse todo adoece, deve o efeito se fazer sentir na outra parte, como num corpo. Partículas doentes dessa outra parte fluem então para a que adoeceu, mediante a atração da espécie igual, reforçando assim mais a doença. Se tal doença se tornar incurável, surge então a indispensável contingência de amputar o membro doente, a fim de que o conjunto não sofra permanentemente.

Por esse motivo, modificai-vos. Não existe o Aquém e o Além, mas sim apenas uma existência una! A noção de separação foi inventada apenas pelo ser humano, por não poder ver tudo e se considerar o ponto central e principal do âmbito que lhe é visível. Mas o círculo de sua atividade é maior. Com o conceito errôneo de separação, ele apenas se restringe, violentamente, impedindo seu progresso, e dá ensejo a fantasias desenfreadas, originando imagens disformes.

Que há de surpreendente, pois, se, como conseqüência, muitos apenas têm um sorriso incrédulo, outros uma adoração doentia que degenera em escravidão ou fanatismo? Quem pode ainda se espantar com o medo, sim, aflição e pavor que se desenvolveram em muitos seres humanos?

Fora com tudo isso! Por que esse tormento? Derrubai essa barreira que o erro dos seres humanos procurou levantar, e que, todavia, nunca existiu! A orientação errônea de até agora vos dá também uma base falsa sobre a qual vos esforçais inutilmente em erigir sem fim a verdadeira fé, isto é, a convicção interior. Esbarrais por isso em pontos, rochedos que vos tornam vacilantes ou hesitantes, ou obrigam a destruir de novo o edifício todo propriamente, para, em seguida, talvez abandonar tudo com desalento ou rancor.

Somente vós sofreis o prejuízo, pois para vós não existe progresso, mas sim apenas parada ou retrocesso. O caminho que ainda tendes de percorrer torna-se desta forma ainda mais comprido.

Quando tiverdes finalmente compreendido a Criação como um todo, que ela é, quando não fizerdes nenhuma separação entre o Aquém e o Além, então tereis o caminho reto, o alvo verdadeiro estará mais próximo, e a ascensão vos causará alegria e satisfação. Podereis então sentir e compreender muito melhor os efeitos da reciprocidade que pulsam, cheios de vida, através de todo o conjunto uniforme, pois toda a atuação é impulsionada e mantida por aquela força única. A Luz da Verdade irromperá assim para vós!

Reconhecereis em breve que para muitos só a comodidade e a preguiça é a causa de zombarias, somente porque custaria esforços para derrubar o que foi aprendido e considerado até agora, e construir coisa nova. E a outros isso vem alterar a habitual rotina, e por isso se lhes torna incômodo.

Deixai esses tais, não brigueis; contudo, sede prestimosos com o vosso saber para com aqueles que não estiverem contentes com os prazeres passageiros e que procuram algo mais na existência terrena, não sendo como os animais, que só procuram satisfazer o corpo. Dai-lhes o reconhecimento obtido, não enterreis a dádiva, pois com o dar, reciprocamente, torna-se mais rico e forte o vosso saber.

No Universo age uma lei eterna: Somente dando pode-se também receber, quando se trata de valores permanentes! Isso penetra tão fundo, traspassa a Criação toda, como um legado sacrossanto do seu Criador. Dar desinteressadamente, ajudar onde for necessário, ter compreensão pelo sofrimento do próximo, bem como por suas fraquezas, chama-se receber, pois esse é o caminho reto e verdadeiro para o Altíssimo!

E querer isso seriamente redunda em vosso imediato auxílio e força! Um único desejo sincero e profundo voltado para o bem, e já será como uma espada de fogo manejada do outro lado, agora ainda invisível para vós, traspassando a muralha que vossos próprios pensamentos até aqui tinham erguido como obstáculo, pois vós sois, sim, uma só coisa com o Além tão temido, negado ou desejado, sois ligados a ele estreita e inseparavelmente.

Experimentai isso, pois vossos pensamentos são os mensageiros que enviais, e que a vós retornam sobrecarregados com o que foi intencionado por vós, seja coisa boa ou má. Isso acontece! Considerai, pois, que os vossos pensamentos são coisas que adquirem forma espiritual, não raro tornando-se configurações que sobrevivem à existência terrena do vosso corpo, e então muito tornar-se-vos-á claro.

Evidenciar-se-á assim a exatidão do que foi dito: Pois suas obras os seguirão! As criações de pensamentos são obras que vos hão de esperar! Que formam auréolas claras ou escuras à vossa volta e que tereis de transpor para penetrar no mundo espiritual. Nenhuma proteção, nenhuma interferência pode ajudar, porque tendes a autodeterminação. O primeiro passo para tudo tem de partir de vós, portanto. E ele não é difícil, reside apenas no querer que se manifesta pelos pensamentos. Desta forma trazeis em vós mesmos tanto o céu como o inferno.

Podeis decidir, mas estais sujeitos às conseqüências de vossos pensamentos e de vosso querer, incondicionalmente! As conseqüências, vós próprios as criais, por isso clamo para vós:

Conservai puro o foco dos vossos pensamentos, com isso estabelecereis a paz e sereis felizes!

Não vos esqueçais de que cada pensamento por vós criado e enviado atrai durante o percurso todos os da mesma espécie ou adere a outros; com isso se vai tornando cada vez mais forte e por fim atinge mesmo um alvo, um cérebro que talvez se tivesse distraído durante alguns segundos apenas, deixando assim entrar e atuar tais formas flutuantes de pensamentos.

Imaginai só que responsabilidade cai então sobre vós, se o pensamento se transformar em ação numa pessoa em que pôde atuar! Tal responsabilidade se manifesta já pela circunstância de que cada pensamento conserva ligação ininterrupta convosco, como através de um fio que não arrebenta, retrocedendo assim com a força adquirida durante o percurso, para vos tornar a oprimir ou beneficiar, conforme a espécie que emitistes.

Assim nos encontramos no mundo dos pensamentos, e damos lugar, com os diferentes modos de pensar, a formas de pensamentos semelhantes. Por isso não malbarateis a força do pensar; ao contrário, concentrai-a para a defesa e para pensamentos aguçados que saiam como lanças, atuando sobre tudo. Criai assim com os vossos pensamentos a lança sagrada que combate pelo bem, que cicatriza feridas, beneficiando a Criação inteira!

Por isso orientai o pensar para a ação e o progresso! Para fazer isso, tereis de abalar muitas colunas que suportam concepções tradicionais. Muitas vezes se trata dum conceito erroneamente absorvido, que não deixa encontrar o verdadeiro caminho. Ele tem de retroceder ao ponto de partida. Um vislumbre de luz põe abaixo a construção inteira, que ele penosamente construiu durante decênios, e então recomeça a obra depois de um maior ou menor atordoamento. Tem de fazer assim, já que no Universo não existe estagnação. Tomemos, por exemplo, a conceituação sobre o tempo:

O tempo passa! Os tempos mudam! Assim por toda a parte se ouve dizer; e com isso surge involuntariamente em nosso espírito um quadro: vemos tempos mutáveis passando por nós!

Esse quadro se torna hábito e para muitas pessoas forma uma base sólida por onde vão edificando e orientando todas as suas pesquisas e reflexões. Não demora muito, contudo, que esbarrem em obstáculos, que se contradizem uns com os outros. Já nada se ajusta, nem com a melhor boa vontade. Perdem-se e deixam lacunas, que, não obstante todo o cismar, não mais podem ser preenchidas.

Muitas pessoas acham então que em tal contingência se deve recorrer à fé, como sucedâneo, quando o pensamento lógico nenhum amparo encontra. Mas isso é errado! O ser humano não deve crer em coisas que não possa compreender! Deve procurar compreendê-las; do contrário escancarará a porta para o ingresso de erros, e com os erros sempre se desvaloriza também a Verdade.

Crer sem compreender é apenas preguiça e apatia mental! Isso não eleva o espírito, pelo contrário, oprime-o. Por conseguinte, levantemos o olhar, devemos pesquisar e analisar. Não é à toa que existe dentro de nós o impulso para isso.

O tempo! Passará realmente? Qual a razão de se encontrarem obstáculos referentes a esse princípio, quando aí se quer prosseguir no pensar? Muito simples, porque o pensamento básico é falso, pois o tempo permanece parado! Nós, sim, é que marchamos ao seu encontro! Investimos pelo tempo adentro, que é eterno, procurando dentro dele a Verdade.

O tempo permanece parado. Continua o mesmo hoje, ontem, durante mil anos! Somente as formas é que variam. Mergulhamos no tempo, para colher no regaço de suas anotações, a fim de fomentar nosso saber com as coleções que ele encerra! Pois nada se perdeu, tudo ele preservou. Não mudou, porque é eterno.

Tu também, ó ser humano, és sempre apenas o mesmo, quer pareças jovem ou já sejas velho! Permaneces aquele que és! Tu próprio já não o percebeste? Não notas nitidamente uma diferença entre a forma e o teu “eu”? Entre o corpo, que é sujeito a alterações, e tu, o espírito, que é eterno?

Vós procurais a Verdade! Que é a Verdade? O que hoje ainda admitis como Verdade patentear-se-vos-á amanhã já como erros, para mais tarde verificardes outra vez que nesses erros se encontram grãos de Verdade! Pois também as revelações modificam suas formas. Assim vos sucede nas ininterruptas pesquisas, mas nas modificações amadurecereis!

A Verdade, contudo, permanece sempre a mesma, não muda, pois é eterna! E sendo eterna, nunca poderá, mediante os sentidos materiais que só distinguem mutações de formas, ser compreendida real e limpidamente!

Por isso, espiritualizai-vos! Livres de todos os pensamentos terrenos, possuireis a Verdade, estareis na Verdade, a fim de banhar-vos na Luz límpida que ela irradia constantemente, pois vos rodeia totalmente. Nadareis nela, tão logo vos espiritualizardes.

Não tereis mais necessidade de aprender arduamente as ciências nem de recear quaisquer erros, mas sim tereis para cada pergunta a resposta já na própria Verdade; mais ainda, não tereis então mais perguntas, pois, sem que penseis, sabereis tudo, abrangereis tudo, porque vosso espírito vive na Luz límpida, na Verdade!

Por conseguinte, tornai-vos livres espiritualmente! Arrebentai todas as cadeias que vos oprimem! Se com isso se apresentarem estorvos, arremessai-vos jubilosos contra eles, pois eles significam que estais no caminho para a liberdade e força! Considerai-os como uma dádiva, donde surgem proveitos para vós e, brincando, os transporeis.

Ou eles são colocados à vossa frente para que aprendais com isso e vos desenvolvais, com o que aumentais vossos recursos para a ascensão, ou são efeitos retroativos de alguma culpa, que com isso redimireis e da qual vos podeis libertar. Em ambos os casos vos levarão para diante. Assim, ide em frente, é para vossa salvação!

É tolice falar de golpes do destino ou provações. Cada luta e cada sofrimento é progresso. Com isso o ser humano terá ensejo de anular sombras de culpas anteriores, pois nenhum centavo pode ser perdoado para cada um, porque o circular de leis eternas no Universo é também aqui inexorável, leis nas quais se revela a vontade criadora do Pai, que assim nos perdoa e desfaz todas as trevas.

O menor desvio nisso reduziria o mundo em escombros, tão bem disposto e sabiamente ordenado se acha tudo.

Quem, todavia, tiver muita coisa anterior a liquidar, não deverá tal pessoa desanimar então, apavorando-se diante do resgate de suas culpas?

Pode dar início a isso confiante e alegre, livre de quaisquer preocupações, logo que queira com sinceridade! Pois uma compensação pode ser criada através da corrente contrária duma força de boa vontade que no espiritual se torna viva como as demais formas de pensamentos e se torna uma arma eficiente, capaz de livrar cada lastro de trevas, cada pesadume, e conduzir o “eu” para a Luz!

Força de vontade! Um poder não-pressentido por tantas pessoas que, como um imã que nunca falha, atrai as forças iguais, fazendo-as crescer como avalanches, e unida a outros poderes espirituais semelhantes, atua retroativamente, atinge novamente o ponto de partida, portanto a origem, ou, melhor ainda, o gerador, e o eleva para a Luz ou o arremessa mais profundamente ainda na lama e na sujeira! Conforme a espécie que o próprio autor desejou anteriormente.

Quem conhece essa ação recíproca permanente e infalível, existente em toda a Criação, que nela se desencadeia e desabrocha com inamovível certeza, esse sabe utilizá-la, tem de amá-la, tem de temê-la! Para esse torna-se vivo gradualmente o mundo invisível que o rodeia, pois sente seus efeitos com tal nitidez, que liquida cada dúvida.

Tem de intuir as fortes ondas de atividade infatigável que agem sobre ele, provenientes do grande Universo, tão logo atente um pouco, sentindo finalmente que ele é o foco de fortes correntes, qual uma lente que faz convergir os raios solares sobre um ponto e acolá gera uma força que atua inflamando, podendo queimar e destruir, bem como curar e vivificar, trazer bênçãos, e também provocar um fogo abrasador!

E tais lentes sois também vós, capazes de, mediante vossa vontade, concentrar essas correntes invisíveis de força que vos atingem, emitindo-as reunidas num potencial para finalidades benéficas ou malévolas, conduzindo bênçãos ou destruições à humanidade. Fogo abrasador, sim, que podeis e deveis, com isso, acender nas almas: o fogo do entusiasmo para o bem, para o que é nobre e para a perfeição!

Para isso se faz mister apenas uma força de vontade que torna o ser humano de certa maneira o senhor da Criação, determinando seu próprio destino. Sua própria vontade lhe acarreta a destruição ou a salvação! Cria-lhe, com inexorável certeza, a recompensa ou o castigo.

Não temais, pois, que tal saber vos afaste do Criador ou vos enfraqueça a fé que nutristes até agora. Pelo contrário! O conhecimento dessas leis eternas, que podeis utilizar, deixa a obra da Criação parecer ainda mais sublime para vós, e obriga o pesquisador sincero a se prostrar de joelhos, absorto diante de tal grandeza!

E então jamais o ser humano quererá o mal. Agarrar-se-á com alegria ao melhor apoio que existe para ele: ao amor! Amor por toda a Criação maravilhosa, amor pelo próximo, a fim de também conduzi-lo à magnificência dessa usufruição, à consciência dessa força.