Krak dos Cavaleiros

terça-feira, 30 de novembro de 2010

ASTROLOGIA





ARTE régia é ela chamada, e não sem acerto. Não, porém, por ser a soberana de todas as artes, tampouco por ser reservada aos reis terrenos, mas quem conseguisse praticá-la realmente, estaria apto a assumir espiritualmente uma situação régia, tornando-se assim dirigente de muitas coisas que acontecem e que deixam de acontecer.

Mas não existe um único ser humano terreno a quem sejam confiadas essas faculdades. Por isso todos os trabalhos nesse sentido permanecerão meras tentativas sem valia, duvidosas quando levadas a sério pelos que as praticam, criminosas quando a presunção e a fantasia doentia cooperam, substituindo a profunda seriedade.

O mero cálculo astrológico pouco pode, aliás, adiantar, porque às irradiações dos astros pertencem também as respectivas irradiações do solo da Terra, assim como também incondicionalmente a matéria fina viva, com todas as suas atividades, como, por exemplo, o mundo das formas de pensamentos, do carma, as correntes das trevas e da Luz na matéria, bem como outras coisas mais. Qual o ser humano que pode vangloriar-se de haver abrangido de modo nítido e claro tudo isso, desde os abismos mais profundos até as alturas mais elevadas da matéria?

As irradiações dos astros formam somente os caminhos e os canais através dos quais tudo o que é vivo na matéria fina pode chegar mais concentradamente a uma alma humana, a fim de ali se efetivar. Falando figuradamente, pode-se dizer: os astros assinalam as épocas em que os efeitos retroativos e outras influências através da condução das irradiações podem fluir sobre o ser humano mais concentrada e cerradamente. Às irradiações dos astros desfavoráveis ou hostis congregam-se na matéria fina as correntezas más pendentes destinadas ao respectivo ser humano; às irradiações favoráveis, por sua vez, apenas as boas, de acordo com a igual espécie.

Eis por que os cálculos em si não são de todo destituídos de valor. Mas é condição indispensável que para um determinado ser humano haja, na ocasião das irradiações desfavoráveis, também efeitos retroativos desfavoráveis ou, por ocasião das irradiações benéficas, efeitos retroativos também benéficos. Do contrário, impossível será qualquer efeito. Por outro lado, também, as irradiações dos astros não são por acaso fantasmagóricas, por si só ineficazes, sem ligação com outras forças, mas possuem também efeitos automáticos, dentro de certas restrições.

Se para determinada pessoa só houver no mundo de matéria fina ações de retorno maléficas, prontas para atuar, tais atividades, todavia, ficarão bloqueadas, reprimidas ou pelo menos bastante represadas nos dias ou horas de irradiações astrais benéficas, segundo a espécie das irradiações. De idêntico modo, evidentemente, também ocorre com o inverso, de maneira que, por ocasião dos efeitos retroativos benéficos em atividade, o favorável será paralisado pela irradiação desfavorável, durante a época correspondente a essa irradiação.

Mesmo que, por conseguinte, os canais das irradiações siderais corram vazios pela falta de efeitos de igual espécie, funcionam ao menos como bloqueio temporário contra os eventuais efeitos recíprocos de espécie diferente em atividade, de modo que nunca permanecem de todo sem influência. Apenas não podem, justamente as irradiações de todo benéficas, conduzir sempre algo de bom ou as irradiações más sempre algo de mau, se para a respectiva pessoa tal coisa não existir.

A esse respeito os astrólogos não podem dizer: “Então, portanto, temos razão”. Pois esse ter razão é apenas condicional e muito restrito. Não justifica as afirmações muitas vezes arrogantes e os apregoamentos comerciais. Os canais vazios das irradiações dos astros podem muito bem acarretar interrupções, porém nada mais, nem de bem nem de mal.

Deve-se admitir, por sua vez, que em certo sentido a interrupção temporária de maus efeitos retroativos já é em si algo de bom. Pois proporciona, a quem se encontra fortemente acuado pelo mal, um tempo para tomar alento e com isso forças para prosseguir suportando.

Além disso, devem justamente as irradiações frenadoras ocasionar ao espírito humano motivo para maior esforço, o que por sua vez acorda o espírito, fortalece-o e deixa-o inflamar-se cada vez mais nos esforços para vencer esses obstáculos.

Os cálculos dos astrólogos, apesar de tudo, poderiam ser bem recebidos, se não se desse atenção às inúmeras fanfarronices e à propaganda de tantos. Contribui, porém, uma série de outros fatores importantes que tornam tais cálculos muito duvidosos, de modo que na realidade geralmente eles produzem mais danos do que proveitos.

Não entram em cogitação apenas os poucos astros que hoje estão à disposição dos astrólogos para os cálculos. Inúmeros outros astros, nem sequer conhecidos pelos astrólogos, diminuindo os efeitos, fortalecendo, cruzando ou deslocando-os, têm um papel tão grande, que o resultado final do cálculo muitas vezes pode ser totalmente oposto àquilo que ao melhor astrólogo é possível dizer hoje em dia.

Finalmente, existe mais um ponto decisivo, o maior e o mais difícil: é a alma de cada ser humano! Apenas aquele que, além de todas as outras exigências, é capaz de pesar com exatidão cada uma dessas almas, até o último grau, com todas as suas capacidades, características, complicações cármicas e em todos os seus esforços, isto é, em sua verdadeira maturidade ou imaturidade no Além, poderia talvez ousar fazer cálculos!

Por mais que as irradiações astrais possam ser benéficas para um ser humano, nada poderá atingi-lo de luminoso, isto é, de bom, se ele tiver em volta de si muito de trevas, devido ao estado de sua alma. No caso oposto, porém, a pessoa cujo estado anímico só permite em volta de si a limpidez e o que é luminoso, a mais desfavorável de todas as correntezas astrais não poderá oprimir tanto que ela sofra sérios danos; por fim, tudo terá de se voltar sempre para o bem.

A onipotência e a sabedoria de Deus não são tão unilaterais como cuidam em seus cálculos os adeptos da astrologia. Ele não sincroniza o destino dos seres humanos, isto é, o seu bem e o seu mal somente com as irradiações astrais.

Estas, sim, cooperam vigorosamente não apenas em relação a cada ser humano isoladamente, mas em relação a todos os fenômenos mundiais. Contudo, também nisso elas são meros instrumentos, cuja atuação não só está em conexão com muitas outras, mas também com isso permanecem dependentes, em suas possibilidades, de todos os efeitos. Mesmo quando tantos astrólogos supõem trabalhar intuitivamente, sob inspiração, então isso não pode contribuir tanto para um aprofundamento, que se permita depositar muito maior confiança na aproximação de uma realidade dos cálculos.

Os cálculos permanecem fragmentos unilaterais, insuficientes, lacunosos, em suma: imperfeitos. Trazem inquietação entre os seres humanos. A inquietação, no entanto, é a inimiga mais perigosa da alma, pois abala a muralha de proteção natural, deixando entrar muitas vezes, justamente assim, o que é do mal, que do contrário não teria encontrado qualquer entrada.

Inquietos se tornam muitos seres humanos ao dizer para si que estão expostos a irradiações maléficas, mas muitas vezes demasiadamente confiantes e com isso imprudentes, quando estão convictos de estarem justamente sujeitos a irradiações benéficas. Pela insuficiência de todos os cálculos, sobrecarregam-se eles com preocupações desnecessárias, ao invés de manter sempre o espírito livre e alegre, que reúne mais forças para a defesa, do que conseguem as mais fortes correntezas más para oprimir.

Os astrólogos deviam, se não conseguem proceder diferentemente, continuar calmamente seus trabalhos, procurando se aperfeiçoar nisso, mas somente em silêncio e para si próprios, conforme fazem os que entre eles realmente devem ser tomados a sério! Deveriam poupar aos demais seres humanos tais imperfeições, visto que estas apenas atuam maleficamente, trazendo como fruto abalo da autoconfiança, atamento nocivo dos espíritos livres que, incondicionalmente, tem de ser evitado.

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