Krak dos Cavaleiros

sábado, 10 de dezembro de 2011

Entrando em Outro Mundo


Entrando em Outro Mundo 1/4

Nossa pesquisa sobre esse 'Leonardo desconhecido' iria se tornar uma investigação longa, envolvente e inacreditável, mais parecida com uma iniciação do que com uma simples viagem do ponto A até o ponto B. Durante nossa iniciação, chegamos a muitos becos sem saída e começamos a nos sentir emaranhados no mundo daqueles que estavam conectados com essas sociedades secretas; e que se divertiam com jogos sinistros e em desempenhar o papel de agentes de desinformação. Perguntamo-nos várias vezes, ainda um tanto aturdidos, como é que uma simples pesquisa sobre a vida e a obra de Leonardo da Vinci poderia ter nos arremessado em um mundo que acreditávamos só existir em filmes impenetráveis como Orphée, do grande surrealista francês Jean Cocteau, que é a descrição de um outro mundo, onde só se pode entrar atravessando um espelho.
Na verdade, foi esse grande representante do bizarro, Cocteau, quem nos daria ainda outras pistas, não só sobre as crenças pessoais de Leonardo, como também em relação à existência ininterrupta de uma tradição ocultista que se ocupava dos mesmos assuntos tão caros a ele. Iríamos descobrir que Cocteau (1889-1963) realmente parecia ter se envolvido com essa sociedade secreta; o que nos permite inferir isso será discutido mais tarde. Primeiro vamos analisar o conjunto de evidências que está mais à mão, aquele que está bem diante de nossos olhos.
Surpreendentemente próximo às luzes brilhantes e glamourosas da Praça Leicester, em Londres, está a igreja de Notre-Dame de France. Loca­lizada no bairro de Leicester, vizinha de uma sorveteria da moda, é bem difícil de se achar, porque sua fachada não oferece a resplandecência que asso­ciaríamos à maioria das igrejas católicas. Poder-se-ia passar por ela sem se­quer notá-la e certamente sem perceber o quanto sua aparência se diferencia da maioria das outras igrejas cristãs.
Construída em 1865, em um local relacionado aos Cavaleiros Templá­rios, Notre-Dame de France foi quase totalmente destruída pelas bombas nazistas durante a blitzkrieg (Em alemão no original. Palavra referente aos rápidos e maciços ataques alemães durante a II Guerra Mundial) e reconstruída no final dos anos 50. Passando por seu modesto aspecto exterior, o visitante entra em uma sala grande, alta e ventilada que, à primeira vista, parece ter sido projetada com a mesma ar­quitetura típica das igrejas modernas. Quase desprovida dos ornamentos usuais que adornam muitas outras igrejas, ela possui, contudo, pequenas placas re­tratando a Via Crucis; um altar alto sob uma tapeçaria retratando uma Virgem jovem e loura, rodeada por adoráveis animais, os quais, embora lembrem al­gumas das cenas mais engraçadinhas dos filmes de Disney, ainda assim cabem no que se pode chamar de uma descrição aceitável de Maria quando jovem. E há também alguns anjos de gesso reinando sobre as laterais da capela. Do lado esquerdo de quem olha o altar de frente, entretanto, há uma pequena capela que não tem nenhuma estátua a ser cultuada, embora, na verdade, tenha seu próprio séquito de devotos. Os visitantes, admirados, tiram fotogra­fias do mural incomum, de autoria de Jean Cocteau, que o terminou em 1960. A igreja, por sua vez, orgulha-se de vender cartões-postais estampados com a sua obra de arte, que é bastante famosa. Mas, como acontece com os chama­dos trabalhos cristãos de Leonardo, esse afresco, quando examinado de modo mais meticuloso, revela um simbolismo muito pouco ortodoxo. A comparação com as obras de Leonardo não é de modo algum fortuita. Mesmo levando-se em conta o espaço de 500 anos entre uma obra e outra, seria possível imagi­nar que Leonardo e Cocteau estiveram, de algum modo, colaborando entre si através dos tempos?
Antes de centrarmos nossa atenção nessa preciosa obra de Cocteau, façamos uma visita à igreja de Notre-Dame de France. Embora não seja a única, com certeza é algo bastante incomum uma igreja católica ter um for­mato circular, sendo este bastante enfatizado aqui, em diversos detalhes. Por exemplo, há uma notável cúpula em formato de clarabóia, adornada com desenhos de círculos concêntricos, os quais, não seria tolice se assim inter­pretássemos, formam uma espécie de teia de aranha. E as paredes, tanto as de dentro quanto as de fora, contêm um repetitivo motivo de cruzes de lados iguais, e ainda mais círculos.
A igreja do pós-guerra, relativamente nova, portanto, e que, como desco­briremos, era um ponto de convergência para os grupos cujas crenças reli­giosas não eram tão ortodoxas quanto nos levariam a acreditar os livros de história, incorporou com muito orgulho em sua construção uma laje de pe­dra que pertencera à Catedral de Chartres, a jóia da coroa da arquitetura gótica. Pode-se argumentar que nada há de tão excepcional ou sinistro em utilizar essa laje de pedra na construção, pois afinal, durante a guerra, essa igreja era um ponto de encontro da resistência francesa, e uma pedra vinda de Chartres seria, com certeza, um símbolo pungente da terra natal a ser defendida. Entretanto, nossa pesquisa iria mostrar que há ainda muito mais do que isso.
Dia após dia, muitas pessoas, londrinos e visitantes de outros lugares, entram em Notre-Dame de France para rezar e assistir aos serviços religio­sos. A igreja parece ser uma das mais freqüentadas de Londres, além de servir como um abrigo conveniente para os moradores de rua, que são tratados com extrema bondade. Porém, é o mural de Cocteau que age como um ímã para a maioria dos que lá vão, como parte do roteiro de sua visita a Londres, embora também aproveitem esse oásis de sossego para fugir ao barulho e à agitação da metrópole.
Ao se olhar o afresco pela primeira vez, é bem possível que se fique um tanto desapontado, pois, como muitas outras obras de Cocteau, a princípio ele parece ser pouco mais do que um esboço pintado, o retrato de uma cena simples com um parco colorido sobre o gesso. O afresco mostra a crucifi­cação: a vítima rodeada de atemorizados soldados romanos, mulheres morti­ficadas e discípulos. Estão aí presentes, pode-se dizer, todos os elementos necessários para se retratar a cena tradicional da crucificação de Jesus. Con­tudo, assim como na Última Ceia de Leonardo, ela também merece um exame mais cuidadoso, mais crítico e, até mesmo, mais sensato.
É bem possível que a figura central, vítima de um dos mais terríveis tipos de morte através de tortura, seja Jesus. No entanto, a verdade é que, simplesmente, desconhecemos sua identidade, porque o vemos apenas do joelho para baixo. A parte de cima do corpo não é mostrada. E aos pés da cruz há uma enorme rosa vermelho-azulada.
No primeiro plano há um personagem que não é nem romano nem discípulo, e está se afastando da cruz. Sua fisionomia transparece um grande incômodo relacionado à cena. De certo, presenciar a morte de qualquer homem em tais circunstâncias é um acontecimento extremamente perturba­dor, algo certamente angustiante. Ainda mais nesse caso em particular, pois deve ser algo indescritivelmente traumático estar presente quando o Deus encarnado está se esvaindo em sangue. No entanto, a expressão desse personagem não é a de um homem consternado, nem a de um devoto desolado. Se formos realmente honestos, o cenho franzido e o olhar de soslaio caracter­izam uma testemunha um tanto desiludida, até mesmo cheia de aversão. Essa reação não é de alguém que está disposto, mesmo que remotamente, a subm­eter-se à autoridade de outrem, postar-se de joelhos e começar a orar, mas sim a de alguém que expressa sua opinião diante de um igual.
Quem será essa presença que comparece ao ato mais sagrado do cris­tianismo com um ar de desaprovação? Ninguém mais, ninguém menos do que o próprio Cocteau. E se considerarmos que Leonardo retratou a si mes­mo desviando seu olhar para longe da Sagrada Família na Adoração dos Reis Magos, e de Jesus na Última Ceia, há pelo menos alguma semelhança entre essas obras. E quando levamos em conta as afirmações de que os dois artistas eram membros de alto escalão da mesma e herética sociedade secreta, torna-­se irresistível a realização de uma investigação mais profunda.
Pairando sobre a cena, há um sol negro, como um olhar ameaçador, espalhando seus raios escuros por todo o céu. Diante dele posta-se uma pessoa, talvez um homem, com a silhueta recortada contra o horizonte, cu­jos olhos erguidos e salientes parecem-se incrivelmente com um par de seios buliçosos, Quatro soldados romanos, em poses épicas, colocam-se ao redor da cruz. Seguram lanças em ângulos estranhos e talvez significativos, sendo que um deles porta um escudo, que tem como emblema uma águia estilizada. Aos pés dos dois está uma peça de tecido sobre o qual alguns dados estão espalhados. A soma total dos números que aparecem é igual a 58.
Um jovem insípido cruza suas mãos aos pés da cruz. Seu olhar um tan­to vago observa uma das duas mulheres que são retratadas. Elas, por sua vez, parecem estar unidas, formando um grande "M", bem debaixo do homem com olhos em forma de seios, A mais velha das mulheres olha para baixo, aflita, parecendo verter lágrimas de sangue. A mais jovem, que literalmente se afasta, dá as costas à cruz, mesmo estando próxima a essa. Outra figura em forma de 'M' repete-se na frente do altar, que está diante do mural. Na ex­trema direita da obra, a última das figuras retratadas é a de um homem de idade indeterminada, cujo único olho visível tem a aparência inconfundível de um peixe.
Alguns estudiosos têm dito que o ângulo das lanças dos soldados forma um pentagrama, um símbolo nada ortodoxo e que não tem lugar em uma cena cristã tradicional como essa. Esse símbolo, mesmo sendo intrigante, não faz parte de nossa investigação. Como já vimos, parecem existir ligações visíveis entre as mensagens subconscientes presentes nos trabalhos religio­sos de Cocteau e Leonardo, e é esse uso compartilhado de certos símbolos que nos chama a atenção.
Os nomes de Leonardo da Vinci e Jean Cocteau aparecem na lista dos Grãos Mestres daquela que se auto denomina uma das mais antigas e influen­tes sociedades secretas da Europa, o Prieuré de Sion, o Monastério de Sion. Fonte de muitas controvérsias, sua existência tem sido colocada em dúvida e, portanto, quaisquer de suas supostas atividades têm sido, com freqüência, ridicularizadas, e suas conexões, ignoradas. No início, tivemos a mesma reação, porém, investigações posteriores revelaram que a questão não era assim tão simples.
O Monastério de Sion chamou atenção, pela primeira vez, dos povos de língua inglesa somente em 1982, através do best-seller The Holy Blood and the Holy Grail, de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, em­bora sua edição original em francês seja do início dos anos 60. O Monastério é uma ordem cavalheiresca e semi-maçônica com alguma ambição política e, parece, considerável força nos labirintos do poder. Posto isso, é bastante difícil categorizar o Monastério, talvez porque haja algo essencialmente quimérico em relação à operação como um todo. Nada há de ilusório, entretanto, em relação à informação que nos foi passada por um representante do Monas­tério, com quem nos encontramos no início de 1991. Esse encontro foi re­sultado de uma série de cartas, um tanto estranhas, enviadas a nós, após ter­mos participado de um debate no rádio sobre o Sudário de Turim.
Os fatos relacionados a esse encontro um tanto surreal estão detalhados em um livro anterior. Por ora, diremos apenas que um certo 'Giovanni', a quem só conhecemos através desse pseudônimo, um italiano que dizia per­tencer ao alto escalão do Monastério de Sion, havia nos observado cuida­dosamente durante os primeiros estágios de nossa pesquisa sobre Leonardo e o Sudário. Qualquer que tenha sido a razão, ele finalmente decidiu entrar em contato conosco e falar sobre certos interesses da organização e, quem sabe, nos envolver em seus planos. Grande parte das informações que nos passou foi divulgada em nosso livro sobre o Sudário de Turim, após termos, de um modo um tanto tortuoso, checado a fundo todas elas. Porém, mais uma vez, essas informações não são pertinentes a este trabalho e, portanto, não falaremos delas aqui.
Apesar das conseqüências possivelmente espantosas, ou mesmo chocantes, relacionadas às informações de Giovanni, nós nos sentíamos real­mente tentados a levar a sério a maior parte delas, pois nossas pesquisas as confirmavam. Por exemplo, a imagem do Sudário de Turim comporta-se como uma fotografia, conforme já demonstramos, pois é exatamente isso o que ela é. E se as informações de Giovanni, como ele afirmou, realmente tivessem como fonte os arquivos do Monastério, então existe uma razão efetiva para seguirmos a linha de raciocínio proposta por essa organização, quem sabe, talvez, com uma pitada de saudável ceticismo, sem de modo algum negá-las de forma imediata e definitiva, como fazem muitos dos inimigos do Monas­tério.
Quando começamos a nos aprofundar no mundo secreto de Leonardo, logo percebemos que, se essa sociedade oculta realmente fosse parte inte­gral da sua vida, então seria bem possível que fosse a fonte geradora das forças que o motivavam. Se ele realmente fizesse parte de alguma rede pode­rosa do submundo, então talvez seus influentes patronos, como os Lorenzo de Medici e Francisco I, da França, também o fizessem. Tudo indica que havia realmente uma sociedade secreta que alimentava as obsessões de Leonardo: mas será que era, como alguns alegam, o Monastério de Sion?
Se as afirmações relacionadas ao Monastério forem verdadeiras, então essa organização já era venerável quando Leonardo ingressou em suas filei­ras. Sendo tão antigo quanto for, porém, o Monastério deve ter exercido uma poderosa atração, talvez mesmo inigualável, para o jovem artista e para mui­tos de seus incrédulos colegas renascentistas. Talvez, como os modernos maçons, ela propiciasse um avanço material e social, facilitando os passos do jovem artista entre os meandros da corte européia mais influente, mas isso não explica a evidente profundidade das estranhas crenças pessoais de Leo­nardo. Tenha ele feito parte ou não, a sociedade exerceu um forte apelo sobre o seu espírito, tanto quanto sobre os seus interesses materiais.
A base do poder do Monastério de Sion reside, ao menos em parte, na sugestão de que seus membros eram, e sempre foram, guardiães de um grande segredo, um segredo que, se fosse tornado público, faria bal­ançar os alicerces tanto da Igreja quanto do Estado. O Monastério de Sion, algumas vezes chamado de Ordem de Sion ou Ordem de Nossa Senhora de Sion, além de alguns outros títulos pouco utilizados, afirma que sua fundação remonta a 1099, época da primeira Cruzada. E mesmo essa data serve apenas ao propósito de institucionalizar o grupo, guardião de um conhecimento explosivo, que, porém, já existia há muito mais tempo. O Monastério afirma ser a força criadora por trás dos Cavaleiros Templários, esse original corpo medieval de monges-soldados de sinistra reputação. O Monastério e os Templários se tornaram, ao menos assim se afirma, virtualmente a mesma organização, presidida pelo mesmo Grã-­Mestre, até que fossem vítimas de um cisma e se separassem, em 1188. O Monastério continuou sob a custódia de uma série de Grão-Mestres, in­cluindo alguns dos nomes mais ilustres da história, como Isaac Newton, Sandro Filipepi (conhecido como Botticelli), Robert Fludd, o filósofo do ocultismo inglês e, claro, Leonardo da Vinci que, alega-se, presidiu o Monas­tério durante os últimos nove anos de sua vida. Entre seus líderes mais recentes estiveram Victor Hugo, Claude Debussy e o artista, escritor, roteirista e diretor de filmes Jean Cocteau. E embora estes não fossem Grãos Mestres, o Monastério, afirmam alguns, vem atraindo diversos lumi­nares ao longo dos séculos, como Joana D'Arc, Nostradamus (Micheal de Notre Dame) e até mesmo o Papa João XXIII.
Celebridades à parte, a história do Monastério de Sion, segundo se alega, envolve gerações e gerações de algumas das famílias mais influen­tes da aristocracia européia. Estas incluem os d'Anjous, os Habsburgs, os Sinclair e os Montgomery.
O objetivo público do Monastério é proteger os descendentes da antiga dinastia dos Merovíngios, reis do que hoje é a França, e clã deten­tor do poder nessa região, do século quinto até o assassinato de Dagoberto II, no final do século dezessete. Seus detratores, entretanto, afirmam que o Monastério de Sion passou a existir apenas a partir de 1950 e que consiste de um punhado de mitômanos sem qualquer poder real, mo­narquistas com ilimitados sonhos de grandeza.
Então, se por um lado temos as afirmações do próprio Monastério sobre sua linhagem e raison d'étre,  por outro, temos as opiniões de seus críticos. Deparamo-nos, então, com um imenso rio sem pontes e, para sermos sinceros, estávamos cheios de dúvidas sobre continuar se­guindo com essa linha de pesquisa. Entretanto, percebemos que, embora uma análise do Monastério recaia logicamente em duas frentes, ou seja, as questões pertinentes à sua existência recente e suas próprias alegações de cunho histórico, o assunto é por demais complexo e nada é muito claro em relação ao que quer que esteja em conexão com essa organização. Uma cone­xão dúbia ou uma aparente contradição em relação às atividades do Monastério inevitavelmente faz com que os cépticos denunciem a coisa toda como um completo absurdo do início ao fim. Devemos relembrar, contudo, que estamos lidando com fabricantes-de-mitos, que com freqüência preocupam-­se mais em tornar convenientes, através do uso de imagens arquetípicas, idéias poderosas e até mesmo chocantes, do que em transmitir uma verdade de modo literal.
Que o Monastério existe atualmente, não temos a menor dúvida. Nos­sas conversas com Giovanni nos persuadiram de que, no mínimo, não era um confidente trapaceiro e ocasional, e que deveríamos dar crédito às suas infor­mações.Ele não apenas nos passou informações inestimáveis sobre o Sudário de Turim, como também nos supriu com detalhes relacionados a vários out­ros indivíduos que estão atualmente envolvidos com o Monastério, além de informações sobre outras organizações esotéricas, talvez associadas, tanto na Inglaterra quanto no continente europeu. Mencionou, por exemplo, como sendo seu companheiro de organização, um publicitário com o qual um de nós já havia trabalhado nos anos 70. À primeira vista, a afirmação de Giovan­ni sobre esse homem nos pareceu apenas uma maliciosa fantasia de sua parte, porém, dali a alguns meses, algo muito estranho aconteceu.
Por meio de uma notável sincronicidade, o publicitário compareceu a uma festa dada por uma de nossas amigas, em novembro de 1991, em um restaurante de que ela gostava em particular, bem longe de sua casa em Home Counties (bairro da cidade de Londres) , mas logo na esquina da casa de um de nós. Foi, portanto, uma enorme surpresa encontrar alguém que havia sido mencionado por Giovan­ni, como sendo um dos membros da organização, em um restaurante nas vizinhanças. Entramos, então, em contato e, logo depois, fomos convidados a ir até sua casa em Surrey. Sempre uma boa companhia, passamos horas bastante agradáveis com ele e sua esposa, mas pouco a pouco o fato se tornou evi­dente: ele era membro do Monastério de Sion.
Nossos contatos resultaram em um convite para uma festa em sua casa de campo, após as festividades de Natal. Era uma festa chique, porém, acon­chegante, e os outros convidados eram charmosos cosmopolitas, todos admi­ravelmente, diríamos até excessivamente, interessados em nosso trabalho sobre Leonardo e o Sudário. Era algo muito lisonjeiro, mas, ao mesmo tempo, um tanto inquietante, especialmente porque todos eram executivos do siste­ma financeiro internacional.
Sabíamos que nosso anfitrião tinha conexões com algum tipo de organi­zação maçônica mas, apesar de sua cultivada e com freqüência confusa in­teligência, era também praticante do ocultismo. Sabemos que isso é verdade, em parte, porque ele mesmo nos contou, deliberadamente. Com certeza, queria que tomássemos conhecimento de algo sobre as conexões, suas e de seu círculo de amigos, com o ocultismo, mas o que exatamente? Qualquer que seja a natureza de sua agenda secreta, havíamos chegado à conclusão de que o Monastério existia em um mundo de homens e mulheres cultos e influen­tes.



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