Krak dos Cavaleiros

terça-feira, 28 de setembro de 2010

GNOSTICISMO EM Matrix

O GNOSTICISMO EM Matrix

Embora a presença de elementos individuais cristãos no filme seja clara, todo o sistema cristão apresentado no filme não é o tradicional, mas o ortodoxo. Mais ainda, os elementos cristãos do filme fazem maior sentido quando vistos dentro do contexto Gnóstico-CRISTÃO.
O GNOSTICISMO foi um sistema religioso que floresceu por séculos no começo da Era Cristã e em muitas regiões do antigo mundo mediterrâneo, onde competiu fortemente com o cristianismo ortodoxo enquanto, em outras áreas, representava a única interpretação do cristianismo, como é sabido.
Os gnósticos tiveram suas próprias escrituras, acessíveis a nós na forma dos Evangelhos de Nag Hammadi, a partir dos quais se pode ter uma idéia geral das crenças gnósticas.Ainda que o Gnosticismo Cristão compreenda muitas variedades, o Gnosticismo como um todo parece haver abraçado o Mito Cosmogônico Oriental, que explica a natureza verdadeira do universo e do ser humano dentro dele.Uma pequena citação desse Mito esclarece vários aspectos dentro de Matrix.
No Mito Gnóstico, o Deus Supremo é totalmente perfeito, e, por isso, estranho e misterioso, “inefável”, “inalcançável”, “imensurável luz, pura, santa e imaculada” (Apócrifo de João). Mais ainda: Para este Deus existem outros seres menos divinos no Pleroma (similar ao Paraíso, uma divisão desse universo que não é a Terra), que é dotado de um sexo metafórico masculino ou feminino.
Pares desses seres são capazes de produzir descendência, que são, eles mesmos, emanações divinas perfeitas em si mesmas. O problema surge quando um EON ou Ser chamado SOPHIA (Sabedoria em grego), uma mulher, decide “levar adiante sua semelhança sem o consentimento do Espírito” – que gera uma descendência sem sua consorte (Apócrifo de João).
A antiga visão era a de que as mulheres oferecem a matéria na reprodução, e os homens, a forma. Por isso, o ato de Sophia produz uma descendência que é imperfeita ou até mesmo mal formada, e ela a afasta dos outros seres divinos do Pleroma, levando-a para outra região isolada do cosmos. Essas deformadas e ignorantes deidades, as vezes denominadas JALDABAOTH, equivocadamente acreditam ser o único Deus.
Os gnósticos identificam Jaldabaoth como o Deus Creador do Antigo Testamento, o qual decide crear os Arcontes (Anjos), o mundo material (Terra) e os seres humanos. Embora as tradições variem, Jaldabaoth normalmente é enganado dentro do alento divino ou espírito de sua mãe Sophia que antigamente vivia nele, dentro do ser humano (especialmente Apócrifo de João, ecos do Gênese 2-3).
Nas mentiras, o dilema humano. Somos pérolas no lodo, espíritos divinos (bom) aprisionados num corpo material (mau) e num mundo material (mau). O Paraíso é nosso verdadeiro lar, mas estamos exilados do Pleroma.
Felizmente, para o Gnóstico a salvação está disponível na forma de Gnose ou Conhecimento, dado pelo Redentor Gnóstico, que é o Cristo, a figura enviado pelo Altíssimo para libertar a espécie humana de Jaldabaoth.
A Gnose envolve uma compreensão de nossa verdadeira origem e natureza, a metafísica realidade ainda desconhecida para nós, resultando na fuga gnóstica (da morte) da escravizante prisão material do mundo e do corpo para as regiões superiores do espírito. Contudo, para fazer esse ascenso, o Gnóstico precisa passar pelos Arcontes, que são ciumentos de sua luminosidade, espírito ou inteligência e que por isso tratam de dificultar sua jornada ascendente.
Em significativo grau, o mito básico gnóstico compara o enredo de MATRIX, com respeito a ambos, problemas que os humanos enfrentam e sua solução. Como Sophia, nós concebemos uma descendência de nosso próprio orgulho, como explica Morpheus: “No começo do século 21 toda a espécie humana estava unida na celebração. Estávamos maravilhados com nossa própria magnificência tal como geramos a IA (Inteligência Artificial).
Contudo, essa nossa descendência está como Jaldabaoth, mal formada (matéria sem espírito?). Morpheus descreve a IA como “uma singular consciência que desenvolveu uma raça inteira de máquinas”, um exato paralelo entre o Creador Gnóstico dos Arcontes (Anjos) e o mundo material ilusório.
A IA cria Matrix, uma simulação de computador que é a “prisão de nossas mentes”. Por isso, Jaldabaoth / IA aprisiona a espécie humana numa jaula material que não representa a última realidade, como Morpheus explica a Neo: “Enquanto Matrix existir a raça humana nunca será livre”.
O filme também se vale da linguagem metafórica utilizada pelos Gnósticos. Os textos de Nag Hammadi descrevem o problema humano fundamental em metáforas de cegueira, sono, ignorância, sonhos e trevas/noite, enquanto a solução é apresentada com palavras como visão, desperto, conhecimento (gnose), despertar de sonhos e luz/dia.
De forma análoga, no filme, Morpheus, cujo nome foi retirado do Deus grego dos sonhos e do sono, revela a Neo que Matrix é um “mundo de sonhos gerado por computador”.
Quando Neo é desconectado e desperta pela primeira vez em Nebuchadnezzar, em meio a um brilhante espaço branco iluminado (linguagem cinematográfica para indicar o Paraíso), seus olhos ardem, conforme explica Morpheus, porque ele nunca os havia usado antes. Tudo que Neo havia visto até aquele ponto o foi através do olho da mente, como num sonho, criado através de um software de simulação. Tal como um antigo Gnóstico, Morpheus explica que a respiração conduz Neo pelo programa de treinamento de artes marciais e que não há nada a fazer com seu corpo, a velocidade ou sua força, os quais são todos ilusórios. Mais ainda, eles dependem unicamente de sua mente, que é real.
Os paralelos entre Neo e Cristo, mostrado anteriormente, são melhor entendidos no contexto gnóstico a partir do momento que Neo é “salvo” através da gnose ou do conhecimento secreto, que ele passa para outros.
Neo aprende a respeito da verdadeira estrutura da realidade e sobre sua real identidade, a qual permite que ele rompa as leis do mundo material, o qual, agora, é percebido como mera ilusão.
É isso que ele aprende: a mente torna tudo (Matrix ou o mundo material) real, mas ela não é a realidade última. Na cena final do filme, é essa Gnose que Neo passa aos outros com o propósito de liberá-los da prisão de suas mentes: Matrix.

Ele atua como um Redentor Gnóstico, uma figura pertencente a outro reino, que penetra no mundo material com o objetivo de ensinar o conhecimento salvador a respeito da verdadeira identidade da espécie humana e da verdadeira estrutura da realidade, libertando assim todo aquele capaz de entender a mensagem.
De facto, o nome de Neo não é somente Mr. Anderson (o Filho do Homem); é Thomas (Tomé) Anderson, consoante ao mais famoso evangelho gnóstico: O Evangelho de Tomé. Também, antes de ser batizado como Neo (o único a poder iniciar algo Novo desde que seja de facto O Escolhido), ele é Tomé duvidando; não acredita nesse papel de Redentor.

De facto, Tomé quer dizer “Gêmeo”, e na antiga tradição cristã, ele é o irmão gêmeo de Jesus. Em certo sentido, o papel representado por Keanu Reeves é um personagem gêmeo a partir de sua estruturação como o descrente Tomé e a figura do Cristo Gnóstico.
Não somente a forma como Neo passa o conhecimento secreto que salva, em bom estilo gnóstico, mas também, da mesma forma, a forma como ele aprende evoca alguns elementos do Gnosticismo. Imbuído de imagens das tradições do Oriente o programa de treinamento ensina a Neo o conceito de “congelamento”, livrando a mente e superando o medo, cinematograficamente captado pelo efeito “Bullet Time” (montagens digitais de “quadros” congelados / efeito de câmara lenta obtido a partir do uso simultâneo de muitas câmaras).
Bastante interessante é este conceito de “congelamento” porque também está presente no Gnosticismo, no qual, nos Eons Elevados, são comparados com “atividade” e “repouso”, e somente pode ser compreendido em tal meditativa e centrada maneira, como está claro nessas instruções dadas a um certo Allogenes. “Embora seja impossível para você permanecer, nada tema; mas se v. deseja permanecer retira-te à Existência e v. a encontrará estando em repouso após à semelhança do Escolhido que está verdadeiramente em repouso… E quando v. se tornar perfeito nesse lugar, ainda será v. mesmo”… (Allogenes). O Gnóstico então revela: “Existia comigo a quietude do silêncio e eu ouvi a bem-aventurança pela qual eu conheci meu próprio Ser”(Allogenes). Então Neo capta a completa extensão de sua “gnose salvadora”: Matrix é somente um mundo ilusório. E um reflexivo Keanu Reeves, silenciosa e calmamente, contempla as balas que ele fez parar no ar, filmado em “bullet time”.
Ainda outro paralelo com o Gnosticismo, ocorre no figurino dos Agentes, como o Agente Smith e seu opositor, o equivalente gnóstico de Neo e todos os demais que tentam sair de Matrix. A IA criou esses programas artificiais para funcionarem como “porteiros” – os Guardas das portas – que possuem todas as chaves. “Esses Agentes são parentes dos ciumentos Arcontes criados por Jaldabaoth para bloquearem a ascensão do Gnóstico quando tentam deixar o mundo material. Eles defendem as portas em sucessivos níveis ao paraíso (exº. Apocalipse de Paulo).
Contudo, como prediz Morpheus, Neo eventualmente é capaz de derrotar os Agentes, porque, enquanto eles precisam seguir as regras de Matrix, sua mente humana permite a ele (Neo) dobrar ou quebrar as regras.
Entretanto, a mente não se compara, no filme, somente à inteligência racional. Caso contrário, a IA sempre poderia vencer. Mais ainda, o conceito de “mente” aparece no filme unicamente para indicar a capacidade humana de imaginar, por intuição ou, por assim dizer, para “pensar fora da caixa”.
Ambos, o filme e os gnósticos, afirmam que a chispa divina dentro do homem permite a percepção da gnose como algo maior que aquilo alcançável, mesmo pelo Arconte-Chefe ou Agente de Jaldabaoth.
O poder da mãe (Sophia, em nossa analogia, a espécie humana) saído de Jaldabaoth [IA] para dentro dos corpos formados pela natureza [os humanos crescem nas fazendas da IA]… Em certo momento o restante dos poderes (os Arcontes ou Agentes) se tornam ciumentos porque ele (Neo) se tornou um Ser por intermédio de todos eles, e foram eles que deram seu poder ao homem, e sua inteligência (mente) ficou maior que a daqueles todos que o fizeram e maior que aquele do chefe dos arcontes (Agente Smith?). E quando eles percebem que se tornou um iluminado e que pode pensar melhor que eles, levam-no lançando-o à mais baixa de toda a matéria [simulada por Matrix] (Apócrifo de João 19-20).
É notável como Neo supera o Agente Smith na cena final do filme precisamente pela total compreensão da ilusão de Matrix, algo que, aparentemente, o Agente Smith não consegue fazer. Portanto, subseqüentemente Neo se torna capaz de romper barreiras que o Agente não consegue. Sua derrota final vincula a entrada (de Neo) no corpo de Smith, despedaçando-o pela força da pura luminosidade, retratada pelos efeitos especiais de luz rebentando Smith de dentro para fora.
Acima de tudo, então, o sistema retratado em Matrix compara o cristianismo gnóstico em numerosos aspectos, especialmente o delineamento do problema fundamental da humanidade vivendo num mundo de ilusões que simula uma realidade e a solução do acordar do sonho. A figura central do Mito de Sophia, Jaldabaoth, os Arcontes e o Redentor Gnóstico igualmente encontram paralelo com as figuras-chave do filme, atuando de forma semelhante. A linguagem do gnosticismo e do filme também são parecidas: sonho x despertar; cegueira x visão; luz x trevas.
Contudo, dado que o gnosticismo presume um mundo desconhecido de seres divinos, onde está Deus no filme? Em outras palavras, quando Neo se transforma em pura luz, isso é o símbolo da divindade ou do potencial humano?
A questão se torna ainda mais pertinente com a identificação da espécie humana com Sophia – um Ser Divino no gnosticismo. Em certo nível parece não haver Deus no filme. Embora existam motivos apocalípticos, Conrad Ostwalt corretamente argumenta que diferente do Apocalipse cristão convencional, em Matrix, ambos, a Catástrofe e sua solução, estão na atividade humana, isto é, o divino não está aparente. Mas, em outro nível, o filme abre a possibilidade de Deus através da figura do Oráculo, que vive dentro de Matrix e ainda tem acesso para conhecer o futuro, que mesmo aqueles liberados de Matrix ainda não possuem. Essa sugestão é ainda mais forte no roteiro original, no qual o apartamento do Oráculo é o Santo dos Santos aninhado dentro do Templo de Zion (Sião).
A divindade também pode jogar um papel na passada encarnação de Neo e sua nova vinda como O Escolhido; se, porém, houver alguma divindade implícita no filme, isso é transcendente, como a divindade do Inefável, o Supremo Deus Invisível do Gnosticismo, exceto onde isso está imanente na forma de Chispa Divina ativa nos humanos.
Vale lembrar que uma personagem muito influente e decisiva na história é a Trinity (Trindade). Logo no início do filme, Neo é recomendado a seguir o coelho branco para encontrar a Trindade. O coelho representa fertilidade e libertação; tal como coelho que sai da toca.

Revendo o filme Matrix, resolvi comentá-lo. É interessante que você também o reveja, após ler este texto.


Yesod se situa abaixo de Tiferet e entre Netzach e Hod. É chamada de “Fundamento” ou “Fundação” e funciona como um reservatório onde todas as inteligências emanam seus atributos, que são misturados, equilibrados e preparados para a revelação material. É compilação das oito emanações e forma o Plano dos Pensamentos, Plano Astral, ou a Base da Realidade.

Malkuth é o plano físico puro, chamado de Plano Material, que nossos sentidos objetivos podem ver, ouvir, cheirar, tocar e provar, mas incapaz de perceber qualquer tipo de consciência além disto. Malkuth é o mundo criado das ilusões para nos manter em torpor ou, fazendo nossa comparação, Malkuth é a Matrix.

Em Malkuth vivem os adormecidos. Pessoas que acordam, tomam café, vão para suas baias em seus trabalhos, trabalham, almoçam, trabalham, vão para casa, jantam, assistem novela, assistem futebol, dormem e no dia seguinte acordam de novo. Fazem isso durante a vida toda, aposentam-se e morrem, sem nunca terem realmente vivido. Suas almas estão presas em casulos sem imaginação, sugadas pelo sistema que mantém a ilusão funcionando.

Yesod representa os bastidores da realidade. O mundo real na qual são programados os acontecimentos que surgirão no mundo ilusório. Para fazer uma analogia, imaginemos que Malkuth seja um prédio comercial. Yesod será, então, toda a fundação: canos, fios, dutos de ar, fosso do elevador, esgotos, toda a parte elétrica e hidráulica que faz o prédio funcionar. Quando se aperta um interruptor na parede, a luz da sala acende. Os que ignoram chamam isso de “coincidência”, mas qualquer pessoa que tenha um conhecimento maior de ciência sabe que, por trás daquele interruptor correm fios elétricos escondidos na fundação e que, quando se aperta um botão neste interruptor, uma série de conexões simples é acionada, fazendo com que a eletricidade chegue até a lâmpada, acendendo-a. Magia é compreender como os condutores de energia da realidade material funcionam e apertar os botões certos para que as lâmpadas certas se iluminem.

Yesod representa a Intuição; o sexto sentido; o despertar. Infelizmente, assim como Morpheus diz a Neo no começo do filme, ninguém vai conseguir explicar para você o que é o Plano Astral. Você precisa ter esta experiência sozinho para compreendê-la. E a maioria das pessoas passa sua vida toda como gado, inconscientes da realidade ao seu redor, como baterias inertes de um sistema controlado por egrégoras que mantém as pessoas ocupadas demais rezando para deuses externos, com medo de falsos diabos e trabalhando como escravas para mantê-las no poder. As famosas “autoridades” no filme, são representadas pelos Agentes da Matrix.

Uma das melhores cenas do filme ocorre logo no começo, quando Thomas (Tomé, escritor do principal livro apócrifo) Anderson (Andras [homem]+Son [filho], ou seja, “Filho do Homem”, em uma analogia a Jesus/Yeshua) está dormindo diante da tela e aparece o texto “Acorde, Neo”. Esta cena resume a fagulha que vai despertar dentro de cada um de nós em direção ao Cristo; a Princesa dos contos de fada; a espada presa dentro da pedra, a Branca de Neve adormecida em um caixão de vidro. Minutos após despertar, um hacker diz a ele “você é meu salvador… meu Jesus Cristo”. Simbolicamente, isto representa que mesmo esta pequena fagulha de controle sobre a realidade é suficiente para despertar seguidores, de tão perdidas que as pessoas estão.

As referências ao caminho do Sábio na Kabbalah continuam: quando Neo chega a nave (que tem o Nome de Nabucodonosor, o rei da Babilônia que no Livro de Daniel teve um enigmático sonho que precisa ser interpretado) cujo número de série é “MARK III NR. 11″ (Marcos, Capítulo 3, versículo 11: “E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus”). Neo passa pela morte e ressurreição e finalmente, no final do filme, chega a Tiferet, “o escolhido”.

Para os gnósticos, o Deus Supremo (Keter) é totalmente perfeito, e, por isso, estranho e misterioso, “inefável”, “inalcançável”, “imensurável luz, pura, santa e imaculada”(Apócrifo de João). Para este Deus existem outros seres menos divinos no Pleroma (similar ao Paraíso, uma divisão desse universo que não é a Terra), que é dotado de um sexo metafórico masculino (Hochma) ou feminino (Binah). Pares desses seres são capazes de produzir descendência, que são, eles mesmos, emanações divinas perfeitas em si mesmas (a analogia no filme é a criação de múltiplas matrix pelos computadores). O problema surge quando um EON ou Ser chamado SOPHIA (Sabedoria em grego, representado no filme pela Oráculo), uma mulher, decide “levar adiante sua semelhança sem o consentimento do Espírito” – que gera uma descendência sem sua consorte (Apócrifo de João).

A antiga visão era a de que as mulheres oferecem a matéria na reprodução, e os homens, a forma. Por isso, o ato de Sophia produz uma descendência que é imperfeita ou até mesmo mal formada, e ela a afasta dos outros seres divinos do Pleroma, levando-a para outra região isolada do cosmos. Essas deformadas e ignorantes deidades, as vezes denominadas DEMIURGOS (o Arquiteto, no filme), que equivocadamente acreditam ser o único Deus.

Os gnósticos identificam o Demiurgo como o Deus Criador psicopata do Antigo Testamento, o qual decide criar os Arcontes (Anjos), o mundo material (Malkuth/Terra) e os seres humanos. Embora as tradições variem, o Demiurgo normalmente é enganado dentro do alento divino ou espírito de sua mãe Sophia que antigamente vivia nele, dentro do ser humano (especialmente Apócrifo de João, ecos do Gênese 2-3).

Para os gnósticos, somos pérolas no lodo, espíritos divinos (bom) aprisionados num corpo material (mau) e num mundo material (mau). O Paraíso é nosso verdadeiro lar, mas estamos exilados do Pleroma. Felizmente, para o Gnóstico a salvação está disponível na forma de Gnose ou Conhecimento, dado pelo Redentor Gnóstico, que é o Cristo, a figura enviado pelo Altíssimo para libertar a espécie humana do Demiurgo, tal qual Neo é o “escolhido” para libertar as pessoas do jugo do Arquiteto.

Quando Neo é desconectado e desperta pela primeira vez em Nabucodonosor, em meio a um brilhante espaço branco iluminado (linguagem cinematográfica para indicar o despertar), seus olhos ardem, conforme explica Morpheus, porque ele nunca os havia usado antes. Tudo que Neo havia visto até aquele ponto o foi através do olho da mente, como num sonho, criado através de um software de simulação. Tal como um antigo Gnóstico, Morpheus explica que a respiração (prana, chi-kung, tai-chi, reiki) conduz Neo pelo programa de treinamento de artes marciais e que não há nada a fazer com seu corpo, a velocidade ou sua força, os quais são todos ilusórios. Mais ainda, eles dependem unicamente de sua mente, que é real.

Ainda outro paralelo com o Gnosticismo, ocorre na figura dos Agentes, como o Agente Smith e seu opositor, o equivalente gnóstico de Neo e todos os demais que tentam sair de MATRIX. IA criou esses programas artificiais para funcionarem como “porteiros” – os Guardas das portas – que possuem todas as chaves. “Esses Agentes são parentes dos ciumentos Arcontes criados pelo Demiurgo para bloquearem a ascensão do Gnóstico quando tentam deixar o mundo material. Eles defendem as portas em sucessivos níveis ao paraíso (e.g. Apocalipse de Paulo, Divina Comédia de Dante, textos Babilônicos narrando os sete infernos, a estrela setenária dos alquimistas e assim por diante).

Sobre a questão do Samsara, até mesmo o título do filme evoca a visão budista de mundo. MATRIX é descrita por Morpheus como “uma prisão para a mente”. É uma “construção” dependente feita de projeções digitais interconectadas de bilhões de seres humanos (egrégoras) que desconhecem a natureza ilusória da realidade na qual vivem, e são completamente dependentes do “hardware” implantado em seus corpos reais e dos programas (softwares/mapas astrais) elaborados (para fazer a máquina funcionar), criados pelo Demiurgo. Essa “construção” é parecida com a idéia budista do SAMSARA, a qual ensina que o mundo, no qual vivemos nossas vidas diárias, é feito unicamente de percepções sensoriais formuladas por nossos próprios desejos.

O problema, então, pode ser examinado em termos budistas. Os humanos são aprisionados no ciclo da ilusão (Maya), e sua ignorância acerca do ciclo os mantém atados a ele, totalmente dependentes de suas próprias interações com o programa e com as ilusões da experiência sensorial que ele provê, bem como das projeções sensoriais dos demais. Essas projeções são consolidadas pelos enormes desejos humanos de acreditarem que o que eles percebem como real é real de fato (para eles). É o mundo dos materialistas, ateus e céticos. Este desejo é tão forte que derruba Cypher, que não pode mais tolerar o “deserto do real”, e procura uma maneira de ser reinserido na Matrix.

Tal como combina com o Agente Smith num restaurante fino, fumando um charuto com um copo grande de brandy, Cypher diz: “Eu sei que este bife não existe; eu sei que quando eu o levo a minha boca Matrix está dizendo ao meu cérebro que ele é suculento e delicioso. Depois de 9 anos você sabe o que está mais claro para mim? Que a ignorância é a felicidade!” (Ignorance is Bliss).

A contrapartida é a vida monástica dentro da nave: comem uma gororoba vegetariana, vestem-se com trapos, não possuem bens materiais e treinam um kung fu que beira o sobrenatural. Possuem a humildade de quem já se despojou dos bens materiais, tal qual os monges do monastério de Shaolin.

Em determinada parte do filme, Morpheus diz a Neo, “há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho”. E como Buda ensinou aos seus seguidores, “vocês, por vocês mesmos, devem fazer o esforço; só os Despertos são Mestres”. Para quem já está no Caminho da Iluminação, Morpheus é somente um Guia. Em última instância, Neo precisará reconhecer a Verdade por ele mesmo.

Judeus e Palestinos – Ontem e Hoje

Judeus e Palestinos – Ontem e Hoje

"Por que os judeus e os árabes/muçulmanos se odeiam?"
Resposta: Primeiro, é importante entender que nem todos os árabes são muçulmanos, e nem todos os muçulmanos são árabes. Enquanto a maioria dos árabes é muçulmana, há muitos árabes não-muçulmanos. Além disso, há significantemente mais muçulmanos não-árabes (em áreas como a Indonésia e a Malásia) do que muçulmanos árabes. Segundo, é importante lembrar que nem todos os árabes odeiam os judeus, que nem todos os muçulmanos odeiam os judeus, e que nem todos os judeus odeiam os árabes e os muçulmanos. Nós devemos ter o cuidado de não estereotipar as pessoas. No entanto, dito isso, falando em sentido geral, árabes e muçulmanos têm desgosto e desconfiança dos judeus, e vice-versa.

Se há uma explicação bíblica explícita para esta animosidade, ela remonta aos tempos de Abraão. Os judeus são descendentes de Isaque, filho de Abraão. Os árabes são descendentes de Ismael, também filho de Abraão. Sendo Ismael filho de uma mulher escrava (Gênesis 16:1-6) e Isaque sendo o filho prometido que herdaria as promessas feitas a Abraão (Gênesis 21:1-3), obviamente haveria alguma animosidade entre os dois filhos. Como resultado das provocações de Ismael contra Isaque (Gênesis 21:9), Sara disse para Abraão mandar embora Agar e Ismael (Gênesis 21:11-21). Isto causou no coração de Ismael ainda mais contenda contra Isaque. Um anjo até profetizou a Agar que Ismael viveria em hostilidade contra todos os seus irmãos (Gênesis 16:11-12).

A religião do Islã, à qual a maioria dos árabes é aderente, tornou essa hostilidade mais profunda. O Alcorão contém instruções de certa forma contraditórias para os muçulmanos em relação aos judeus. Em certo ponto, ele instrui os muçulmanos a tratar os judeus como irmãos, mas em outro ponto, ordena que os muçulmanos ataquem os judeus que se recusam a se converter ao Islã. O Alcorão também introduz um conflito sobre o qual filho de Abraão era realmente o filho da promessa. As Escrituras hebraicas dizem que era Isaque. O Alcorão diz que era Ismael. O Alcorão ensina que foi Ismael a quem Abraão quase sacrificou ao Senhor, não Isaque (em contradição a Gênesis capítulo 22). Este debate sobre quem era o filho da promessa contribui para a hostilidade de hoje em dia.

No entanto, a antiga raiz de hostilidade entre Isaque e Ismael não explica toda a hostilidade entre os judeus e os árabes de hoje. Na verdade, por milhares de anos durante a história do Oriente Médio, os judeus e os árabes viveram em relativa paz e indiferença entre si. A causa primária da hostilidade tem uma origem moderna. Após a Segunda Guerra Mundial, quando as Nações Unidas deram uma porção da terra de Israel para o povo judeu, a terra na época era habitada principalmente por árabes (os palestinos). A maioria dos árabes protestou veementemente contra o fato da nação de Israel ocupar aquela terra. As nações árabes se uniram e atacaram Israel em uma tentativa de exterminá-los da terra – mas eles foram derrotados por Israel. Desde então, tem havido grande hostilidade entre Israel e seus vizinhos árabes. Se você olhar num mapa, Israel tem uma pequena faixa de terra e está cercado por nações árabes muito maiores, como a Jordânia, a Síria, a Arábia Saudita, o Iraque e o Egito. O nosso ponto de vista é que, biblicamente falando, Israel tem o direito de existir como uma nação em sua própria terra – Deus deu a terra de Israel aos descendentes de Jacó, neto de Abraão. Ao mesmo tempo, nós acreditamos que Israel deveria buscar a paz e mostrar respeito pelos seus vizinhos árabes. Salmos 122:6 declara: “Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te ama
m.”

AFIRMAÇÕES – SEU USO E ABUSO

AFIRMAÇÕES – SEU USO E ABUSO



O uso das afirmações é uma prática muito antiga. Encontramo-las sob várias formas, nos textos sagrados de Buda, Zoroastro, Maomé, Confúcio, Lao-tsé, no Antigo Testamento e nos sistemas religiosos e filosóficos mais recentes. Em quase todos os casos aconselha-se que as afirmações sejam vocativas, quer dizer, sejam pronunciadas e não recitadas mentalmente. Tal se baseia na hipótese de que a palavra falada tem mais eficácia do que o pensamento, apenas, e que as próprias entonações contribuem para a obtenção dos resultados desejados. Além disso, a sua enunciação requer uma ação que acompanha o espírito das afirmações, e como quase todas as invocações religiosas antigas eram feitas publicamente, ou na presença de outros, também subentendia-se uma sinceridade de propósito motivadora da resultados mais certos. Quando as analisamos, parece haver um propósito duplo nestas antigas invocações religiosas. O primeiro é o de conseguir apoio, e talvez a intervenção, da força Divina em nome do suplicante ao proclamar ou recitar, em voz alta, suas crenças piedosas. Por essa proclamação de fé espera-se que o poder Divino lhe materialize ou realize a natureza da crença. Por conseguinte, já em 1329 a.C., encontramos Amenhotep IV, em seu hino a Aton, o Deus único, afirmando:

Tu colocas cada homem em seu lugar
Tu supres as suas necessidades.

Lao-tsé afirmava:

Aos que são bons para mim, eu sou bom.
E aos que não são bons para mim, eu também sou bom.
E assim, todos juntos vêm a ser bons.

E São Patrício afirmava:

Cristo comigo, Cristo diante de mim,
Cristo atrás de mim, Cristo em mim. . .

Assim como mal se pode suprimir a reação emocional que nos faz gritar de dor, surpresa ou felicidade, também a afirmação falada é considerada religiosamente como o aspecto físico e exterior do estado espiritual e mental do indivíduo. O outro propósito das invocações orais, pelo menos de um ponto de vista religioso, parece ser o de que, ao enunciá-las, em termos gerais, a pessoa se torna, ou é obrigada a ser, mais cônscia do seu conteúdo do que se fossem apenas mentalmente enunciadas.
Na realidade, uma afirmação é, apenas, a declaração do que acreditamos ou conhecemos. Ela não representa uma crença sincera ou conhecimento real; seu valor não tem importância. Por exemplo, se alguém afirma: "Acredito que existe um único Deus vivente", e, entretanto, está intimamente convencido de que não existe Deus, independente da concepção de uma divindade, a afirmação é uma hipocrisia da pior espécie. Por conseguinte, segue-se que não precisamos afirmar o que acreditamos ou conhecemos, pois ele já existe como um fato aceito em nossa mente. A repetição de uma afirmação não a tornará mais convincente se, em nossa experiência ou raciocínio, a afirmação é baseada numa premissa falsa. Se sentimos violenta dor de dente, por exemplo — da qual estamos firmemente conscientes — a afirmação em voz alta para nós mesmos, de que não sentimos dor de dente não é muito tranqüilizadora e o próprio absurdo de tal afirmação torna esse procedimento ridículo para uma pessoa inteligente. Tal método de afirmação é perigoso porque tenta fazer a mente negar realidades que deveria aceitar e de modo prático superar. Uma dor de dente é o resultado de uma causa natural. Afirmar que a conseqüência muito evidente não existe e, portanto, ignorar a causa — um dente cariado — é violar não só o bom-senso como, também, as próprias leis da Natureza.
Quando não se referem às realidades, as afirmações são de importância psicológica. Em particular, são úteis no desenvolvimento e conservação do moral de um indivíduo. Como outro exemplo, tomemos uma força armada que se dirige para a frente de batalha. Ela talvez ainda não tenha sido hostilizada, mas os soldados sabem que, certamente, travarão combates e há probabilidades da vários deles jamais retornarem. Uma apreciação desses fatos poderia ser o pensamento dominante enquanto avançam, e como resultado, poderia ocorrer grande depressão no ânimo de todos. Todavia, o entoar de cantos de guerra, e o canto de versos burlescos, proclamando vitória futura e a total derrota do inimigo, suplantam a idéia de derrota, trocando-a por outra, de sucesso. É evidente que a resposta emocional e física a tais pensamentos fortificaria os ânimos. Por sugestão, o próprio pensamento motiva e causa o tipo de ação, necessário para a consecução do resultado. Logo, para o indivíduo, o valor de uma afirmação está no poder de sugestão. A sugestão, como já se mencionou, tem de ser sincera e não deve ser contrária às realidades mais evidentes. Assim, se um homem tem uma doença respiratória grave e sabe que a tom e não faz nada para ajudar-se, exceto usar a afirmação vazia — "Estou melhorando a cada dia e de todos os modos" — pela qual o psicólogo francês, Coué, ficou famoso há alguns anos — ele acabará se destruindo, pelo uso de tal método.
É costume comum de muitas das chamadas organizações místicas e metafísicas defender o método da recitação de afirmações. A primeira razão que oferecem é de natureza psicológica. Afirma-se que o ponto de vista positivo, de que a pessoa é, ou fará, ou realizará algo, é muito necessário para se obter resultados, especialmente se feita vocativamente, isto é, falado. Qualquer um concordará com isto: devemos, como já se disse, ter a convicção de que o que desejamos é possível de vir a existir, ou se pode possuir. A atitude negativa dispersa os poderes físicos e mentais.
A segunda ênfase, e a mais forte, que essas organizações dão às afirmações é de que a afirmação, em si mesma, tornar-se-á fator da manifestação da finalidade desejada. Assim, por exemplo, alegam que se eu afirmar — "farei uma viagem a Nova Iorque" — e repetir a frase um número suficiente de vezes, ela atrairá do Cósmico, da mente subjetiva ou de algum outro lugar, os fatores rudimentares necessários para a materialização do desejo. Tal coisa, fundamentalmente, é incorreta do ponto de vista místico e é o aspecto frágil subjacente na prática das afirmações, apresentada  por   tais   organizações.   O processo beira a superstição e lembra o raciocínio mágico e primitivo, que consiste em se criar uma imagem, que é a própria afirmação, com a crença de que existe uma afinidade ou ligação entre ela e a coisa real, porque a afirmação se lhe assemelha. Trata-se da suposição de que, de algum modo, a afirmação converterá em sua própria natureza aquilo que se lhe assemelha.
Nenhuma parcela da afirmação — "Eu quero uma casa" — reunirá os materiais reais e os montará numa realidade correspondente à natureza de tal afirmação. A pessoa que meramente afirma é indolente. Ela é mental e fisicamente preguiçosa. Está transferindo, inteiramente, para alguma outra coisa, o que é primordialmente de sua própria responsabilidade e competência. A afirmação serve melhor como um estímulo mental, como um incentivo necessário à realização pessoal. Se eu afirmo que quero uma casa, refiro-me que este é meu ideal, o propósito para o qual trabalharei, mas precisarei começar a trabalhar para realizá-lo.
Uma combinação de afirmações mentais e de criação mental é o meio mais prático de se realizar o que desejamos. Primeiro, afirmemos o que desejamos. Estejamos certos de que não se trata de um capricho, de que ele nos motiva emocionalmente,  nos  entusiasma quando  o contemplamos. Quando afirmamos o que desejamos, a imagem mental que nossas palavras formaram nos dará felicidade. A seguir, consideremos o propósito da afirmação, a coisa desejada, como uma finalidade; e nós mesmos, isto é, nossa posição atual, como o começo. Evidentemente, existe um vazio entre os dois, um vazio que tem de ser transposto. Estejamos plenamente cientes de que o vazio não pode ser, na realidade, transposto por qualquer poder teúrgico ou por  quaisquer  afirmações pronunciadas como fórmulas cabalísticas. O começo, ou nossa posição atual, tem de ser ampliado para se transformar naquilo que afirmamos. Outro modo de encararmos isto está em pensar no que desejamos — o quadro completo — como um círculo. Então pensemos no que somos, e no que temos agora, como um ponto no centro daquele círculo. Aquele ponto tem de expandir-se até que preencha o círculo ou até que o ponto e o círculo sejam um só.
Por conseguinte, a primeira necessidade é tentarmos determinar o quanto do que afirmamos, do que desejamos, existe como elementos separados em suas circunstâncias atuais e, sabendo isto, então estaremos conscientes do que precisamos e no que nos concentraremos. Se eu afirmo que terei uma casa e também desejo criá-la mentalmente, deveria agir da seguinte maneira:
Reduzir o quadro da casa que tenho em mente nos seus componentes mais simples. Determinar se tenho a propriedade, a madeira, o equipamento elétrico, as tintas, as ferragens e a mão-de-obra necessária para a casa. Se não tenho nenhuma dessas coisas, tenho o dinheiro ou os meios para adquiri-las? Vamos supor que não tenha nada disso. A primeira etapa então seria a de conseguir o dinheiro para minha casa. Se meus rendimentos regulares não fossem suficientes para proporcionar esse dinheiro, então precisaria prestar algum serviço, fazer algo extra para aumentar minha renda. Verificaria que, na realidade, a primeira etapa seria tornar-me útil, de algum outro modo, a fim de obter o dinheiro necessário. Teria, então, decididamente, em mente, a necessidade de tal serviço. Sugeriria a mim mesmo, a meu eu interior, que fosse inspirado, nas minhas observações diárias, por alguma idéia de serviço. Pediria ao Cósmico que me ajudasse a encontrar em meus negócios algo que, pelos meus próprios esforços, pudesse converter em ato de serviço. Manteria esse pensamento, na sua forma mais simples, em primeiro lugar em meus pensamentos diários. Atrairia para mim mesmo as sugestões necessárias para a realização daquele serviço.
Agora, permitam-me ir mais além em minha explicação. Esta atração na direção de mim mesmo, não seria um poder mágico, um simples entoar de afirmações. Seria o fato de que me tornaria especialmente consciente de quaisquer circunstâncias ou coisas que tivessem qualquer relação, por mínima que fosse, com a minha necessidade. Por analogia, seria como um homem que quisesse muito um pedaço de papel vermelho. Ao percorrer a rua, tudo o que fosse vermelho atrairia particularmente sua atenção. Estaria atraindo essa cor para sua atenção. Por associação de idéias, todas as coisas vermelhas que observasse o tornariam cônscio da necessidade de um papel vermelho para si. Logo, evidentemente, localizaria o papel vermelho muito mais depressa do que se não conservasse essa necessidade em mente. Isto é o que queremos dizer por atrair as coisas para nós. Sugerindo a nossa necessidade ao Cósmico e às nossas próprias mentes subjetivas, pomos essas forças a trabalhar para nós. Elas nos mostram, em forma de palpite, de um lampejo intuitivo ou de uma inspiração, coisas no nosso ambiente que podemos usar em nosso processo de criação mental.
Como o termo sugere, somos criadores. Mentalmente, somos os construtores. Somos os autores, o agente motor. O afirmador é apenas a pessoa que deseja algo. Deseja ou quer alguma coisa, e não vai além disso, a menos que empregue também a criação mental. A combinação da criação mental e da afirmação, repetimos, é a melhor. Aliás, a verdadeira criação mental é impossível sem primeiro afirmar, primeiro asseverar positivamente para nós mesmos, decidida e concisamente, o que queremos. A afirmação é a direção que nosso poder criador tem de seguir. É o poste indicador dizendo-nos: "Tome este caminho! Sua destinação está à frente". Não podemos simplesmente começar a criar. Temos primeiro de ter a concepção, o plano do que deve ser construído. Imaginemos um homem serrando tábuas, aplainando-as e pregando-as a esmo, e de repente parando para ver o fruto da sua faina. Isto seria, sem dúvida, uma espécie de criação. Seria a construção de algo que talvez não existisse antes. Contudo, sem direção inteligente, os resultados desse tipo de criação seriam um disparate de pouco ou nenhum valor.
Naturalmente, ao afirmar ou estabelecer um objetivo a ser realizado, temos de evitar um que seja contrário aos princípios Cósmicos. Não devemos conceber algo que seja moral ou eticamente errado, eu contrário à lei natural. Se o fizermos, talvez fracassemos na nossa criação. E mesmo que, realmente, criemos algo que seja Cosmicamente errado, ele pode, como um monstro, tornar-se a nossa ruína. Contudo, na criação mental, sempre temos a oportunidade de, primeiramente, examinar minuciosamente a nossa afirmação, o nosso objetivo, em suas muitas partes. Cada parte é, então, exposta à nossa compreensão, e se quaisquer partes são malévolas ou nocivas, elas podem ser extirpadas e todo o propósito ou imagem mental revisto antes de começar.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A NATUREZA DA ORAÇÃO

A NATUREZA DA ORAÇÃO



Do ponto de vista racional, a oração é uma petição. Ela é feita em silêncio ou verbalmente. Quando estamos emocionalmente motivados, é instintivo expressar nossos desejos em voz alta. A voz tem poder em suas elocuções. O som da voz alivia as emoções e sugere a invocação da força do desejo — física e mentalmente. Na verdade, é quase impossível impedir que expressões evocativas acompanhem uma agitação emocional intensa. Em tais circunstâncias, sentimo-nos propensos a bradar ou a expressar verbalmente nosso sentimento.
Se a oração é uma petição, deve haver alguma coisa ou alguém a quem é dirigida. Evidentemente, não oramos para nós mesmos, isto é, para o nosso próprio ser mental ou físico. Se nos acreditamos intelectual e fisicamente capazes de executar um plano ou obter algo, então, agimos inteiramente de acordo com nossa própria iniciativa.
A oração, portanto, é um reconhecimento de uma auto-insuficiência, real ou imaginária. Essa auto-insuficiência provoca, nos indivíduos, uma tendência de exteriorizar-se, de pôr-se na dependência de uma força, influência ou fonte que lhe é alheia. Evidentemente, a nossa concepção dessa fonte externa determina, em grande parte, a natureza da nossa oração. Um ser primitivo, com uma concepção politeísta, imagina uma pluralidade de deuses; para ele, esses deuses podem residir em coisas inanimadas, como pedras, o mar ou nuvens de tempestade. Na sua concepção, cada um desses deuses ocupa-se de certas necessidades do homem. Assim, o indivíduo tem de avaliar seus deuses — para um deles se volta, em busca de saúde, para outro, de força, e ainda para outro, de apoio contra seus inimigos.
Quando procura comunicar-se com um poder maior que ele, o homem imagina vários meios para atrair a atenção dessa Divindade. Por exemplo, quando os homens recorrem a um potentado humano ou chefe tribal, é necessário tornar o potentado favorável às suas finalidades. Por conseguinte, procuram propiciar-lhe presentes, sendo estes qualquer coisa que os homens considerem de valor. Às vezes, a aproximação da Divindade é uma tentativa no sentido de criar um ambiente favorável no qual ela possa receber o suplicante. Com esta finalidade se empregam os ritos teúrgicos da música, do canto e da dança. Ao examinarmos este método de oração, observamos duas coisas: existe a crença de que a Divindade possa satisfazer o pedido, caso esteja suficientemente satisfeita com os atos do suplicante; segunda, verificamos que não há questionamento a respeito do motivo do suplicante. Inexistem preocupações se os resultados da oração são ou não contrários à lei natural ou se podem causar injustiça a outrem. Nesse caso, a psicologia é muito tosca. Na realidade, ela está conferindo uma natureza antropomórfica à Divindade. Deus é concebido como sendo igual aos mortais, dotado de vaidade, facilmente agradado com presentes, homenagens e ostentação. É considerado, ademais, capaz de dispensar dons ou conferir seus poderes, tal como um monarca terreno, absoluto, inteiramente desatento à razão ou à justiça. Por conseguinte, cada homem pode obter o que deseja da Divindade, caso seja capaz de realizar os ritos teúrgicos adequados. Assim, os homens competem entre si para descobrir os segredos de como melhor influenciar os deuses. É este o tipo de concepção errônea que encorajava o sacerdócio das mais antigas sociedades conhecidas. Os sacerdotes eram e são homens a quem julgamos dotados de prática ou treinados na prática adequada de invocar o prazer dos deuses, para benefício dos homens.
Embora falemos dessa prática como sendo primitiva, essas   idéias   elementares,   entretanto,   vêm   persistindo através dos tempos e influenciando bastante os dogmas e os credos de muitas religiões hoje existentes. Determinadas seitas religiosas chegam a estabelecer a maneira correta pela qual o devoto deve comportar-se. Decidem que ele deve depositar moedas numa caixa, que tem de comparecer a certas cerimônias, tem de repetir credos específicos e ingressar em ritos autorizados. Se obedece, supõe-se que aplacou a ira Divina, ou fez a adequada aproximação e que por isto, a Divindade voltará Sua vontade para a realização da oração oferecida. Não é preciso enumerar as seitas que encorajam essas práticas; elas nos são conhecidas, sendo comum em qualquer núcleo populacional. Portanto, os que oram de boa-fé, naturalmente, quase sempre se desapontam com os resultados alcançados e, com bastante freqüência, acabam desiludidos.
Existe outra concepção ortodoxa de oração que, embora transcenda o exemplo anterior, é ainda muito primitiva e, potencialmente, um fracasso. É o reconhecimento de um deus pessoal que exerce uma vontade arbitrária. Mas acredita-se que ele só o faz por razões benéficas. O indivíduo confere a este deus não só o poder de realização, como também, o mais alto valer moral que é capaz de,conceber. Em outras palavras, acredita que o deus é capaz de qualquer coisa, mas só fará aquilo que está de acordo com o bem moral. Este tipo de devoto, portanto, não suplicará ao seu deus que atenda sua oração, se estiver em desacordo com aquilo que é contrário ao que considera moralmente certo. Não pedirá ao seu deus que mate outra pessoa ou que lhe dê o dinheiro que não deveria ter. Contudo, este devoto não hesitará em pedir a realização de uma oração que considera justa, por mais contrária que ela possa ser à necessidade da ordem universal ou Cósmica. Por exemplo, ele não hesitaria em pedir a Deus que acabasse com uma guerra provocada pelos próprios homens. Psicologicamente, esses indivíduos acreditam que Deus exerça Sua vontade arbitrariamente contra as próprias leis e causas que Ele próprio criou, se, de boa-fé e com propósitos morais, Lhe faz o pedido.
O suplicante nunca pensa no absurdo de tal oração. Pode pedir ao seu deus que pare o que outro devoto, também de boa-fé, está rezando para que prossiga. O outono na Califórnia oferece um exemplo excelente dessa concepção antropomórfica de deus e de oração. Em fins de setembro, os plantadores de ameixas estão secando seus frutos ao sol; uma chuva antecipada e continuada poderia ser muito ruinosa para sua colheita. Inversamente, os criadores de gado, naquela época do ano, estão precisando desesperadamente de chuva para as pastagens, especialmente após o longo verão seco da Califórnia. Um criador de gado, se fosse um dos devotos a que nos referimos, rezaria por chuva. Concomitantemente, um plantador de ameixas rezaria para não chover. Se Deus exercesse vontades arbitrárias, opondo-se à lei natural das condições climáticas, qual das orações Ele favoreceria? Esse ponto de vista devoto coloca a Divindade numa situação ridícula e torna a religião vulnerável ao ateísmo. Se a vontade Divina pudesse funcionar e funcionasse arbitrariamente, ela destruiria toda a unidade Cósmica. Não haveria absolutamente dependência alguma. É devido ao fato de as leis Cósmicas funcionarem coerentemente e serem imutáveis pela necessidade da sua natureza, que o homem tem uma garantia da confiança dos princípios Divinos ou Cósmicos.
A concepção e prática da oração do místico não são somente o que mais produz resultados, mas, também, o método mais lógico.  O místico assevera que todas as coisas  são possíveis  dentro  da  Divina  consciência   de Deus, exceto aquilo que contraditaria a própria natureza de Deus. Como a Mente Divina é todas as coisas, não há nada que se lhe possa opor. Portanto, um pedido ou petição negativa permanece inoperante. Não se deve esperar encontrar, por exemplo, trevas na luz, pois onde há luz não pode haver trevas. Assim, o místico não pede o impossível em suas orações. Um místico jamais pede que se ignore uma lei Cósmica ou natural que possa ter invocado pelos seus próprios atos, seja devido à maldade ou à ignorância. Ele é um crente firme na causa e efeito. Compreende que pedir que uma lei por ele próprio invocada seja aliviada em seu favor, seria solicitar o impossível.
Um místico não pede que lhe sejam conferidas bênçãos especiais. Sabe que no plano Cósmico não existem mortais preferidos. Ademais, sabe muito bem que tudo já é ou será pela lei eterna da mudança. Não há nada escondido. Nas leis do Cósmico, tudo o que é compatível com ele pode, eventualmente, ser causado pela mente do homem. As coisas não são transmitidas ao homem, mas é o homem quem dirige e reúne os poderes Cósmicos aos quais tem acesso, a fim de pô-los em execução.
O místico não pede uma coisa completa, acabada, e sim a iluminação pela qual ela possa ser materializada através dos seus esforços; ou, se seu desejo por uma determinada coisa não for correto, pede que o desejo seja eliminado. Conhecendo a limitação do seu próprio eu objetivo, o místico pede que, se não for possível mostrar-lhe como satisfazer a necessidade, que lhe mostrem como livrar-se do falso desejo que o faz considerá-lo necessário. Assim, o místico prova que não insiste na infalibilidade dos seus propósitos. Indica igualmente que deseja estar certo de que não está causando injustiça a nutrem pelos desejos manifestados, ao pedir algo que não deveria solicitar. O místico percebe que, com compreensão adequada, muitas das coisas pelas quais agora oramos, perderiam sua importância para nós e se mostrariam insignificantes e indignas de um apelo a Deus. Muitas das coisas com as quais nos atormentamos e consideramos tão essenciais ao nosso bem-estar são assim consideradas porque não foram analisadas à luz do seu aspecto mais amplo, isto é, em sua relação com todo o plano Cósmico.
O místico, ao suplicar ao Cósmico, volta sua consciência para dentro, em lugar de dirigir seu apelo a uma entidade ou poder externo distante. O místico percebe que o Cósmico está nele. Não está apenas nas vastidões do espaço. Sabe, além disso, que sua Alma responderá à sua súplica. A Alma é do Cósmico e o guiará para a auto-ação. Para o místico, a oração é, na realidade, uma consulta entre os dois eus do homem. É um apelo da mente mortal à mente imortal do eu interior. O místico sabe que a resposta a uma oração é, realmente, um vislumbre da sabedoria Divina, através de harmonização correta. Portanto, o místico pode avaliar seus desejos adequadamente e é capaz de agir à luz do que é Cosmicamente certo e possível.
Quando um místico pede algo que não virá, não terá o desapontamento que o devoto sente, depois de orações não satisfeitas. Se suas orações são ou não atendidas, o místico, não obstante, tem a compreensão que lhe revelou o fato de que seu apelo era desnecessário. A oração, portanto, é sempre satisfatória para o místico. Também psicologicamente, a oração é benéfica a qualquer homem, se praticada misticamente. A oração requer humildade. Requer submissão ao lado melhor da nossa natureza. E nos põe em harmonia com os impulsos mais sutis do nosso ser.
As orações são normalmente de três tipos. Existem as orações de confissão, quando um homem mostra ao Deus do seu coração que está contrito e admite uma violação dos seus ideais morais. Há as orações de intercessão. Estas são orações nas quais o homem pede para ser orientado, de modo a impedir efeitos indesejados de certas causas. Há, também, as orações de gratidão, como as dos Salmos, onde o homem saúda a majestade do Divino e expressa alegria por conhecer sua própria natureza Divina. Desses três tipos, o místico se entrega ao último — à oração de gratidão — com mais freqüência. Assim fazendo, o místico evita a necessidade das outras duas. Se reconhecemos o Divino e comungamos periodicamente com o Eu, que a Ele pertence, adquirimos tal domínio pessoal do nosso próprio ser, que as orações de intercessão ou orações de confissão não se fazem necessárias.
O que se segue é uma oração incorporando todos os elementos místicos que acabamos de enumerar:

Possa a essência Divina do Cósmico lavar-me de todas as impurezas da mente e do corpo, para que eu possa comungar com a Catedral da Alma. Possa minha consciência mortal ser de tal forma iluminada, que quaisquer imperfeições do meu pensamento me possam ser reveladas, e possa eu receber o poder da vontade para corrigi-las. Humildemente suplico que possa perceber a plenitude da Natureza e dela participar, sempre de acordo com o bem Cósmico. Assim seja!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

MEDITAÇÃO

MEDITAÇÃO




John Locke, filósofo inglês do século XVII, em sua Teoria do Conhecimento, disse que a compreensão, como o olho, vê e percebe todas as coisas, mas não se dá conta da sua própria existência. Queria com isto dizer que nossa consciência objetiva, nossa mente objetiva, está sempre mais interessada em discernir coisas em torno de nós, em examinar o mundo em que vivemos e ponderar sobre nossa relação com ele, do que em analisar o ego, o eu, por si mesmo. Se temos de olhar no espelho para nos vermos objetivamente, fisicamente, é também importante voltar esta consciência para si mesma, introvertê-la, de modo que possamos conhecer os sentimentos, as sensações ou impulsos do eu interior ou psíquico. A essa   auto-analise,   essa   compreensão   da   compreensão, pode dar-se o nome de arte da meditação, uma arte antiga e verdadeiramente mística.
Em suma, para definir a arte da meditação, podemos dizer que ela é um estado de harmonização; um estado de comunicação entre duas consciências — a consciência objetiva ou o eu exterior, e a consciência subjetiva, ou, digamos, o eu psíquico.
É importante que se faça uma distinção entre concentração e meditação. Muitos  estudantes  superficiais confundem as duas e as alternam e, desse modo, não são bem sucedidos nem em uma nem na outra, pois não se pode pensar que direita e esquerda sejam a mesma direção e que uma ou outra está indo no caminho certo. Psicologicamente, a concentração é a focalização dos poderes da nossa mente e da sensibilidade da nossa consciência sobre impressões que nos chegam de um modo distinto. Objetivamente, a cada minuto do dia permitimos que nossa consciência se desloque das impressões e experiências de um sentido para as de outro. Em outras palavras, estamos continuamente vendo, ou ouvindo, ou cheirando etc. Às vezes, acreditamos estar fazendo várias destas coisas ou todas ao mesmo tempo. Isto se deve apenas à nossa capacidade de passar rapidamente de uma série de impressões para outra.
Na concentração objetiva sobre alguma coisa concedemos as impressões de apenas metade de nós mesmos — metade da consciência de que somos capazes. Permitimos que atue sobre nós apenas uma porção daquilo que pode mover nosso ser. Na meditação, começamos com uma idéia definida, algo sobre o qual desejamos mais iluminação, que se destaque mais claramente na luz. Mas, na meditação, a consciência não é dirigida por apenas um canal, para alcançar aquela iluminação. Meditar não é apenas olhar e ouvir. Na verdade, na meditação permanecemos passivos e permitimos que todas as impressões interiores e externas se reúnam na nossa consciência e ampliem a idéia que temos. Meditar é como entrar num grande salão de assembléias. Entramos com a finalidade de presenciar alguma função que deve realizar-se ali. Há muitas portas que conduzem ao palco ou à platéia daquele salão. Os atores podem entrar por uma ou por várias das portas do salão. Ignoramos por qual delas entrarão; portanto, não nos concentramos em nenhuma porta isoladamente. Permanecemos relaxados e aguardamos que eles apareçam, para que possamos testemunhar com compreensão o que ocorre. Às portas que conduzem  ao salão podemos chamar de portas da memória, das experiências objetivas, da intuição, e porta da consciência Cósmica. A meditação, repetimos, é um estado receptivo passivo, em oposição ao estado dinâmico da concentração, no qual nos estendemos através de um canal na tentativa de trazer algo para nós.
A pessoa se prepara para as experiências da meditação por meio de ritos simples, mas importantes. O primeiro é o antigo rito da lustração — ou purificação. Nossa consciência não deve ser dominada, nesse momento, pelas lembranças da memória.   Ademais,   não   devemos permitir que suas emoções e apetites gerem formas mentais, idéias irrelevantes, que coibirão nossa consciência e interferirão na ascensão desta para o âmbito do eu. Como símbolo desta pureza mental, é melhor primeiro lavar as mãos e o rosto em água pura e fria, e então começar a purificação mental verdadeira. Ponhamos deliberadamente em evidência na mente personalidades, incidentes e acontecimentos que nos possam ter levado a ter sentimentos passíveis de serem interpretados como inveja, ciúme, e emoções como raiva e ódio. Logo devemos aliviá-los deliberadamente, substituindo-os por uma sensação de compreensão, isto é, procuremos entender as fraquezas da natureza humana que as possam ter causado — as nossas bem como as de outros. Permitamos que a compaixão e o perdão substituam a animosidade.
Não concordo com os textos líricos e clássicos, que dizem que devemos amar aqueles que nos magoaram profundamente. Isso é quase impossível para o místico neófito. Qualquer insistência para que a pessoa tenha tal pensamento seria tentar o psicologicamente impossível e poderia, até mesmo, criar uma atitude de auto-engano, ou melhor, uma hipocrisia desprezível.  É mais fácil, quando queremos livrar-nos de experiências passadas, substituí-las por um sentimento de tolerância — tolerância para com aqueles que imaginamos nos terem magoado, ou que realmente nos possam ter feito isto. Uma vez gerado este sentimento — isto é, a tolerância —, eliminemos da mente todos os outros pensamentos, e ter-nos-emos purificado mental e espiritualmente. Em outras palavras, teremos realizado interiormente o rito da lustração.
A meditação requer que se elimine a distração. Temos de estar o mais livre possível de interferência, se quisermos alcançar essa harmonização. Se vamos realizar essa comunicação entre os dois eus, a mente objetiva não deve ser distraída de modo algum por sons ou visões ou coisas que a ocupem ou coíbam. Se desejamos fazer uma importante conversação telefônica na qual todas as palavras que dizemos são importantes, ou acreditamos que o sejam, e todas as palavras da pessoa no outro lado da linha lhe serão importantes, devemos estar certos de que não haverá interrupção alguma. Possivelmente, em condições extremas, poderíamos realizar a conversa no meio de grande atividade e barulho, mas procuraríamos evitar tais circunstâncias. Tentaríamos encontrar um lugar tranqüilo, pelo menos uma cabina telefônica, para estabelecermos a condição necessária, onde tudo o mais seria excluído, exceto o que estaríamos dizendo e o que a outra pessoa teria a dizer. Assim, a exclusão é necessária na arte da meditação. É uma condição de recolhimento.
Além disso, um ambiente harmonioso também é necessário. Não basta, apenas, estar sozinho num quarto. Esse aposento tem de produzir uma atmosfera acolhedora. Não deve haver perturbações físicas de qualquer espécie; por exemplo, a temperatura ambiente não deve ser extrema em qualquer sentido, nem quente nem fria demais. Os objetos da sala ou as coisas nas paredes, caso as vejamos, devem sugerir lembranças ou sentimentos agradáveis — coisas que nos ponham à vontade e nos dêem certa dose de tranqüilidade. Não deve haver ruídos externos que cheguem a nós, nem mudanças de luz. Por exemplo, não é aconselhável que exista um grande letreiro luminoso piscando do lado da fora da janela ou do outro lado da rua, porque, muito embora nossos olhos estejam fechados, essas mudanças nos valores da luz podem ser perceptíveis e farão com que nossa consciência se divida, o que afetará nossa comunhão com o seu eu interior.
A etapa seguinte, na arte da meditação, é entrar nesse estado com algum problema ou algum desejo definido em mente, uma idéia correta do que esperamos realizar através da comunhão, ou um pedido que desejemos fazer. Devemos ser sinceros em nosso desejo, nosso pedido, ou em nosso problema. Ele deve ser algo que acreditamos não poder realizar ou encontrar a resposta objetivamente. A solicitação não deve ser feita em forma de desafio, porque o eu psíquico, a inteligência do espírito Divino residente no nosso íntimo, não precisa demonstrar sua capacidade, seu poder de realização, ao frívolo eu objetivo. Ele pode fazer e fará coisas miraculosas, mas não tem de prová-lo ao outro eu, e se adotarmos essa atitude, só obteremos fracasso. Quando entramos numa cabina telefônica, ou quando pegamos o fone em nossa casa ou num escritório para fazer um chamado, não discamos apenas para ver se o telefone funciona ou se a pessoa está em casa, e sim porque desejamos estabelecer contato com aquela pessoa, transmitir-lhe nossa idéia, ou pedir certa informação. Por conseguinte, quando entramos no estado de meditação, devemcs fazê-lo com idêntico propósito — com a finalidade de estabelecer o contato, para a aquisição de informação valiosa.
Não é necessário falar em voz alta, fazer um pedido vocativo. Podemos expressar nosso desejo silenciosamente para nós mesmos, mas com igual vigor. Devemos visualizar as palavras; mantê-las diante da nossa mente, de modo que cada palavra pareça composta de letras luminosas, e que não vejamos nem estejamos conscientes de nenhuma outra coisa no quarto, exceto da nossas palavras. Então, mergulhemos no que se conhece como estado de abstração; esqueçamos nosso ambiente; apenas atenhamo-nos ao significado da pergunta, à natureza do nosso pedido. É necessário que se compreenda plenamente e sinta emocionalmente o que estamos pedindo ou o que constitui o problema. Se não sabemos o que estamos pedindo, ou não temos certeza a respeito dele, não podemos esperar nenhuma resposta ou consideração do eu psíquico.
Quando nos absorvemos nesse estado e não resta mais nada exceto nós mesmos, nosso problema ou nosso pedido, e nossa consciência do eu interior, estamos aptos a obter uma avaliação intuitiva do que estamos buscando. É possível que de repente, nos sintamos mortificados ou envergonhados por termos feito o pedido e, concomitantemente com a sensação de mortificação, compreendamos que o pedido ou o problema é egoísta, ou que ele é cobiçoso, ou que é algo pelo qual só nós nos beneficiamos e, talvez, à custa de outros, e que jamais deveríamos ter consultado o eu interior. Sentir-nos-emos contritos e arrependidos. Talvez até reconheçamos que há uma atitude de maldade ou vingança bem no fundo do pedido ou do problema. Quando tal avaliação intuitiva do nosso motivo ocorrer, abandonemos imediatamente, por algum tempo, qualquer outra comunhão com o eu psíquico. Ademais — e isto é muito importante — abandonemos aquele problema ou questão, desejo ou pedido que levamos à atenção do eu psíquico, pois fomos advertidos de que tínhamos uma atitude imprópria.
Por outro lado, se nosso motivo estava certo, assim como nosso procedimento no desenvolvimento da arte da meditação, podemos ter um lampejo intuitivo — numa questão de minutos — de uma palavra ou idéia, que nos virá, como uma solução completa ou como uma resposta completa. Ela será convincente. Não precisaremos raciocinar a respeito; nem analisá-la. Saberemos intimamente que ela é a resposta certa: aquela que necessitávamos ou que procurávamos. Não virá acompanhada de nenhum comando. Nada nos dirá para fazer isto ou para ir ali ou acolá. Todo o problema — se se tratar de um problema — será resolvido, ou a resposta será tão clara que saberemos ser a certa. Por exemplo, vamos supor que nosso problema era: "Qual é a resposta para dois mais dois?" Se formos bem sucedidos na arte de meditar, de repente lampejará na nossa consciência ou  o   número quatro, que visualizaremos como uma imagem, ou a palavra interior quatro. Não teremos de recorrer a qualquer cálculo matemático para prová-lo ou justificá-lo. Saberemos que está certo devido a determinada resposta emocional que acompanhará a experiência. Sentir-nos-emos satisfeitos; haverá uma sensação de felicidade, uma titilação no plexo solar — isto é, uma espécie de calor, uma excitação, uma emoção viva.   Haverá uma tranqüilidade na mente, uma sensação de alívio, a confiança que resulta do conhecimento e da convicção.
Talvez realizemos essas etapas na arte da meditação com precisão, ou com o que nos parece ser o melhor da nossa capacidade e, entretanto, não obtenhamos resultados. O fracasso pede ser conseqüência de várias causas, pois na arte da meditação o insucesso se deve particularmente a três coisas: a dúvida, em primeiro lugar. Se duvidamos que nosso problema profundo, a situação séria que estamos levando ao eu psíquico, possa ser repentina ou facilmente resolvida pela Mente Divina em nosso interior, se nos mostramos céticos quanto às respostas sobre algo a que dedicamos anteriormente longas horas de estudo e investigação, sem quaisquer resultados através desse método, então fracassaremos. Segundo, se nos mostramos excessivamente ansiosos, se tentamos apressar a comunhão, dirigir o eu interior no sentido do que desejamos dizer-lhe, o que deve fazer e como conseguir os resultados que desejamos, também fracassaremos. Terceira, se nosso problema é por demais complexo, se não separamos as partes integrantes do que se compõe e apresentamos uma parte de cada vez ao eu psíquico, fracassaremos. Estaremos pedindo demais de uma só vez.
Vamos supor que tenhamos obtido êxito, que obtivemos da fonte do conhecimento interior a resposta, a idéia ou a solução essencial. Agora temos de aplicar os atributos físicos do nosso ser. Temos de usar a energia do nosso corpo sadio e da mente objetiva para pôr a idéia que nos foi inspirada em ação — temos que começar a fazer algo a respeito. Podemos ter apresentado um problema de negócios ao Ser Divino. Este pode nos ter esboçado um curso de ação, mas temos de pô-lo em prática. Portanto, os dois — o lado físico, a manutenção adequada do corpo e da mente objetiva, e a vida e prática místicas — são necessários para a ciência completa do viver místico.
A meditação Cósmica não é uma fuga e sim um recurso a uma fonte de sabedoria. Ela resulta num influxo espiritual cujos resultados a mente objetiva pode transformar em procedimentos, em modos úteis de vida. O que o místico recebe através de tal meditação, tem de transmitir à Humanidade; isso se faz transmutando-se essas experiências em realidades materiais, conhecimento objetivo, de que os outros possam desfrutar. Tais revelações não são de posse exclusiva do místico, para serem arquivadas como simples parte de uma coleção das suas experiências meditativas. Ele tem de usá-las para ajudar outros em seu mundo de negócios, profissionais ou sociais. Deste modo, transmite-se à Humanidade o que se recebeu. A inspiração assim recebida pode manifestar-se, por exemplo, na concepção e na execução perfeita de magníficas obras de arte, em brilhantes feitos científicos através dos quais se utilizem mais amplamente as leis da natureza objetivando a evolução mental, cultural e espiritual do homem.
Resta o fato de muitas pessoas serem realmente místicas e alcançarem tal poder de introvisão mística por processo semelhante ao aqui exposto, sem se aperceberem, no entanto, de que o são. Em outras palavras, não se concebem místicas e não percebem que praticam a introvisão mística. Com muita freqüência, tais pessoas entram em isolamento, isto é, talvez se recolham a um canto calmo do seu aposento ou estúdio, relaxando-se na sua poltrona favorita. Em silêncio e sem a formalidade de uma forma fixa, agradecem os muitos benefícios recebidos, embora estes possam ter sido de pouca importância. Similarmente, esperam que, por estarem vivas de alguma maneira, venham a ser instrumento pelo qual o mundo possa tornar-se melhor. E, deste modo, se põem a serviço da Humanidade. Com essa atitude mental relaxada, realizam, inconscientemente, o rito da lustração e se harmonizam com o eu e o Cósmico. Têm, então, o que lhes parece ser uma grande inspiração, uma intuição, uma idéia notável que não parece vir de parte alguma. Como resultado, seu coração se rejubila. Mostram-se entusiásticas e satisfeitas. Sua mente objetiva, mais tarde, torna-se extremamente alerta e facilmente materializa a idéia. Viveram a verdadeira meditação mística.









segunda-feira, 20 de setembro de 2010

**O QUE ACONTECE QUANDO VOCÊ ACABA DE BEBER UMA LATA DE REFRIGERANTE**

Primeiros 10 minutos:
10 colheres de chá de açúcar batem no seu corpo, 100% do recomendado diariamente.
Você não vomita imediatamente pelo doce extremo, porque o ácido fosfórico corta o gosto.
20 minutos:
O nível de açúcar em seu sangue estoura, forçando um jorro de insulina.
O fígado responde transformando todo o açúcar que recebe em gordura (É muito para este momento em particular).

40 minutos:
A absorção de cafeína está completa. Suas pupilas dilatam, a pressão sanguínea sobe, o fígado responde bombeando mais açúcar na corrente. Os receptores de adenosina no cérebro são bloqueados para evitar tonteiras.

45 minutos:
O corpo aumenta a produção de dopamina, estimulando os centros de prazer do corpo. (Fisicamente, funciona como com a heroína..)

50 minutos:
O ácido fosfórico empurra cálcio, magnésio e zinco para o intestino grosso, aumentando o metabolismo.
As altas doses de açúcar e outros adoçantes aumentam a excreção de cálcio na urina, ou seja, está urinando seus ossos, uma das causas das OSTEOPOROSE.
60 minutos:
As propriedades diuréticas da cafeína entram em ação. Você urina.
Agora é garantido que porá para fora cálcio, magnésio e zinco, os quais seus ossos precisariam..Conforme a onda abaixa você sofrerá um choque de açúcar.
Ficará irritadiço.
Você já terá posto para fora tudo que estava no refrigerante, mas não sem antes ter posto para fora, junto, coisas das quais farão falta ao seu organismo.

Pense nisso antes de beber refrigerantes.
Se não puder evitá-los, modere sua ingestão!
Prefira sucos naturais.
Seu corpo agradece!