Krak dos Cavaleiros

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

CIÊNCIA HERMETICA


Existe também o que se conhece por filosofia hermética ou hermetismo. Deveríamos conhecer algo a seu respeito para nos orientarmos ainda mais em nossos estudos místicos. O hermetismo é freqüentemente confundido com métodos e práticas destinados a despertar talentos ou poderes latentes que o homem possui, o que naturalmente, é ocultismo. Assim, para muitos, o ocultismo e o hermetismo são idênticos, o que não é verdade. Hermetismo, em geral, significa aquela sabedoria, aquela gnose, que é atribuída a um personagem conhecido como Hermes Trismegisto. Mas a filosofia hermética hoje em dia é eclética. Ela tomou emprestado e incorporou antigas doutrinas, o neoplatonismo, o estoicismo, o gnosticismo e elementos do cristianismo, várias das quais nunca tiveram qualquer lugar no hermetismo original.
Alguns dizem que jamais houve um personagem chamado Hermes Trismegisto; outros afirmam que ele viveu antes de Platão, antes dos Sete Sábios — um dos quais era Tales — e mesmo antes de Moisés. Contudo, Hermes é o nome que os gregos atribuíam ao deus egípcio ou personagem lendário conhecido como Tote. O título Trismegisto, em grego, significa Três Vezes Grande, ou o Grande Grande Grande. Inscrito na Pedra de Roseta, em língua demótica, está o nome de Tote — a quem os gregos chamavam Hermes — e a afirmação de que ele era o Grande Grande Grande. Os egípcios o caracterizavam como uma figura humana com a cabeça de um íbis, um pássaro.egípcio que costumava, e ainda costuma, chapinhar nos pântanos ao longo de Nilo.
Os gregos, em seus textos antigos, diziam que Tote, chamado Hermes, era a fonte principal de toda sabedoria, uma espécie de fonte do conhecimento. Eles o chamavam de Pai da Filosofia. Os egípcios, em seus textos antigos, referiam-se a Tote como o senhor dos livros e diziam ser ele o inventor da ciência dos números — isto é, da matemática — e que ensinara os homens a falar e, além disso, lhes ensinara a escrita demótica. A mais antiga escrita egípcia era o hieróglifo, ou escrita sagrada, feita por meio de imagens, e diz-se que Tote ensinou a escrita demótica, semelhante à da maneira como agora escrevemos, a fim de que o homem dispusesse de muitos signos para referir-se a coisas diversas. Atualmente, muitos são os relatos literários atribuídos ao hermetismo. Existem citações declarando que ele, Hermes, ou Tote, foi o autor de milhares de obras, enquanto fontes fidedignas afirmam que ele escreveu quarenta e dois livros e que estes tinham seis partes: uma sobre astronomia, outra sobre a ciência da escrita, ainda outra sobre religião etc.
Mâneto, o grande historiador egípcio do século III a.C., cujas obras vêm sendo, desde então, traduzidas, por algum tempo, na Antigüidade, foi considerado personagem lendário, mas, mui significativamente era conhecido como a Verdade de Tote, o que, na qualidade de Primeiro Sacerdote de Tote, simbolizava ser ele professor da sabedoria daquele grande personagem. Nos escritos de Mâneto, verificamos que ele recebera ordens de Ptolemeu Filadelfo (Ptolemeu II), que dirigia a grande escola de saber e a biblioteca da antiga Alexandria, no sentido de recolher, para aquela biblioteca, a vasta sabedoria dos antigos egípcios. Mâneto apresentou a Filadelfo os livros sagrados de Tote, um dos quais é conhecido como O Pastor do Homem, sendo interessante notar-se que uma frase daquele livro antecipa uma afirmação do Livro do Gênese, isto é, que Deus criou o homem à Sua semelhança.
Nos registros inscritos nos monumentos de pedra do Egito, nos túmulos e templos, encontramos muitas referências a Hermes, ou Tote, como o chamavam, e diz-se que a sede principal da escola de Tote, onde sua sabedoria era transmitida, ficava em Khemennu, que os gregos mais tarde chamariam de Hermópolis, ou Cidade de Hermes. Diz-se que essa escola se situava num lugar em terra alta onde Ra, o sol, primeiro tocava, ao nascer, no Leste. Naturalmente, o fato é alegórico porque esses registros dizem ainda que a escola era um local de iniciação para os candidatos à escola do mistério. Durante a iniciação, os candidatos subiam a montanha da sua natureza interior, sua consciência interior, e quando chegavam ao topo, o sol espiritual os tocava. Em outras palavras, quando alcançavam no seu íntimo um estado de Consciência Cósmica, eram, então, banhados em iluminação ou compreensão espiritual.
A história profana ou geral, em todas as suas pesquisas, não consegue apresentar nenhuma razão para Tote e Hermes serem chamados de Três Vezes Ilustre ou Três Vezes Grande. Os registros rosacruzes, que são uma continuação e perpetuação daquele conhecimento transmitido para a Ordem do Velho Mundo, dizem-nos que houve realmente um personagem chamado Hermes ou Tote. Ele não era um deus, mas um grande sábio, e nasceu em Tebas, a antiga capital do Egito, em 1339 a.C., alcançando uma idade provecta. Recebeu o título de Três Vezes Ilustre porque participou da organização da grande escola de mistério, teve a experiência de ver o ilustre Amenhotep IV iniciado como o Grande Grande Mestre e, ainda, teve a experiência de ver o trabalho perpetuado, ajudando-o na iniciação do sucessor de Amenhotep IV.
Muitas pessoas usam erroneamente metafísica como um termo genérico para tudo abranger, para incluir vários assuntos que deveriam ser classificados como ocultismo, esoterismo, hermetismo, ou algum outro ramo do conhecimento. É bom que saibamos a verdadeira natureza da metafísica. O termo foi originalmente cunhado ou inventado por Aristóteles. Essa grande mente enciclopédica percebeu que era necessário classificar os ramos do conhecimento humano de modo que pudessem ser estudados mais facilmente; dedicou-se à sua realização e por isso a Humanidade lhe deveria ser eternamente grata. Deu vários nomes a esses diferentes conhecimentos, muitos dos quais ainda hoje usamos, como psicologia e a palavra física, que na época incluía toda a ciência material. Chegou mesmo a inventar um método de raciocínio formal para ajudar a compreensão dos fatos. A isto deu o nome de lógica, nome que ainda usamos para o método. À metafísica, Aristóteles deu o significado: literalmente o que está além do físico, em contraposição à classificação do conhecimento material a que chamou de física.
Entretanto, na Antigüidade, e hoje em dia, metafísica refere-se às primeiras causas, aos primórdios primários das causas. Agora, as causas pelas quais a metafísica se interessa não são pragmáticas. Elas não são causas materiais ou mecânicas, tais como a ciência investiga ao examinar um fenômeno físico; são, antes, causas racionais, concebidas pela mente, em seu processo de raciocínio. A metafísica é um conhecimento a priori. É um conhecimento que, partindo do geral, procura explicar o particular. É um conhecimento que começa na mente e não fora dela; é um produto do raciocínio ou da abstração pura.

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