Krak dos Cavaleiros

sábado, 9 de outubro de 2010

O local exato em que se encontra o Cristo é o CORAÇÃO, e nossa meta, durante a encarnação,CRISTIFICAR-NOS, alcançando a evolução crística e unificando-nos com Ele.


Finalmente, estreitando o círculo dos esclarecimentos, verificamos que o Cristo, dentro de nós, reside
NO CORAÇÃO, onde constitui nosso EU Profundo. É ensinamento escriturístico.
Ainda é Paulo que nos esclarece: "Porque sois filhos, Deus enviou o ESPÍRITO DE SEU FILHO, em
vosso CORAÇÃO, clamando Abba, ó Pai" (Gál. 4:6).

Compreendemos, então, que o Espírito Santo
(Deus) que está em nós, refere-se exatamente ao Espírito do FILHO, ao CRISTO Cósmico, o Filho
Unigênito. E ficamos sabendo que seu ponto de fixação em nós é o CORAÇÃO.
Lembrando-se, talvez, da frase de Jeremias, acima-citada, Paulo escreveu aos coríntios: "vós sois a
nossa carta, escrita em vossos CORAÇÕES, conhecida e lida por todos os homens, sendo manifesto
que sois CARTA DE CRISTO, preparada por nós, e escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus
Vivo; não em tábuas de pedra, mas nas tábuas dos CORAÇÕES CARNAIS" (2.ª Cor.3:2-3).

Bastante explícito que realmente se trata dos corações carnais, onde reside o átomo espiritual.
Todavia, ainda mais claro é outro texto, em que se fala no mergulho de nosso eu pequeno, unificandonos
ao Grande EU, o CRISTO INTERNO residente no coração: "CRISTO HABITA, pela fé, no VOSSO
CORAÇÃO". E assegura com firmeza: "enraizados e fundamentados no AMOR, com todos os
santos (os encarnados já espiritualizados na vivência da individualidade) se compreenderá a latitude, a
longitude a sublimidade e a profundidade, conhecendo o que está acima do conhecimento, o AMOR
DE CRISTO, para que se encham de toda a plenitude de Deus" (Ef. 3:17).

Quando se dá a unificação, o Espírito se infinitiza e penetra a Sabedoria Cósmica, compreendendo
então a amplitude da localização universal do Cristo.
Mas encontramos outro ensino de suma profundidade, quando Paulo nos adverte que temos que
CRISTIFICAR-NOS, temos que tornar-nos Cristos, na unificação com Cristo. Para isso, teremos que
fazer uma tradução lógica e sensata da frase, em que aparece o verbo CHRIO duas vezes: a primeira,
no particípio passado, Christós, o "Ungido", o "permeado da Divindade", particípio que foi transliterado
em todas as línguas, com o sentido filosófico e místico de O CRISTO;

 e a segunda, logo a seguir,no presente do indicativo. Ora, parece de toda evidência que o sentido do verbo tem que ser O MESMO em ambos os empregos

E agora a tradução real: "Deus, fortificador nosso e vosso, em CRISTO, CRISTIFICA-NOS".
Essa a chave para compreendermos nossa meta: a cristificação total e absoluta.
Logo após escreve Paulo: "Ele também nos MARCA e nos dá, como penhor, o Espírito em NOSSOS
CORAÇÕES" (2.ª Cor. 1:22).

Completando, enfim, o ensino - embora ministrado esparsamente - vem o texto mais forte e explícito,
informando a finalidade da encarnação, para TÔDAS AS CRIATURAS: "até que todos cheguemos à
unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, ao Homem Perfeito, à medida da evolução plena de
Cristo" (Ef. 4:13).

Por isso Paulo escreveu aos Gálatas: "ó filhinhos, por quem outra vez sofro as dores de parto, até que
Cristo SE FORME dentro de vós" (Gál. 4:19


Agostinho (Tract. in Joanne, 21, 8) compreendeu bem isto ao escrever: "agradeçamos e alegremonos,
porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos", (Christus facti sumus); e Metódio de
Olimpo ("Banquete das dez virgens", Patrol. Graeca, vol. 18, col. 150) escreveu: "a ekklêsía está
grávida e em trabalho de parto até que o Cristo tome forma em nós, até que Cristo nasça em nós, a fim
de que cada um dos santos (encarnados) por sua participação com o Cristo, se torne Cristo".

Também Cirilo de Jerusalém ("Catechesis mystagogicae" 1.3.1 in Patr. Graeca vol. 33, col. 1.087) asseverou:
"Após terdes mergulhado no Cristo e vos terdes revestido do Cristo, fostes colocados em pé de igualdade
com o Filho de Deus ... pois que entrastes em comunhão com o Cristo, com razão tendes o nome
de cristos, isto é, de ungidos".

Todo o que se une ao Cristo, se torna um cristo, participando do Pneuma e da natureza divina (theías
koinônoí physeôs) (2.ª Pe. 1:3), pois "Cristo é o Espírito" (2.ª Cor. 3:17) e quem Lhe está unido, tem
em si o selo (sphrágis) de Cristo. Na homilia 24,2, sobre 1.ª Cor. 10:16, João Crisóstomo (Patrol.
Graeca vol. 61, col. 200) escreveu: "O pão que partimos não é uma comunhão (com+união, koinônía)
ao corpo de Cristo? Porque não disse "participação" (metoché)? Porque quis revelar algo mais, e mostrar
uma associação (synápheia) mais íntima. Realmente, estamos unidos (koinônoúmen) não só pela
participação (metéchein) e pela recepção (metalambánein), mas também pela UNIFICAÇÃO
(enousthai)..

Por isso justifica-se o fragmento de Aristóteles, supra citado, em Sinésio: .os místicos devem não apenas
aprender (mathein) mas experimentar" (pathein).
Essa é a razão por que, desde os primeiros séculos do estabelecimento do povo israelita, YHWH, em
sua sabedoria, fazia a distinção dos diversos "corpos" da criatura; e no primeiro mandamento revelado
a Moisés dizia: " Amarás a Deus de todo o teu coração (kardía), de toda tua alma (psychê), de todo
teu intelecto (diánoia), de todas as tuas forças (dynameis)"; kardía é a individualidade, psychê a personagem,
dividida em diánoia (intelecto) e dynameis (veículos físicos). (Cfr. Lev. 19:18; Deut. 6:5;
Mat. 22:37; Marc. 12:13; Luc. 10:27).

A doutrina é uma só em todos os sistemas religiosos pregados pelos Mestres (Enviados e Profetas),
embora com o tempo a imperfeição humana os deturpe, pois a personagem é fundamentalmente divisionista
e egoísta. Mas sempre chega a ocasião em que a Verdade se restabelece, e então verificamos
que todas as revelações são idênticas entre si, em seu conteúdo básico.

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