Krak dos Cavaleiros

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

MORTE – A LEI DA MUDANÇA

O antigo filósofo Epicuro perguntou por que deveria o homem preocupar-se tanto com a morte e temê-la, pois, assim fazendo, ele presume conhecer a natureza da morte, ou as circunstâncias que cercam a transição da vida para a morte! Como o homem nada sabe disso, não deveria recear a morte, nem viver no temor dela. Não deveria, tampouco, tentar antecipar, o desconhecido. Quando o fim, o desconhecido, vem até nós, então já é o conhecido, e o que é conhecido jamais é temido.Por que a maioria dos homens teme a morte? Não será porque lhes desagrada renunciar aos prazeres, às alegrias, às recompensas, ao poder, à fama e posição, que alcançaram na vida? Mas se temem renunciar a essas coisas, se temem que a morte lhes roube esses prazeres, também têm de compreender que a morte lhes negará a dor, lhes negará a preocupação, a tristeza e a luta, pois se a morte suprime uma experiência na vida, suprimirá, também, todas as outras.Consideremos a morte como o ato de se cruzar o umbral para outro aposento. Quando o cômodo em que nos encontramos torna-se apinhado e não mais é capaz de servir às nossas finalidades, e a porta se abre e vemos através do portal o outro aposento, para nova expressão, por que deveríamos hesitar em nos aproveitarmos dele, especialmente quando ele nos oferece oportunidades que o cômodo do presente não nos pode oferecer?A alma do homem é parte da Alma Universal, da inteligência de Deus, que flui por igual, como uma força espiritual através de todos os homens. Podemos usar novamente uma analogia que temos empregado muitas vezes. A força da alma é como uma corrente elétrica que corre através de um circuito de lâmpadas elétricas. Ela faz com que cada lâmpada no circuito manifeste luz e cor, cada uma talvez de modo diferente, mas a essência de todas as lâmpadas, a corrente, é a mesma. Esta força anímica dentro do homem tem, ou digamos, cria, certos atributos. O principal é conhecido como o corpo psíquico.
Essa inteligência Cósmica ou força anímica não está limitada a uma área, seção, ou órgão do corpo, como muitos filósofos outrora pensavam. Em vez disso, ela penetra cada célula da matriz de células de que o organismo humano é composto. Cada célula tem seus deveres, suas funções, que contribuem para a finalidade total para a qual o corpo humano existe. Por conseguinte, como as células, em sua substância protoplásmica, compõem a forma física — por exemplo, o coração —, a consciência psíquica dessas mesmas células contém um corpo psíquico, ou o que corresponde à forma física do coração, isto é, um coração psíquico.Quando da morte, ou daquela transição que separa o corpo das qualidades espirituais ou força anímica do homem, o que acontece ao corpo psíquico? A alma, naturalmente, é atraída para dentro da Alma Universal da qual jamais esteve separada. Por analogia, fazemos a pergunta: o que acontece com a corrente elétrica quando se apaga uma lâmpada ou se desliga um ventilador elétrico? A corrente ainda existe, pronta para manifestar-se novamente quando se tiver restabelecido a conexão material. O corpo psíquico, ou o eu de um ser humano, é apenas absorvido na Alma Universal. Ela não se perde. Antes, harmoniza-se com todas as personalidades e os corpos psíquicos que compõem uma única Alma Cósmica. Outra vez fazemos uma pergunta para demonstrar melhor nossa posição: o que acontece com as cores vermelha, verde e azul quando não existe um meio, tal como um prisma, para dispersar a luz branca? Os comprimentos de onda daquelas cores permanecem misturados, para constituir a harmonia de todas as cores em que consiste a luz branca. O mesmo acontece com os corpos psíquicos e personalidades na Alma Universal.Pouco antes do último alento, no momento da transição, o corpo psíquico se projeta, isto é, parece estender-se alguns metros do corpo físico. Ele não está libertado. Ainda está preso ao corpo físico pelo cordão de prata (um termo místico tradicional para a essência do corpo psíquico que permanece ligada ao corpo físico vivo). A essência maior do corpo psíquico em tal momento pode ser sentida, ou, melhor dito, percebida como uma nuvem ou névoa. Às vezes é na forma de um oval, de uma de cujas extremidades parece descer esse cordão de prata como uma espécie de espiral ou vapor. A extremidade menor da espiral parece entrar no corpo no plexo solar.Portanto, com a transição, termina neste plano a consciência do eu e a percepção de qualquer estímulo. Pelo conceito, a cremação é a maneira ideal de se dispor do corpo. Os elementos físicos dos quais o corpo é composto, em si e por si mesmos, não constituem o homem, como uma figura de cera tampouco o poderia constituir. Portanto, é nosso dever ajudá-los a retornar ao seu estado original o mais breve possível; e a cremação faz isto. A conservação prolongada do corpo mediante métodos complicados de embalsamamento é um costume nascido de um sentimento que continua associando a personalidade e o eu com o invólucro físico, ou então é o resultado de certas interpretações religiosas. Somente aqueles elementos impalpáveis, aquelas condições e características que compõem o ego e a personalidade é que constituem o eu. Quando elas se retiram, é melhor que o elementos físicos do corpo sejam liberados o mais de pressa possível, e com a máxima decência.

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