O homem é uma máquina produtora de pensamentos e sentimentos. Essa atividade é importante para os mestres que trabalham para a evolução da humanidade. O planeta Terra é um organismo do Universo e precisa evoluir, pois é assim que funciona todo esse complexo. A nossa humanidade, ou seja, esse conjunto de indivíduos (espíritos) encarnados e também os desencarnados, atualmente, está vinculada a este planeta, neste estágio de existência (evolução).
Krak dos Cavaleiros
domingo, 5 de setembro de 2010
O EU E A ALMA
Apesar do grande número de fenômenos que o ser humano percebe, para as finalidades que temos em vista eles podem ser classificados em duas divisões gerais: físicos e não-físicos.
A primeira classificação consiste daquelas realidades, objetos e acontecimentos, que o homem pode perceber por meio de seus órgãos sensoriais, ou seja, seus olhos, ouvidos etc. Evidentemente, tais realidades, no tocante à nossa consciência delas, têm uma dependência do nosso organismo físico, tal como nosso sistema nervoso e cérebro.
A segunda classificação consiste daquelas percepções ou sensações que são o resultado da consciência do eu. Elas são muito diferentes das experiências físicas. Você não existe para você mesmo, só porque vê seu corpo ou pode tocar seus membros. Na verdade, se fosse privado de todas as suas faculdades físicas receptoras, você ainda teria uma percepção de você mesmo. Diz-se comumente que sentimos o eu, mas isso é uma verossimilhança. O fato é que as sensações do eu não são iguais às que derivamos do tato de um objeto. Para o eu não há sensações de quente, frio, duro ou macio, tampouco sensações de dor ou prazer. Você percebe que você é você, inteiramente à parte essas experiências. Portanto, esta consciência do eu é uma consciência da nossa consciência.
O ser humano é impregnado de uma força vital misteriosa. Concebemos que a inteligência é um atributo desta força vital, ou que ela, pelo menos, está integrada a seu funcionamento. Logo, evidentemente, esta inteligência inata também existe nos neurônios cerebrais, ou células cerebrais, onde prove uma sensibilidade para aqueles impulsos que nos chegam, através dos nossos órgãos sensoriais, do mundo exterior. Em outras palavras, no cérebro, esta força vital e inteligência tornam possível nossas experiências físicas, equivalendo à nossa consciência objetiva. Além disso, o órgão altamente sensibilizado do cérebro pode tornar-se, e torna-se, cônscio da sensibilidade desta força vital e inteligência que existem através de todo o ser do homem. É evidente que a origem destas últimas sensações é inteiramente imanente. Elas não estão, de modo algum, relacionadas com os órgãos sensoriais e o mundo exterior. A função é semelhante a um instrumento extremamente delicado, feito para captar movimentos exteriores, mas que, devido à sua sensibilidade, é igualmente capaz de discernir o movimento sutil do seu próprio mecanismo.
A consciência tem limiares. Por limiares referimo-nos aos pontos em que certos efeitos ou sensações começam a ocorrer no cérebro. Os limiares para os impulsos do som e visão, por exemplo, são consideravelmente mais baixos do que aqueles das vagas impressões do eu. Por conseguinte, é relativamente fácil perder a percepção do eu, se os impulsos mais grosseiros dos órgãos sensoriais dominarem a consciência do cérebro. Em outras palavras, se a consciência é exposta a um bombardeio de sons ou a uma excitação de impressões visuais, sabemos, pela nossa própria experiência, que perdemos momentaneamente a percepção do eu nessas percepções físicas da consciência objetiva. Somente quando os limiares dos sentidos receptores são parcialmente bloqueados ou suprimidos, e que nos tornamos plenamente cônscios daquelas impressões mais sutis que atingem os limiares mais altos da consciência cerebral, e que sentimos como eu.
É óbvio que, sem um órgão altamente desenvolvido, como o cérebro humano, o eu não existiria para cada um de nós. Isto não equivale a dizer que o cérebro é a causa do eu, nem que o eu depende daquele órgão. O cérebro, todavia, é o canal pelo qual chegamos a conhecer o eu. Ele é o instrumento através do qual nossos impulsos variados são integrados naquela noção, naquele estado de consciência que definimos como eu. Por analogia, um grande telescópio não é a causa ou o criador de uma nebulosa situada a milhões de anos-luz de distância. Ele é, contudo, o meio pelo qual chegamos a discernir a existência das nebulosas.
Provou-se que, quando se remove o cérebro ou se inibe por completo o seu funcionamento, não se destruíram os elementos do eu que penetram o ser humano, mas apenas os meios pelos quais existimos para nós mesmos. Sem o cérebro, a função do eu no homem seria muito parecida com a simples consciência que existe numa folha de grama. A inteligência, associada à força vital em cada célula do nosso ser, funcionaria, mas não haveria nada no qual ele se refletisse. Assim como o cérebro reflete exterioridades e existências que estão fora de nós, ele igualmente reflete o mundo interior, isto é, o eu. A introversão dessa consciência do cérebro, sua resposta à sensibilidade interior, é o que comumente se chama de seu funcionamento subconsciente.
Para o místico, a consciência, o estado de percepção, é existência. Para o homem, aquilo de que ele está cônscio é. Todos os poderes que o ser humano é capaz de exercer, sejam físicos, mentais ou psíquicos, só podem ser relacionados com aquilo de que ele tem conhecimento, aquilo que lhe é real. Por analogia, no tiro ao alvo, se existe mais de um alvo, pode-se fazer a escolha do alvo contra o qual se atirará. Se apenas um alvo pode ser percebido, aquele, portanto, torna-se o objeto dos esforços e de toda a atenção do participante. Todavia, o místico sabe que as realidades da sua consciência são duplas: aquelas coisas, ou particulares, que têm uma existência objetiva, como seu corpo e o mundo externo; e aquelas realidades da sua consciência que são percepções interiores, que surgem das profundezas de si mesmo, como emoções, estados de alma, inspirações. Estas últimas podem transformar-se num ímpeto que o farão ter vivências objetivas, mas sua origem parece limitada à natureza etérea do seu ser.
Para o místico, a única separação que existe é esta dualidade da sua consciência, a inclinação para distinguir entre as realidades do eu e as do mundo objetivo. Na realidade, o místico entende que todas estas realidades são parte de uma grande ordem hierárquica, uma escala graduada. Essa gradação é acorde com a simplicidade ou complexidade da sua natureza. Quanto mais complexas as realidades, maior é a sua manifestação de uma inteligência universal — em outras palavras, mais elas representam toda a ordem hierárquica ou Cósmica.
As atividades do eu, as realidades de nosso ser interior são mais complexas neste sentido do que aquelas particularidades do mundo material ou cotidiano que percebemos. Se, por analogia, a ordem Cósmica ou Deus, como preferir, é a síntese de tudo, então, aquele Deus, evidentemente, é complexo — infinito em substância e variedade. Se nos tornamos cônscios do complexo, ou das maiores expansões ou manifestações da Sua natureza, maior a nossa intimidade com Ele, mais Nele viveremos.
Como as causas das sensações do eu são bastante impalpáveis, não são identificadas com substância, nem podem ser realmente localizadas no corpo humano, elas sempre foram muito misteriosas para o homem. Além disso, não é comum ter sensações independentemente do corpo. O corpo, entretanto, quando da morte, continua como substância, por tempo indeterminado, antes da desintegração, e, ao que parece, sem aqueles elementos do eu. Assim, os primeiros observadores foram levados a crer na dualidade da natureza do homem. O corpo pertencia à mesma categoria que toda outra realidade que pode ser fisicamente sentida como matéria. Então, como se deveriam identificar os elementos impalpáveis do nosso eu? A conclusão era que eles deviam transcender o mundo, devido à impossibilidade de serem sentidos como pertencentes ao mundo. Esses elementos eram considerados de natureza Divina, devido à sua aparente infinidade e imaterialidade. A alma, portanto, tornou-se o repositório para todas essas qualidades indeterminadas do homem, sendo psique o vocábulo grego que o definiu.
Essa idéia de alma deu expressão à vida espiritual do homem. Quando passou a examinar as influências sutis da alma e, seu estranho efeito sobre ele, como sua natureza melhor, sua vida espiritual mudou como conseqüência. Tentou viver em harmonia com os sentimentos da alma e com sua compreensão do que julgava que ela fosse.
É impossível determinar quando surgiu a idéia da alma. Bastaria dizer que a arqueologia contemporânea remontou milhares de anos à origem deste conceito. Encontramos a alma descrita nos hieróglifos do antigo Egito e nos escritos cuneiformes. Encontramos referências a ela nos obeliscos no vale do Nilo, nos blocos de argila ao longo do Eufrates, nos monumentos de pedra no alto das montanhas, nas ruínas de antigos prédios, nas selvas dos trópicos e nos majestosos mastros totêmicos no gélido Norte.
Como, exatamente, o homem passou a compreender pela primeira vez ou se tornou cônscio da alma é, naturalmente, um mistério que talvez nunca seja esclarecido. Contudo, outra teoria, que vem resistindo há várias décadas, nos oferece uma explicação plausível. Esta teoria psicológica a respeito da origem do conceito de alma é que ele surgiu na mente humana quando se notou a disparidade entre o eu sensação e o eu externo. Isto quer dizer que surgiu uma diferença entre o eu interior do ego — o eu do eu interior — e o eu externo ou objetivo, o eu que representa o homem físico ou externo.
Os babilônios eram muito vagos na sua descrição da alma. O que podemos discernir, da decifração dos seus antigos textos, é que concebiam o homem como um ser dualístico, possuidor de um corpo físico e mortal, e também de um eu impalpável. Este eu impalpável não era exatamente um ser etéreo, uma energia ou meramente uma influência; era uma substância real, tal como o corpo físico, exceto que de composição mais fina, mais finamente pulverizado, se nos permitem usar este termo.
Acredita-se que os babilônios e os assírios imaginavam que a alma era como partículas de poeira em turbilhão. Na morte, a alma se separava do corpo e partia para a região dos mortos, para ali morar com outras almas. Parece que a alma, de acordo com o conceito babilônico, estava constantemente desejosa de retornar ao estado vivente, porque os babilônios consideravam que este era o modo normal e correto de existência do homem. E os babilônios temiam, constantemente, que as almas dos mortos se congregassem para conspirar contra os vivos. Evidentemente, se os vivos não tomassem precauções adequadas, seriam dominados pelos mortos; contudo, as almas dos mortos podiam ser parcialmente aplacadas se lhes dessem alimentos e água. Encontramos este costume babilônico descrito não só nos seus textos, como, também, em cenas encontradas nas paredes dos seus templos. Há cenas em que se borrifa água e se colocam vitualhas excelentes sobre as sepulturas dos mortos.
Após um lapso de uns dois mil anos, vamos encontrar larga passada à frente, nos conceitos de alma, de Deus e da vida futura da alma. Durante o Período Feudal e o Período Imperial do Egito, entre 1500 a 1300 a.C., aproximadamente, encontramos os egípcios reconhecendo e crendo definitivamente na imortalidade da alma e, também, que a alma retorna ao corpo. Vemos os egípcios cortando e talhando passagens em sólidos rochedos e transformando-as em câmaras para conter túmulos. Encontramo-los esculpindo e fazendo sarcófagos elaborados, caixas ou caixões de múmias, nos quais o corpo do defunto era cuidadosamente colocado e preservado. A arte do embalsamamento atingiu elevado estado, pois o egípcio desejava conservar o corpo para que a alma pudesse retornar e dele tomar posse. Na câmara funerária ou sepulcral eram depositados os bens materiais do morto, particularmente seus pertences pessoais íntimos, seus artigos de toucador, suas cadeiras e armas favoritas, suas jóias, seus rolos de papiro ou livros escolhidos da sua biblioteca.
A maioria de nós deve estar bem familiarizada com o conceito cristão de alma. Naturalmente, a idéia cristã fundamental foi modificada pelas várias interpretações de diferentes seitas. De modo geral, o cristianismo considera que a alma possui uma contínua existência consciente. Em outras palavras, segundo a opinião cristã geral, a alma tem autoconsciência. O cristão reconhece a dualidade do homem: por um lado, o corpo físico e mortal e, por outro, a alma — a vida espiritual ou o ser do homem. Ele agora declara que ambos são de Deus, coisa que, incidentalmente, os primeiros cristãos não ensinavam. Além disso, o cristianismo salienta que a alma não é absorvida em Deus, mas conserva sua identidade separada, e que não se torna completamente absorvida no espírito universal ou essência de Deus, como as filosofias hindu e budista afirmam.
Além disso, o cristianismo não reconhece a perfeição da alma (o que pode ser um ponto controvertido, mas a controvérsia resulta apenas das diferenças de interpretação). A alma do homem, para o cristão, é imperfeita até que tenha sido purificada, até que passe pelo processo de salvação.
A concepção Rosacruz de alma é verdadeiramente mística. O Rosacruz também começa com o reconhecimento da dualidade da natureza do homem — o corpo físico terreno composto do pó da terra, imbuído de energia espiritual, da mesma forma que todas as coisas animadas e inanimadas. Não se faz distinção alguma entre a natureza física do corpo do homem, no tocante às suas propriedades básicas, e a de qualquer outra substância física. Todas são consideradas terrenas. Logo, esta concepção Rosacruz reconhece a alma como uma essência espiritual e divina, residente dentro do corpo, durante o período da sua existência terrena. O Rosacruz também declara que a alma é informe; isto é, que a alma não tem nenhuma forma definida e concreta capaz de ser descritível ou comparável a qualquer outra coisa de natureza material. Considera a alma como uma espécie de energia, assim como o pensamento não tem forma física, mas pode dar origem, dentro da consciência, à idéia de forma.
O Rosacruz afirma que a alma no homem não é uma entidade separada, individual, distinta da alma de todos os outros seres, mas que é parte da energia da alma universal que flui por igual através de todos os homens. A alma no indivíduo mais degradado é tão pura e tão divina quanto a alma do ser altamente iluminado e espiritual. A diferença aparente que existe é uma questão de expressão. É uma reação pessoal à força da alma, tal como a energia elétrica que corre por um circuito elétrico pode, em algumas lâmpadas naquele circuito, produzir uma luz azul e, em outras, uma luz branca e pura, mas a qualidade da corrente elétrica é a mesma em todos os casos.
Portanto, a alma no homem é perfeita em todos os momentos e, por conseguinte, não pode ser aperfeiçoada. Afirmar que a alma pode ser aperfeiçoada, diz o rosacruz, é admitir a sua imperfeição. O rosacruz declara que, como a alma emana de uma fonte divina e é a única essência divina no homem, como podemos nós afirmar que essa divindade é imperfeita, ao dizer que a alma deveria ser aperfeiçoada?
A alma se manifesta diferentemente em cada um de nós, devido ao desenvolvimento psíquico do indivíduo, isto é, à sua capacidade de reagir, como se disse acima, à força espiritual dentro dele. É o ego ou personalidade do indivíduo que tem de ser aperfeiçoado. À medida que desenvolvemos e aperfeiçoamos nosso ego e nossa personalidade interior, chegamos eventualmente a apreciar, compreender e perceber a força anímica dentro de nós. Corrigimos nosso pensamento, corrigimos nossos modos de vida e permitimos que a alma se expresse sem obstáculos. Assim, encontramos alguns indivíduos mais iluminados do que outros, mais espiritualistas em manifestação do que outros, mas, em essência, todos são espiritualmente iguais, afirmam os rosacruzes.
Concluindo, podemos comparar a consciência do homem a uma pirâmide. A ponta ou ápice da pirâmide representa a função objetiva da consciência, com sua dependência nos cinco limitados sentidos objetivos. O que o ápice dessa pirâmide pode acomodar é restringido pelos limites de sua área. De ambos os lados do ápice, caímos num nada aparente, ou naquilo que está além da percepção das faculdades dos sentidos objetivos. Contudo, à medida que descemos pelos lados da pirâmide, ela se torna mais ampla. Finalmente ao chegarmos a sua base, enraizada na terra, sobre a qual se apóia, verificamos que a terra, em contraste com a área limitada do ápice, contém manifestações infinitas. Per esta analogia queremos dizer que, se introvertermos nossa consciência, voltando-a para dentro, para o eu, estaremos indo do ápice da pirâmide da consciência, das faculdades objetivas e limitadas e do que elas nos revelam, para a essência do nosso ser, que é ilimitada e nos familiariza com o infinito do universo. A base da pirâmide representa a consciência do eu, a ligação com a alma. Ela é nossa harmonização com esta vasta e infinita inteligência que permite que inspirações, na forma de impressões, cheguem até nós para serem interpretadas pela consciência cerebral, na forma de idéias brilhantes e revelador as. Quanto mais nos dedicamos a esta base da pirâmide da consciência, ou melhor, meditamos e analisamos o eu, maior ela se nos torna.
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